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Quem é o policial que comandou ação com helicóptero na Venezuela. Fonte: g1.globo.com
28 de agosto de 2017, segunda-feira. Há 7 anos
Oscar Pérez, policial e ator amador de 36 anos, protagonizou na Venezuela uma história de cinema: difundiu vídeos nos quais convoca a rebelião contra o presidente Nicolás Maduro e sobrevoou Caracas em um helicóptero que, segundo o governo, lançou granadas contra a Suprema Corte.

Escoltado por quatro personagens mascarados e armados, Pérez, o único com o rosto descoberto, pede a "todos os venezuelanos que se unam às Forças Armadas e recuperem nossa amada Venezuela".

Em cinco vídeos divulgados no Instagram, Pérez exige de Maduro sua renúncia imediata. Ao mesmo tempo, fotos e vídeos do helicóptero em pleno voo invadiram as redes sociais.

"Queridos irmãos, falamos com vocês em representação do Estado, somos uma coalizão de funcionários militares, policiais e civis, em busca de equilíbrio e contra este governo transitório e criminal. Não pertencemos, nem temos tendências políticas e de partido. Somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas", declarou Pérez no vídeo publicado no Instagram, salientando como ele e seus companheiros são "guerreiros de Deus ao serviço do povo".

O helicóptero, da polícia forense, carregava uma faixa que dizia "350 Liberdade", uma referência ao artigo constitucional invocado pela oposição para uma desobediência civil ao governo de Maduro.

Pouco depois, Maduro denunciou um "ataque terrorista" que, segundo ele, estaria ligado à CIA, à Embaixada dos Estados Unidos e a um plano de golpe de Estado. O paradeiro de Pérez é desconhecido.

Um comunicado da presidência indica que Pérez e seus colegas lançaram quatro granadas contra o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e fizeram 15 disparos contra a sede do ministério do Interior, sem causar feridos.

"Um indivíduo atacou com armas a República", expressou o ministro da Informação, Ernesto Villegas.

Esta não foi a primeira vez que os venezuelanos viram o rosto de Oscar Pérez.

"Morte Suspensa"

Segundo o jornal venezuelano “El Nacional”, o agente protagonizou em 2015 o filme "Muerte suspendida" ("Morte Suspensa", em tradução livre), baseado no famoso sequestro de um comerciante português em Caracas em 2012. Além de atuar, o policial coproduziu o longa.

Segundo entrevista concedida na época à imprensa local, escutar um menino dizer que queria ser "bandido para ter dinheiro, mulheres e o respeito do bairro" o levou a fazer o filme.

Pérez chefiava as operações aéreas da Brigada de Ações Especiais do Corpo de Investigações Forenses, Penais e Criminais (CICPC) e tem 16 anos de carreira na instituição.

"Sou piloto de helicóptero, mergulhador e paraquedista livre. Também sou pai, companheiro e ator (...) Sou um homem que sai de casa sem saber se voltarei para casa porque a morte é parte da evolução", declarou ao jornal "Panorama" antes da estreia do filme.

Também foi instrutor canino, treinando cachorros para detectar drogas e explosivos.

Tropa de elite

O CICPC, o equivalente venezuelano da polícia federal brasileira, foi criado em 2001 durante o governo de Hugo Chávez e é a principal agência de investigação criminal da Venezuela.

Conforme descrito em seu site, o CICPC é responsável por "medidas destinadas a descoberta e coleta de evidências de crimes, identificação dos autores, participantes e vítimas" para coadjuvar a posterior aplicação da justiça pelos órgãos competentes.

O comandante da unidade, Miguel Ángel Plaza Rodríguez, a descreve à BBC como uma "tropa de elite" que fornece apoio tático aos outros órgãos de segurança pública venezuelanos.

Um espetáculo

Os opositores de Maduro questionam a versão oficial. "Algumas pessoas dizem que é uma montagem, outras, que foi real", disse Julio Borges, presidente do Parlamento, controlado pela oposição, ao jornal "El Universal".

E seu passado como ator tem despertado suspeitas.

"Queremos que, uma vez terminada a exibição, tenham um momento de reflexão. Que se deem conta que há um futuro, que podem ser cidadãos produtivos e bons, que a mensagem que a televisão transmite de que os bandidos triunfam não é verdade", disse Perez, dirigindo-se aos jovens, para promover seu filme. Hoje, para alguns, Perez é um homem "em pé-de-guerra". Para outros, é a estrela de um novo "espetáculo".

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