Escritura segunda que fez Braz Cubas ao Convento do Carmo, 13.03.1590, Porto de Santos13 de fevereiro de 1590, terça-feira. Há 434 anos teve como testemunhas que a todo foram presentes Antonio de Proença, Alvaro Rodrigues Piloto, e Domingos Afonso Carpinteiro, e Alcaide desta vila (...) [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. XLIV, 2° parte, 1949. Páginas 254 e 255]
PORQUE ALVARES?
Se Clemente era filho de Álvaro Rodrigues e de Catarina Gonçalves, por que seu sobrenome é Alvares? É curioso, pois nesse os sobrenomes Fernandes, Gonçalves, Rodrigues e Dias era dado a qualquer pessoa sem precisar de parentesco. Índios batizados, caboclos, escravos por serem sobrenomes de certa nobreza e importância. Durante o apadrinhamento era comum também o padrinho dar seu sobrenome ao afilhado. Isso pode ser persebido com claresa na Família de Braz Gonçalves. Esses nomes “Braz Gonçalves”, “Balthasar Gonçalves”, repetem-se com frequência na família e as designações “o Velho” e “o Moço” mudam conforme o tempo passa e “o Velho” já tinha morrido e “o Moço” já se tornara “o Velho”.
ANCHIETA
Esse ano o Padre José de Anchieta foi nomeado reitor do Colégio de Jesus em Reritiba (atual Anchieta, Espírito Santo) e percorreu as terras do Espírito Santo como visitador dos jesuítas, encarregado de estabelecer novas aldeias para a catequese dos índios. Tendo Anchieta voltado para São Paulo em 1569, os seus biógrafos nos dão notícia de alguns acontecimentos, que foram bem apurados por Antonio de Alcantara Machado na "Vida" que escreveu como posfacio das "Cartas".
Parentesco com Sardinha
Clemente Alvares era aparentado de Afonso Sardinha. Meio sobrinho, pois Maria Gonçalves (1570-1599), primeira esposa de Clemente, filha de Baltazar Gonçalves, velho (1544-1620) e Maria Alvares (1554-1628), era sobrinha da esposa de Afonso Sardinha, também chamada Maria Gonçalves, esta, filha do Mestre Bartholomeu Gonçalves e Antônia Rodrigues, “a índia”). Eles casaram-se em 1550.
Quando começou?
Clemente Alvares é descrito como ferreiro, mineiro prático e técnico de minas. Referindo-se ao incidente ocorrido em 28 de maio de 1588 com seu avo, escreve Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958): Com certeza continuou o Tubalcaim e exorbitar e a blasonar sem que ninguém lhe pusesse cobro aos abusos e desaforos. Era uma avis rara que não podia molestar. Que sucederia á vila se acaso se visse privada do seu único ferreiro? Dava-se provavelmente o mesmo em relação aos demais mestres de ofícios, homens tratados com o maior carinho por indispensáveis e, sobretudo, insubstituíveis.
A maioria das fontes indicam o ano de 1588 como aquele em que Clemente Alvarez iniciou suas pesquisas, tendo então 19 anos de idade. Consta na História de Sorocaba (Consulta em memorialsorocaba.com.br 19/11/2024) que Por volta de 1589, Afonso Sardinha, “O Velho”, seu filho homônimo conhecido como “O Moço” e o técnico em Mina, Clemente Álvares estiveram no morro Araçoiaba à procura de ouro. Encontrando minério de ferro, imediatamente comunicaram ao Governador Geral o achado.
Meio Século de Bandeirismo, de Alfredo Ellis Jr.Data: 1948, ver ano (66 registros)Esse sertanista teve como companheiro, em todas suas entradas a Clemente Alvares que se casou, depois, com Maria Tenório, filha do grande conquistador e povoador Martim Rodrigues Tenório de Aguilar.
Perante o tamanho de sua futura reputação, creio que isso se deu antes, no mínimo em 1578, ou quando Sardinha participou da incursão de Jerônimo Leitão em 1585.
O historiador Adolfo Frioli, em palestra proferida no Instituo Genealógico Brasileiro, em São Paulo, no ano de 1986, anotou que, "Baltazar Fernandes, nascido em 1580, no Ibirapuera, acompanhou sua mãe e os irmãos na mudança para o sertão. Deveria estar menino, pelo menos com 9 anos e, no contato com a vida agreste, formou a sua mentalidade sertanista, esperando seguir, um dia, para o oeste desconhecido, na trilha dos seus parentes mais velhos. Na mocidade, participou do chamado bandeirismo escravagista".
