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Balthazar e seu irmão, André Fernandes, rumam ao sertão de Paraupava, em Goiás
novembro de 161304/04/2024 15:46:22
Dicionario Bandeirantes e Sertanistas Acervo/fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco Data: 1615 Brasil/Brasil em 1615 Página 150
Data: 01/01/1615
Créditos: Francisco de Assis Carvalho Franco

João Missel estava [1]Rio Paraupava foi o nome dado pelos bandeirantes paulistas no século XVII ao actual rio Araguaia junto com o trecho inferior do rio Tocantins. A partir de 1644, com Bartolomeu Barreiros de Ataíde, passou a designar-se pelo nome de Araguaia. [2]

Ainda segundo MELLO (1988), as primeiras bandeiras a entraremnesta região foram as de Domingos Luís Grou, Antônio de Macedo e DomingosFernandes, ainda no século XVI. Os bandeirantes Nicolau Barreto e AndréFernandes estiveram na região no início do século XVII, este último, em 1613,registrou o topônimo do rio Iuna - Rio Preto43. Outro bandeirante de destaquepara esta região foi José Rodrigues Fróis, que no século XVIII, saindo daBahia, percorreu grandes áreas até chegar a Paracatu, sendo creditado a ele adescoberta do ouro naquela localidade.Estes bandeirantes em seus relatos e inventários identificam as tribos Tupinaês, Temiminós e osAmoipiras como habitantes desta parte do então sertão. ]FORMAÇÃO SOCIAL E MEDIAÇÃO: A LUTA PELA TERRA E A CONSOLIDAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS EM UNAÍ-MG, 06.2000, André Luiz Torres. Página 39]

Pouco se sabe da história dos índios Caiapó ou Bilr·airos nos dois primeiros séculos do povoamento. Em 1607,o sertanista Belchior Dias Carneiro, "língua da terra",· comandava uma expedição no rumo de sertões desconhecidos ;para Carvalho Franco ela se destinava à "região dos bilreiros ou caiapós" que compreendia "o Rio Tietê abaixo, indo para Mato Grosso e para Goiás" [F. A . Carvalho Franco , "Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil", ed. Comissão IV Centenário de São P aulo, São P aulo, 1953, pgs. 101 e 340].Na bibliografia paulista, essa seria a primeira referência por ordem cronológica aos Caiapó em relação com sertanistas de São Paulo ( 2 ). Depois, disso, pouco aparecemna documentação até cêrca de wn século mais tarde, quandopassam a ser continuamente citados, em razão das proezasque praticam contra viajantes de Cuiabá e também porcausa da guerra implacável que os brancos lhes movem.Realmente, a maior soma de informações a respeito dosCaia pó ou Bilreiros começa a apareoer a partir de 1720,marcando esta data o início de um período em que êlessão a todo mom.ento apontados como índios gu·erreiros evolantes. Não obstante, essa disposição de ânimo dosCaiapó era já denunciada na segunda metade do século antecedente, ocasião em que ocupavam a área araguaiana doPlanalto Cent.ral.A respeito de uma bandeira paulista que desde 1671 sehavia arranchado junto das cabeceiras do Tocantins, informava em 1676 o padre Antônio Raposo que no ano anterior,"passando pelo sítio onde se tinha alojado o cabo da tropade Sã[Página 103]

Sabemos que num dos portos do Tietê (Putribu-Pirapitingui) os homens das entradas também se reuniam para iniciar a caminhada, no rumo do sertão, a pé ou a cavalo; como sabemos que Martim Rodrigues estivera antes - com um bando chefiado por Domingos Rodrigues - na região do Paraúpeva: no seu inventário, . aberto por não regressar desta entrada de 1608, constava "uma negra por nome Guayá digo da nação Guoayá", escrava "da entrada de Domingos Rodrigues de Paraúpeva, além de um bom número de escravos Tememinó.Não há certeza, porém, quanto à identidade de seus matadores; apenas - acrescentamos - a de que não foram os Bilreiros. Como referiremos adiante, entende Roque Leme da Câmara que os expedicionários chegaram até o Rio Pará, contrapondo-se-lhe Carvalho Franco dizendo que "ao certo seria na célebre região do Paraúpava". [Dados para a História dos Índios Caiapó, 1969. Mário Neme. Página 116]

