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Filipa de Lencastre. Consulta em Wikipedia
27 de julho de 2024, sábado.
março de 1360[b] — Odivelas, 19 de julho de 1415) foi uma princesa inglesa da Casa de Lencastre, filha de João de Gante, 1.º Duque de Lencastre, com sua mulher Branca de Lencastre. Quando tinha dezoito anos, foi-lhe atribuída a distinção inglesa da Ordem da Jarreteira,[1] o que, anos mais tarde, contribuiria para sua imagem de rainha santa.[2] Tornou-se rainha consorte de Portugal através do casamento com o rei D. João I, celebrado em 1387 na cidade do Porto, e acordado no âmbito da Aliança Luso-Inglesa contra o eixo França-Castela.[3]As rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens adquiridos na sua grande maioria por doação. D. Filipa de Lencastre recebeu de D. João I as rendas da alfândega de Lisboa e das vilas de Alenquer, Sintra, Óbidos, Alvaiázere, Torres Novas e Torres Vedras.[4] A Crónica de el-rei D. João I, de Fernão Lopes, retrata a rainha como generosa e amada pelo povo. Os seus filhos que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a ínclita geração, de príncipes cultos e respeitados em toda a Europa.[5] Filipa morreu de peste bubónica nos arredores de Lisboa, poucos dias antes da partida da expedição a Ceuta. Atualmente, a tese mais aceite ressalta que ela faleceu no convento de Odivelas, conforme é possível constatar nos trabalhos de Francisco Benevides,[6] Manuela Santos Silva[7] e Ana Rodrigues Oliveira.[8] Está sepultada na Capela do Fundador do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, ao lado do seu esposo.A Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, foi batizada em sua honra.

Casamento

O pai de Filipa via em Portugal, conduzido por D. João I a partir de 1385, um importante aliado para os seus interesses castelhanos. O duque acreditava que, ao se casar com Constança em 1372, herdeira do rei Pedro I de Castela, eventualmente tomaria posse do trono. Contudo, o lugar estava ocupado até 1379 por Henrique II, meio-irmão de Pedro I, e, posteriormente, por seu filho, João I de Castela. A aliança também era favorável ao rei D. João I, pois garantia apoio à independência portuguesa face a Castela.[15] Essa conjuntura de união luso-inglesa frente ao inimigo comum, portanto, ocorria desde o reinado de Fernando I de Portugal, anterior ao de D. João I, mas ganhou maior estabilidade após o estabelecimento do Tratado de Windsor, em 1386, que vigora até os dias atuais. O casamento entre Filipa e D. João I em fevereiro de 1387 selou a aliança.[16]

Escoltada por nobres ingleses e portugueses, Filipa foi conduzida ao Porto, onde, de acordo com a Crónica de El-Rei D. João I, foi recebida com grandes festejos. Alguns dias depois, D. João chegou à cidade e os dois puderam conversar e trocar presentes. Após o casamento, a festa continuou por mais quinze dias.[17]

Descendência

D. Filipa correspondeu ao papel esperado da rainha medieval em assegurar a continuidade da linhagem e do património. Tal como seu pai, ela incitou a apreciação pela cultura nos seus filhos, os futuros monarcas. Consequentemente, eles foram figuras que funcionaram como modelos a serem seguidos pela sociedade.[23] Os romances de cavalaria medieval agradavam à rainha. A ênfase em aventuras, virtudes cavaleirescas e valores da espiritualidade cristã contribuíram para moldar a educação dos príncipes pelos ideais expressos nos códigos de cavalaria: justiça e rectidão.[24]Os nomes dos filhos homenageavam tanto membros da família de D. João I quanto de D. Filipa, o que mostra o respeito dos reis pelos seus antepassados.[25]Do seu casamento, nasceram:[26]Branca de Portugal (13 de julho de 1388 – 6 de março de 1389), que morreu antes de completar um ano de idade. O seu nome honrava a mãe de D. Filipa, Branca de Lencastre.[26] Jaz na Sé de Lisboa.Afonso de Portugal (13901400), que morreu jovem. Recebeu o mesmo nome que D. Afonso I, o rei fundador de Portugal.[26]

Duarte I de Portugal (13911438), sucessor do pai no trono português, poeta e escritor. O seu nome homenageava simultaneamente seu bisavô materno, Eduardo III, e o tio-avô Eduardo, o Príncipe Negro.[26]

Pedro, 1.º Duque de Coimbra (13921449), que recebeu o nome de seu avô paterno, o rei Pedro I de Portugal. Foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo, tendo sido regente durante a menoridade do seu sobrinho, o futuro rei D. Afonso V. Tornou-se cavaleiro da Ordem da Jarreteira, a mesma a que seus pais pertenciam. Morreu na batalha de Alfarrobeira.[26]Henrique, Duque de Viseu, O Navegador (13941460), que recebeu esse nome em homenagem ao bisavô, Henrique de Grosmont, ou ao tio materno, o rei Henrique IV da Inglaterra. Investiu a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia.[26]Isabel (13971471), que se casou com Filipe III, Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras. O seu nome homenagearia suas duas linhagens: a paterna, com a rainha Santa Isabel de Portugal e a materna, através da tia Isabel ou da bisavó, Isabel de Beaumont.[26]

João, Infante de Portugal (14001442), condestável de Portugal e avô de Isabel de Castela. O seu nome foi escolhido em honra de seu pai e de seu avô, João de Gante.[26]

Fernando, o Infante Santo (14021443), que morreu no cativeiro, em Fez. O seu nome foi uma homenagem ao tio paterno, o rei Fernando I de Portugal.[26]

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