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“Olha, um tropeiro de verdade!”. Por Andrea Alves em jornalcruzeiro.com.br
22 de maio de 2012, terça-feira. Há 12 anos
Aos dois anos de idade, Álvaro Augusto Antunes de Assis teimava em montar sozinho no lombo das mulas que o pai, Edu de Assis, criava e comercializava. Um apaixonado tanto por esses animais quanto pela história tropeira, Álvaro, como o pai um criador de mulas, ainda vivencia a vida de tropeiro que aprendeu desde menino e se empenha em manter viva essa identidade em Sorocaba.

Há quatro anos, durante o mês de maio (quando acontece a programação alusiva ao tropeirismo), ele e Sônia Nanci Paes, historiadora e diretora de área da Secretaria de Cultura, promovem atividades que abordam e valorizam a cultura tropeira. Entre bate-papo com comunidades, palestras e exposições, eles abrem as portas do Casarão de Brigadeiro Tobias para receber visitas. Até a próxima sexta-feira, dia 25, entre 8h e 17h, eles estarão de plantão para conversar sobre a história do tropeirismo na cidade e sobre a antiga e a atual prática de comercializar mulas, que tiveram e têm grande importância para a economia do País.

Foto de Emídio Marques
22/05/2012
Créditos/Fonte:
jornalcruzeiro.com.br

Entre um cafezinho e outro, eles falam com detalhes sobre os objetos expostos e sobre o jumento, a égua, os burros e as mulas que estão pastando ao redor do prédio histórico enquanto ele está aberto à população. Na sexta-feira, a partir das 19h30, terá roda de música com Mariano da Viola e violeiros da comunidade. Tudo é de graça. É só chegar e entrar. O Casarão de Brigadeiro Tobias fica na rua José Sarti, s/nº (atenção às placas indicativas no bairro). "É um lugar para as pessoas virem e ficarem à vontade para apreciar os objetos em exposição, para trocar ideias", explica Sônia. "Os visitantes podem tomar posse da história que é deles, feita por eles."

No Casarão, os visitantes têm a oportunidade de conhecer parte do acervo que Álvaro mantém. São arreios, cangalhas, estribos e outros apetrechos de montaria, muitos desses com detalhes em prata que enfeitavam animal em dias de festa. Também estão expostas as mulas de madeira esculpidas pelo artesão e pesquisador Júlio Colaço, de Araçoiaba da Serra. Entre os utensílios usados pelo tropeiros que estão na mostra, há uma coleção de facas. "São as Facas Sorocaba. Tem, inclusive, um Facão Sorocaba. Isso é muito raro, são facas fabricadas aqui na cidade e usadas para caça e defesa pelos tropeiros sorocabanos, o que é uma particularidade porque no resto do País usavam-se espadas para essas mesmas finalidades", revela Sônia.

Guiando a história

Todo o seu acervo Álvaro guarda com o mesmo respeito que tem por sua própria história. Edu de Assis, seu pai, era da Comitiva Asa Branca e foi com ele que Álvaro teve seus primeiros treinos no lombo de uma mula. Hoje, aos 30 anos, está terminando o curso de Veterinária e mantém um centro de treinamento desses animais que cria, doma e comercializa, exatamente como se fazia anos atrás, com algumas diferenças - não se viaja mais no lombo de animal durante meses levando tropas de mulas Brasil afora. Apaixonado pela história, o muladeiro diz que luta para plantar interesse e respeito pela cultura tropeira.O efeito nos pequenos é positivo. A pequena Helena Fernanda de Oliveira Marcelino, de 7 anos, ao ver Álvaro perto das mulas, durante uma visita escolar, disse eufórica: "Olha, um tropeiro de verdade!". Rodeado de crianças e perguntas variadas, o "tropeiro de verdade" confessa que "se apenas uma semente vingar já vale a pena". Sônia acredita que esse trabalho dedicado está cada vez mais sólido. Pelo quarto ano consecutivo instalada no Casarão de Brigadeiro Tobias, Sônia notou um movimento interessante que tem surgido nas temporadas de portas abertas. "As pessoas vêm aqui com suas tralhas de montaria e trocam as peças entre si. Espontaneamente eles fazem uma barganha, assim como acontecia na época do tropeirismo", conta.ProgramaçãoAlém da atividade no Casarão Brigadeiro Tobias, a programação sobre o tropeirismo inclui também o tradicional desfile de tropeiros que acontece hoje, às 19h, com saída do Largo do Divino e chegada na Ponte Maurício Delosso. A tropeada passa pela Avenida General Carneiro, que era o antigo caminho percorrido pelos tropeiros.A exposição "A Mula e a Tropa" traz o ciclo do tropeirismo e destaca o papel do animal no transporte das riquezas de norte a sul do país e mostra como a mula era um objeto da economia da época através de textos, as imagens, maquetes e miniaturas. A mostra segue até o dia 31 de maio na Biblioteca Infantil "Renato Sêneca de Sá Fleury" (Rua da Penha, 681), com entrada franca, das 8h às 17h.O Parque Natural "Chico Mendes", entre os dias 25 e 27 de maio (de sexta a domingo), terá um espaço lúdico reunindo artesanato e culinária regionais, teatro de bonecos e rodas de viola. As visitas podem ser feitas das 9h às 22h. Na sexta, das 9h às 16h, crianças de 5 a 10 anos vão ouvir histórias e fabricar mulas a partir de materiais recicláveis, na Oficina de Brinquedo. A dupla caipira Liu e Léu é a atração musical no sábado, a partir das 20h30.No domingo, as tropas visitantes saem em desfile pelo Caminho das Tropas, com saída do do Alto da Boa Vista, a partir das 9h. Informações podem ser obtidas pelos telefones (15) 3236-6856 ou 3211-2911.

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