Nova referência aos Bilreiros vamos encontrar em 1650, e referência que vem confirmar não apenas a existência de um caminho por terra para a antiga estância dêsses nativos, mas ainda a efetividade do seu deslocamento em massa para regiões mais distantes. No ano refeiro procede-se ao inventário dos bens deixados por um morador do bairro de Pirapitingui, no termo da vila de Parnaíba, bairro mais chegado à então povoação de Itu do que ao perímetro urbano da vila. Sitiante e sertanista como muitos outros, Bernardo Bicudo teria feito várias perquirições por rumos não identificados, até que em março de 1649, estando para partir numa bandeira de Francisco de Paiva, redige o seu testamento, por precaução em vista dos perigos que iam enfrentar. Veio de fato a falecer no sertão, talvez nesse mesmo ano, tendo-se começado a execução do seu inventário em agosto de 1650. Refere-se nessa peça que Bernardo Bicudo possuía, entre outros bens móveis e de raiz, "meia légua de terras de matos maninhos em Capibari na estrada velha do sertão para o sertão dos Bilreiros".

Esta informação em papel de 1650 nos ajuda, antes de mais nada, a compreender as expressões das atas de 1608 e 1613, onde a propósito de nativos pacíficos estabelecidos a certa distância das povoações da zona do alto Tietê, rio também chamado Anhembí, se fala em aldeias nativas existentes "pelo caminho" e "ao longo deste Rio Anhembí".

Por outro lado, o qualificativo "velha", designando em 1650 uma estrada para determinada parte, denota uma sucessão de tempo: indica a passagem de um período de não-utilização do caminho seguindo-se a um outro de uso frequente. Com relação ao caso presente, estes dois períodos encaixam-se no quadro de tempo estabelecido pelos dados que temos apurado sobre o assunto, de acordo com os quais a fase de uso generalizado do caminho giraria em torno de 1610; a do abandono, em redor de 1620; isto tudo nos levando a supor que tenham sido adquiridas terras "em Capibari" por volta de 1630-1640, quando já seria bem conhecido o fato de estar em desuso a "estrada para o sertão dos bilreiros".

Esta suposição nos parece de todo em todo plausível, em vista do que se conhece sobre o movimento de penetração dos paulistas a época em questão.Note-se, mais, que a expressão "estrada para os bilreiros" significava, não uma verdadeira estrada (impossível nas condições de tempo e lugar), mas um caminho de uso mais ou menos continuado e com um ponto certo destino; não uma trilha de penetração eventualmente utilizada por entradistas, mas uma rota bem conhecida e bem batida, a ponto de merecer o qualificativo de estrada. E como estrada, que nos começos do século 17 levava a uma aldeia de nativos, aldeia à qual os povoadores iam constantemente, não deveria ter um percurso muito longo. [Anais do Museu Paulista - Tomo XXIII - Dados para a história dos índios. Mario Neme. Páginas 122 e 123]

Conciliando o que sabemos acerca de uma entrada como a de Belchior Carneiro ao sertão hoje de Minas e Goiás passando antes pelos Bilreiros, com a noção ou ideia de "estrada" do redator do inventário de 1650, podemos abarcar visualmente a configuração geográfica da situação:

A partir daí, do perímetro da aldeia, haveria uma ou mais trilhas pelas quais o viajante poderia prosseguir a caminhada, seguindo avante, na mesma direção ou com desvio de rumo; trilhas que não eram, todavia, continuação da estrada, apensar picadas, ou veredas, sem as características de ordem física e de uso geral que haviam conferido o título de estrada ao caminho que ia do povoado à aldeia dos Bilreiros.

Vemos, assim, que também com relação à "estrada velha" de 1650, diretamente ligada à estância dos Caiapó, a conclusão é pela presença dessa gente em pleno território hoje paulista, seguida de deslocação para áreas mais distantes.

De todos os dados expostos, em conjunto com outros de que tratamos no estudo atrás citado, podemos concluir que a estâncias dos Caiapó nos começos do século 17 ficava em algum ponto do trajeto que vai da barranca do Tietê, na altura de Putribu-Pirapitingui, à área situada junto das cabeceiras do São Francisco, área que abrange hoje terras goianas e mineiras, na qual estacionavam então os Temiminó, nativos que foram apresados por Belchior Carneiro depois de sua passagem pelos Bilreiros, e apresados também por volta de 1603 pelos homens de uma bandeira de Nicolau Barreto, da qual logo diremos alguma coisa.

Num ponto indeterminado do referido trajeto, em terras ainda hoje paulistas, morria o caminho que demandava a estância dos Caiapó, pois, tratava-se de uma estrada "para o sertão dos bilreiros", uma estrada que levava à paragem habitada pelos Bilreiros. Mas dessa estância - como já dissemos - ou de várias partes do sertão em que ela se situava, sairiam ramais para diferentes rumos, entre eles o que levava às nascentes do São Francisco.

