Ana Álvares de Chaves (Reino de Portugal, c. 1520 - c. 1600, São João dos Angolares), chamada simplesmente de Ana Chaves, foi uma nobre, rica proprietária de terras e figura social e política importante para São Tomé e Príncipe colonial.[1]BiografiaA hipótese mais aceite é a de que Ana Chaves nasceu no ano de 1520, no Reino de Portugal, sendo filha de uma mulher chamada Cezília de Chaves e do futuro João III de Portugal. Cezília cultivava um relacionamento oculto com o ainda João de Avis, Príncipe Real. Ao que tudo indica sua mãe era considerada uma mulher extremamente formosa e tinha sangue judeu.[2] Por questões de nascimento, caso fosse reconhecida como filha legítima de João, seu nome deveria ser "Ana de Chaves Avis" ou "Ana Avis de Portugal".[3]Ao tornar-se rei, o agora João III de Portugal necessitava contrair matrimónio com alguma nobre europeia, que acabou sendo Catarina de Áustria, em 1525. Aparentemente, Cezília de Chaves permaneceu próxima à corte portuguesa mesmo após o casamento de João.[3]Catarina desagradava-se muito da presença das duas, conseguindo que João desterrasse Cezília e Ana para terras distantes, em meados da década de 1530.[2] Para prover a segurança de ambas, Ana, a essa altura já uma bela jovem, foi dada em casamento por seu pai João a um certo Gonçalo Álvares, sobrinho do famoso donatário e governador colonial Álvaro de Caminha. Por questões matrimoniais, possivelmente passou a assinar como "Ana Álvares de Chaves".[3][1]O rei João III confirmou imensas provisões de terras e dinheiro ao casal e à Cezília na ilha de São Tomé, os despachando para aquelas terras longínquas.[3]Em São ToméÁlvares foi destacado pelo rei João III para servir como administrador da colónia de São Tomé,[1] que até aquela altura ainda não estava ligada à colónia da ilha do Príncipe.[2]Já em São Tomé, Gonçalo Álvares trabalhava como administrador colonial, proprietário de terras agrícolas e comerciante de escravos entre Angola e Portugal.[3]Ana viu sua mãe morrer no ano de 1540, e seu marido também morrer no ano seguinte. O casal Ana e Gonçalo teve um único filho, que recebeu o nome de Gonçalo Álvares de Chaves.[2] Ana ainda viu sua neta Catarina Trindade de Chaves[2] ser sua sucessora de posses.[1] Uma trineta sua recebeu o nome de Ana da Cunha Chaves, sendo muitas vezes confundida com ela pela historiografia.[4]Após a morte do marido e da mãe, Ana tomou a condução dos negócios da família e passou a dedicar-se fortemente aos assuntos espirituais e à criação e educação primeiramente do filho e após a morte deste, à criação de sua neta, até casá-la com o também judeu João Barbosa da Cunha.[1][2] Construiu e reformou igrejas, ergueu um mosteiro para a Ordem dos Frades Menores, doou um palácio para a administração colonial, deu abrigo de proteção a vários judeus desterrados em São Tomé, agindo como mecenas naquela colónia.[3] No final da vida abandonou os negócios escravagistas e deu alforria aos seus escravos (seus negócios passaram a se sustentar na agricultura e comércio).[5] Sua influência era tamanha que, às vezes, a condução dos negócios da própria colónia ficava a seu cargo durante o interregno de governadores.[2]MortePossivelmente morreu de causas naturais em sua propriedade em São João dos Angolares, nas cercanias do ano de 1600.[1] Foi enterrada, assim como seu marido e sua mãe, na Capela de São João Baptista. Após vandalização da capela, em 1880, seus restos mortais e de seu marido foram transferidos para a Igreja da Misericórdia. A degradação e abandono dessa igreja fizeram com que seus restos e os de Gonçalo fossem levados finalmente para a Sé Catedral de Nossa Senhora da Graça de São Tomé.[3]Homenagens e legadoA memória de uma mulher poderosa e influente no período colonial persistiu ao ponto de que vários marcos geográficos, históricos e de engenharia foram nomeados em sua homenagem, tais como