Sorocaba, SP, 08 (AE) - O promotor de Justiça Orlando Bastos Filho está acusando nove vereadores, três ex-vereadores e sete funcionários da Câmara de Sorocaba, no interior de São Paulo, de desvio de dinheiro público. Segundo a denúncia, apresentada ao juiz José Eduardo Marcondes Machado, da 5ª Vara Cível, eles retiravam dinheiro da Câmara, sem qualquer nota e devolviam quando podiam, sem pagar juros ou correção. O promotor apurou que as retiradas foram feitas nos anos de 1995 e 1996, totalizando R$ 100 mil. O fato chegou ao conhecimento dele por denúncias de um ex-funcionário do Legislativo. Os envolvidos alegam que a operação era "praxe" na Câmara e não causou prejuízo. O promotor entende que havia irregularidades. "Tais empréstimos, além de imorais, revestiam-se de ilegalidade, já que as operações não eram precedidas da emissão de nota de empenho", alegou. Segundo ele, o fato era tão clandestino que os canhotos dos cheques eram retirados dos talões com uma gilete e o dinheiro era devolvido dentro do ano fiscal para que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) não percebesse a irregularidade. Foram citados como envolvidos, além de Cañas, os vereadores João Donizeti Silvestre (PSDB), Oswaldo Duarte Filho (PMDB), José Francisco Martinez (PSDB), Antônio Carlos Silvano (PMDB), Gabriel César Bitencourt (PT), João Francisco de Andrade (PL), Laércio Piantore (PL) e Maria Aparecida Almeida (PFL). Bitencourt alegou que foi envolvido de má-fé na operação pelo ex-secretário da Câmara André Valarelli, também acusado pelo promotor. Silvestre disse que ele e os outros vereadores pagaram os juros depois que a própria Câmara abriu sindicância. O juiz deve decidir esta semana se abrirá processo contra os envolvidos por dano ao erário ou crime funcional.