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Estado de calamidade pública e luto oficial na enchente de 82
6 de fevereiro de 198204/04/2024 18:21:49

06/02/2016 - 12:58Estado de calamidade pública e luto oficial na enchente de 82 Foto: Divulgação Estado de calamidade pública e luto oficial na enchente de 82

Foram 288 famílias atingidas, com muita destruição em meio a lama nas casas da Barra Funda, mais seis mortes sendo uma vítima no Curtume e outras cinco na Barra Funda. E ainda, o deslocamento de trilhos na estrada férrea, o comprometimento total da antiga igreja São João Batista e um cenário de devastação na fábrica de tecidos Votorantim.

O dia 6 de fevereiro de 1982 ficou marcado como a pior enchente registrada em Votorantim. Poderia ser comparada com a de 1929, porém nessa não houve vítimas fatais e foi programada, com as comportas sendo abertas na represa de Itupararanga.

Roberto Ruiz, morador do bairro da Chave, teve a vida marcada pela tragédia de 82. Houve a morte da mãe Ondina Rocha e do irmão solteiro Ronaldo Ruiz, já seu pai Domingos, o popular Mingo, foi medicado e como desabrigado o encaminharam à escola Daniel Verano. A família Ruiz morava na rua João Tobias, nº 20, na parte baixa da Barra Funda.

“Estava casado havia quatro anos, morava com a esposa e um filho na rua Heitor Avino. A cada dois dias, após trabalhar no primeiro turno na fábrica de tecidos Votorantim me deslocava até a Barra Funda para visitar meus pais. Agora não os tenho e sofro muito pelo que ocorreu. A enchente foi num sábado, fico imaginando que seria pior se acontecesse um dia antes, com tantas crianças estudando na Escola Comendador ou se ocorresse durante o horário da missa” comenta Roberto.Foi uma tromba d’água muito forte e rápida. Dos altos da Serra de São Francisco as vertentes se avolumaram e o aumento da vazão deu velocidade às águas que destruíram sete açudes e que contavam com represamentos por meio de cercados e barrancos. As águas se concentraram no córrego do Cubatão e chegou com muita força na Barra Funda.“Meu pai contou, junto a outros sobreviventes, que foi tudo muito rápido. Em cinco minutos começou a alagar a parte baixa do bairro e pouco depois estava com quase dois metros de altura. Quando começou a encobrir os pés dos moradores, eles foram saindo de suas moradias. Na casa dos meus pais a porta que era de madeira estufou e não abria, então tiveram que pular a janela. Quando saíram as águas já estavam com um metro de altura” comenta Roberto.No momento desesperador só dava tempo de tentar salvar a vida. Na casa da família Ruiz, como nas demais moradias, havia a criação de animais. Mingo, o pai de Roberto, tinha 60 passarinhos, sendo metade em gaiola e outra parte em viveiro. Todos morreram.“Meu pai no meio do sufoco se agarrou num poste de cimento e conforme as águas iam subindo, ele escalava, até que chegou numa altura e todo machucado, quase sem forças para se manter, conseguiu se jogar num telhado e ficou desacordado até a chegada do socorro” retrata o filho Roberto.Enquanto acontecia a enchente na Barra Funda, Roberto Ruiz estava no Bairro da Chave onde foi alagado, porém sem a mesma gravidade. Ele tentava salvar os bens materiais que podia e nem imaginava o risco exposto pelos demais familiares no outro bairro.“Nessa enchente também faleceram a dona Cida, dona Ermínia e dona Isabel da escola Comendador. Minha mãe Ondina e meu irmão Ronaldo estavam próximos um do outro. Meu irmão conseguiu subir num telhado, já minha mãe estava perto do popular Minero. Ali estava estacionada uma perua Kombi, com a força das águas o veículo flutuou e veio desgovernado em direção a eles. Resultado é que a correnteza levou minha mãe e meu irmão vendo a cena se desesperou e pulou do telhado para salvá-la, também foi levado pela enxurrada” lamenta Roberto.Passado o temporal e as águas baixando, a noiva de Ronaldo foi a casa do irmão Roberto e chorando disse que não localizavam seus familiares. Roberto encontrou seu pai no abrigo montado na escola Daniel Verano e posteriormente os corpos do irmão Ronaldo e da mãe Ondina.“Chamou-me a atenção logo após a enchente, que na casa de meus pais a geladeira da cozinha e a tv da sala foram parar no quarto, tudo muito revirado e o barro com quase um metro de altura. Mas algo ficou intacto, minha mãe mantinha posicionada na parte alta de uma cômoda a imagem de Nossa Senhora Aparecida e outras pequenas esculturas. Provavelmente a cômoda flutuou com as águas, mas não virou. Os símbolos de religiosidade ficaram intactos e não caíram.” finaliza Roberto. (Cesar Silva é jornalista formado pela Uniso, gestor público pós-graduado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), membro da Academia Votorantinense de Letras, Artes e História e autor de dois livros sobre a História de Votorantim) Coluna publicada na página 13 da edição 154 da Gazeta de Votorantim de 6 a 12 de fevereiro de 2016
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*Rinoceronte foi apresentado empalhado, em 1517, porque o navio que o transportava afundou-se nas imediações da costa italiana, na Ligúria
*Rinoceronte foi apresentado empalhado, em 1517, porque o navio que o transportava afundou-se nas imediações da costa italiana, na Ligúria
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611)
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