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EXTRATO DE UM DICIONÁRIO JESUÍTICO DE 1756 EM LÍNGUA GERAL, consulta em bndigital.bn.gov.br
27 de março de 2024, quarta-feira.
O DICIONÁRIO DE TRIER EM COMPARAÇÃO COM DOIS OUTROS DICIONÁRIOS DE LÍNGUA GERAL AMAZÔNICAWolf Dietrich (Universität Münster) A análise do Dicionário de Trier levou o grupo de pesquisadores que preparou esta publicação a estudar também o ambiente lexicográfico em que se integra essa obra. Intentou-se identificar os dicionários historicamente mais ou menos paralelos para compará-los com os anteriores que podiam ter servido como modelos ou fontes destes. Tomam-se em consideração aqui o Vocabulário na Língua Brasílica (VLB), o Vocabulario da lingua. Brazil de Eckart e a Prosodia de lingua.A Língua Geral Amazônica era a língua falada pelos colonizadores portugueses e suas famílias dos séculos XVII e XVIII, língua que teve suas origens no tupinambá da costa brasileira. Segundo Rodrigues (1996 e 2010), o fato de os primeiros colonos portugueses chegarem ao Brasil sem mulheres e casarem-se com mulheres indígenas teve como consequência “a rápida formação de populações mestiças cuja língua materna foi a língua das mães e não a língua europeia dos pais.” (Rodrigues 1996: 6). Esta situação deu-se nas partes da costa brasileira que se encontravam afastadas dos centros da colonização portuguesa, Salvador e Rio de Janeiro. É assim que no planalto de Piratininga se formou a chamada Língua Geral Paulista (LGP), mal documentada, e, nos atuais estados brasileiros do Maranhão e do Pará, a Língua Geral Amazônica (LGA). Essa língua foi adotada, como língua veicular, também pelos índios da região amazônica nos seus contatos com os colonizadores e com outras populações indígenas. Por isso, igualmente se empregava na catequese dos missionários jesuítas da região, fato que motivou a compilação de numerosos dicionários de LGA.


5.2. As três obras, a Prosodia, o Vocabulário da Língua. Brazil e o dicionário de Trier formam um grupo de dicionários de LGA que documenta o estado da língua na última década da presença dos jesuítas na Amazônia. O que sabíamos até agora sobre esta época resultava da documentação inicial, do VLB, do muito lacônico Caderno da Língua, de João de Arronches, de 1739, e do Vocabulario da Lingua Brasilica de certo Frei Onofre, de 1751 (publicado em 1795). Com os três dicionários aqui examinados aumenta, de maneira considerável, o conhecimento sobre a LGA dos anos entre 1750 e 1757. Todos os demais dicionários de cuja existência temos conhecimento datam da época posterior à presença dos jesuítas na Amazônia; alguns deles ainda não foram analisados por linguistas.Referências bibliográficasARRONCHES, Frei João de. O Caderno da Língua. Vocabulário Portuguez-Tupi, Notas e commentarios à margem de um manuscrito do século XVIII”, publicado por Plínio Ayrosa, Revista do Museu Paulista 21: 3-267; ms. da Biblioteca do Museu Paulista, 1739/1935.BARROS, Cândida. 2006. Alguns dicionários tupi setecentistas da Amazônia. In: Cândida Barros e Antônio Lessa (orgs.), Diccionario da língua geral do Brasil, Belém: Editora da UFPA, CD-ROM, 10 pp.BETENDORF [BETTENDORFF], P. João Filippe. Compendio da doutrina christãa na lingua portugueza e brasilica, reimpresso ... por Fr. José Mariano da Conceição Vellozo, Lisboa: Simão Thaddeo Ferreira, (1681/1800).DIETRICH, Wolf. “O conceito de “Língua Geral” à luz dos dicionários de língua geral existentes”, D.E.L.T.A, 30 especial (Homenajem a Aryon Rodrigues), p. 591-622, 2014.LEITE, Fabiana Raquel. A Língua Geral Paulista e o “Vocabulário elementar da Língua Geral Brasílica”. Campinas. UNICAMP. Diss. de mestrado, 2013.MONSERRAT, Ruth Maria Fonini. “Observações sobre a fonologia da língua geral amazônica nos três últimos séculos”. In: Cândida Barros e Antônio Lessa (orgs.), Diccionario da língua geral do Brasil, Belém: Editora da UFPA, CD-ROM, 11 pp, 2006.[FREI ONOFRE] Diccionario Portuguez-Brasiliano e Brasiliano-Portuguez. Ed. preparada por Plínio Ayrosa, Revista do Museu Paulista 18: 17-322, 1795/1934.PAPAVERO, Nelson & BARROS, Cândida. O “Vocabulario da lingua Brazil” (Códice 3143 da Biblioteca Nacional de Portugal) e os Zusätze do Pe. Anselm Eckart, S.J. (1785): Obras do mesmo autor. In: Papavero/Porro (orgs.), Apêndice V, p. 335-351, 2013.PAPAVERO, Nelson & PORRO, Antônio (orgs.). Anselm Eckart, S. J., e o Estado do Grão-Pará e Maranhão Setecentista (1785). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2013.RODRIGUES, Aryon. “As línguas gerais sul-americanas”, Papia 4,2: 6-18; 1996.RODRIGUES, Aryon. “Tupí, tupinambá, línguas gerais e português do Brasil”, in: Volker Noll & Wolf Dietrich (orgs.), O português e o tupi no Brasil, São Paulo: Contexto, 27-47, 2010.

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