Gil Eanes (em português arcaico Gil Eannes) foi um navegador português do século XV, ficou conhecido por ter dobrado o Cabo Bojador em 1434, um importante marco dos Descobrimentos Portugueses.[1][2]BiografiaNasceu em Lagos,[3] sendo parte de uma família nobre daquele concelho.[4] Foi escudeiro de D. Henrique,[4] tendo sido navegador da casa do Infante.[2] Em 1433 D. Henrique ofereceu-lhe a capitania de uma barca, de forma a dobrar o Cabo Bojador, que era o ponto mais a Sul que os portugueses conheciam da costa ocidental africana, devido às dificuldades em ultrapassá-lo.[2] Com efeito, a navegação na zona do Cabo Bojador era perigosa e difícil, uma vez que estava rodeado de recifes, além de ter uma grande tendência para a formação de nevoeiro.[2] O cronista Gomes Eanes de Azurara descreveu o cabo na sua obra Crónica dos Feitos da Guiné: «o mar é tão baixo que a uma légua de terra não há de fundo mais do que uma braça. As correntes são tamanhas que navio que lá passe jamais poderá tornar.».[3]Por este motivo, ganhou uma reputação lendária entre os navegantes, tanto cristãos como islâmicos, que acreditavam que seria habitado por monstros marinhos.[2] Segundo o historiador Damião Peres, baseado numa carta régia do Século XV, foram feitas quinze tentativas para dobrar o Cabo Bojador, todas sem sucesso.[2] Na sua primeira viagem, Gil Eannes, passou pelo Arquipélago das Canárias, onde fez alguns prisioneiros, tendo depois rumado para o cabo, que falhou em ultrapassar, regressando depois a Portugal.[2] Também em 1433, Gil Eanes recebeu uma carta de mercê para o ofício de escrivão dos navios que utilizassem o Porto de Lisboa.[3]Por exortação do Infante, fez uma nova viagem até ao Cabo Bojador em 1434, tendo desta vez sido bem sucedido, como relatou o cronista Gomes Eanes de Zurara: «Daquela viagem, menosprezando todo o perigo, dobrou o cabo a além, onde achou as cousas muito pelo contrário do que ele e os outros até ali
.[2] Conseguiu navegar durante algumas milhas até a Sul do cabo, onde colheu algumas flores silvestres, conhecidas como Rosas de Santa Maria para provar que tinha chegado até ali.[2] Este feito foi considerado um dos mais importantes marcos dos Descobrimentos Portugueses, uma vez que permitiu a continuação da exploração da costa africana.[5]Na realidade, o Infante sabia, desde a tomada de Ceuta em 1415, quando falou com os mercadores árabes que traficavam ouro e escravos com a África Equatorial havia séculos, que nada das lendas era verdade. O problema eram os ventos, que durante todo o ano empurravam os navios a vela para o sul, tornando quase impossível regressar, como se vê nesta carta dos ventos: 1435 fez uma nova viagem para Sul, em conjunto com Afonso Gonçalves Baldaia, tendo atingido uma área conhecida como Angra dos Ruivos ou dos Cavalos, que ficava a cerca de 50 léguas a Sul do Cabo Bojador.[3] Em 1444 acompanhou Lançarote de Lagos na expedição às ilhas de Tíder e Naar, e em 1445 esteve no Arquipélago das Canárias e chegou ao Cabo Verde, na costa africana.[1