Ramal este que em certa altura se desdobraria em diversos outros, para baixo e para cima, alcançando terra do sul da serra da Canastra e ao norte do Paranaíba, as cabeceiras do Araguaia e do Tocantins, terras então habitadas, no seu conjunto por Tememinó, Amoipira, Goiá e nativos de outras nações. Recorde-se que Belchior Carneiro, depois de tratar com os Bilreiros, prosseguiu em busca dos Temiminó, o mesmo devendo ter antes acontecido com Nicolau Barreto, que arrebanhou Tememinó e Amoipira em grande quantidade.

Nova estância dos Caiapó
Temos, pois, que os Bilreiros ou Caiapó - mais tarde encontrados, em paragens dalém Paraná e rio Grande - teriam sido para aí deslocados da sua antiga estância após um período de contatos amigáveis com os colonizados, em princípios do século 17. É de notar, primeiro, que em 1650 se dizia que a estrada para o sertão dos bilreiros era uma "estrada velha"; e, segundo, que dessa estrada não se voltaria a falar, depois de 16509, relacionada com os Bilreiros.

O qualificativo "velho" com relação a um caminho que pode significar que este está sendo usado desde muito tempo antes, como pode significar que tal caminho já não mais se usa para determinado destino. No caso de que tratamos, a aposição do têrmo "velha" à estrada para o sertão dos Bilreiros quereria dizer que ela já não mais levava ao sertão dos Bilreiros, e isso apenas porque estes Bilreiros se haviam retirado do ponto para onde a estrada conduzia, tendo-o feito com anterioridade suficiente para justificar a classificação do velho ao caminho em questão - o que significaria que bem antes de 1650 tais nativos se haviam deslocado para outra ou outras paragens, deixando por seguinte de levar a eles a estrada que para isso serviria anteriormente. Este raciocínio conjugado com fatos já sabidos derivados de expressões das atas citadas da Câmara de São Paulo, nos confirma na conclusão de que a deslocação das Caiapó se processara logo após o contato que tiveram com a tropa de Garcia Rodrigues Velho, em 1613, embora não se tornassem desde logo tão cruéis e belicosos como os depoimentos dariam depois a entender.

Sabe-se, no entanto, que alguns autores colocam os Bilreiros, já antes desse período, junto do Paraúpava, rio que seria um dos afluentes formadores do Tocantins, senão o próprio Tocantins, no planalto central; e isso com relação a algumas entradas, entre 1607 e 1616, feitas pelos mencionados Belchior Carneiro, Martim Rodrigues, Garcia Rodrigues Velho e ainda, ao que dizem, por Antonio Pedroso de Alvarenga.

Desse autores discorda, porém, Carvalho Franco, pelo que indiretamente se deduz das suas asserções. O autor do "Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil" limita-se a situar Garcia Rodrigues Velho, em 1612-13, no "sertão dos caiapós", sem avançar que ele teria alcançado o sul de Goiás; o mesmo fazendo no caso das duas entradas anteriormente, uma - a já por nós discutida - de Belchior Carneiro, em 1607, da qual apenas diz que embarcou "no porto de Pirapitingui, no Tietê, para a região dos bilreiros"; outra, em 1608, de Martim Rodrigues Tenório de Aguilar, que - afirma - desceu o Tietê com o fim de atingir o sertão dos Bilreiros, mas que veio a falecer nesse sertão com quase todos os seus companheiros.

Depois de Garcia Rodrigues Velho (em 1613), diz-se que uma bandeira de Antônio Pedroso de Alvarenga é localizada em 1616 na região de Paraúpava, em cuja relação de prêsas, entretanto, só se encontram referências a "carijós" e "gualachos" - indios situados abaixo do Paranapanema - nada sobre Bilreiros ou Caiapó. [Dados para a História dos Índios Caiapó, 1969. Mario Abdo Neme (1912-1973). Páginas 123, 124, 125 e 126]

fontes: *“Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil - séculos XVI - XVII - XVIII” de Francisco de Assis Carvalho Franco (1954) / *Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP. Secretaria da Educação. Vol. 9. Apontamentos para história da Fábrica de Ferro do Ipanema (1959) Prof. João Lourenço Rodrigues (1959) / FORMAÇÃO SOCIAL E MEDIAÇÃO: A LUTA PELA TERRA E A CONSOLIDAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS RURAIS EM UNAÍ-MG, 06.2000, André Luiz Torres* (2000) / *“Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”. Sérgio Coelho de Oliveira, jornalista e historiador (2014) / Biografia de André Fernandes, consultado em Wikipedia (2023)
Balthazar e seu irmão, André Fernandes, rumam ao sertão de Paraupava, em Goiás*
Dicionario Bandeirantes e Sertanistas
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