Desde o início é curioso. Como exemplo, o cacique Tibiriçá (1470-1562), aliás, batizado Martim Afonso de Melo, também por José de Anchieta. Bisavô de Balthazar Fernandes (1580-1667), fundador de Sorocaba e tetradecavô de Rafael Tobias de Aguiar (1794-1857). Apesar existirem atualmente várias referências toponímicas em rodovias e ruas, seu nome não é lembrado em sua descendência, começando pelos filhos que teve com Anna Goianás Potyra (1475-1560):
- Ará - Aratá - Bartyra (Isabel Dias) (1493-1580) - Beatriz Dias (1502-1569) - Ítalo - Pirajá - Terebê (Maria da Grã) (1520-1578) - Toruí
Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.
Como teria sido São Paulo sem as duas irmãs? Foi o que tinha de ser. E a partir daí a cidade sempre teve mulheres excepcionais.
Seguimos com os filhos de Beatriz com Lopo Dias Machado (1515-1609):
- Ana Isabel Dias Machado (1540-1618) - Andresa Dias Machado (n.1563) - Antônio Dias Machado - Belchior Dias Carneiro (1554-1608) - Catarina Dias (n.1558) - Gaspar Dias (f.1590) - Gaspar Fernandes (1540-1600) - Isabel Dias Carneiro (1556-1636) - Isac Dias Carneiro (f.1590) - Jerônima Dias - Suzana Dias (1551-1632)
Seguindo com os bisnetos de Tibiriça, filhos de Suzana Dias com Manuel Fernandes Ramos (1525-1589), filho de José Manuel Fernandes Rico (1508-1589) e Enriqueta Sanches:
- Agostinha Dias - André Fernandes (1578-1641) - Angela Fernandes - Balthazar Fernandes (1580-1667) - Benta Dias Fernandes - Catarina Dias (n.1558) - Custódia Dias (f.1650) - Domingos Fernandes (1581-1652) - Isabel Elisabeth Roiz (1578-1622) - Manuel Fernandes Gigante (1575-1656) - Maria Machado - Paula Fernandes (1574-1614)
Por fim, os filhos de Balthazar com suas duas esposas, Maria de Torales y Zunega (n.1585), filha de Barnabé de Contreras (n.1554) e Violante Ponce De León Y Guzmán Irala (n.1560); e Isabel de Proença Varella II (1588-1655), filha de João de Abreu (n.1560) e Isabel de Proença Varella (n.1563):
- Ana de Proença "Fernandes" - Benta Dias de Proença (n.1614) - Cecília de Abreu (f.1698) - Isabel de Proença Miranda (1605-1648) - Luiz Fernando de Abreu - Manoel Fernandes de Abreu “Cayacanga" (1620-1721) - Maria de Torales y Zunega (1607-1686) - Mariana de Proença - Potência de Abreu (f.1705) - Verônica de Proença
Destaco "Cayacanga", além de ser o único com alcunha nativa, envia um documento-petição à Câmara, em 4 de junho de 1667, contendo informações valiosíssimas. Esse documento também é o primeiro e, até agora, o único que faz referência à morte de Balthazar Fernandes (Que Deus o tenha...).
Balthazar Fernandes continua sendo um mito! Sua lápide, fria e muda, não fala em morte. Nem se sabe quando ele nasceu. E se nasceu... quando morreu. Sua memória, espírito do bem, eternizou-se na sua obra: uma velha capela, um mosteiro. Paredes velhas, tortas, fundidas no barro, que se expandem. Semente de povoado, que desabrochou, virando cidade. E QUE CIDADE!!!
Na documentação, o considerado "fundador" de Sorocaba é registrado como Balthazar Fernandes, Balthazar Fernandes Mourão, Balthazar Fernandes Ramos, porém, em 7 de setembro de 1634, ele assina Balthazar Fernandes de Alvarenga.
Além desses nomes, temos o grande contingente de nativos escravizados trazidos por Balthazar Fernandes à Sorocaba, conforme o testamento de Izabel de Proença. É curioso observar que , quando se trata de bebês e crianças, são identificados como "crias" e não tem nomes, talvez porque ainda não tivessem sido batizados ou registrados. A seguir a lista dos nativos:
José e sua mulher Sabina e uma cria; Gabriela solto, com um irmão rapazinho e duas raparigas; Pedro solto e seu irmão Bastião; Antonia rapariga e sua irmã; Pedro e Izabel com um filhinho e sua filhinha; Salvador rapaz solto; Miguel, solto; João e sua mulher Cecília, uma rapariga e três rapadinhos seus filhos; Ipólita, solta com dois filhinhos; Tomas solto; Bras e sua mulher Maria com uma criança; Bartholomeu e sua mulher, Andreaza com uma cria; Alberto solto; Pedro e sua mulher (?) com uma cria; Grimaneza solta; Baltezar solto; Aleixo, solto; Cecília solta com duas crias; Marinho rapaz solto; Felipe rapaz solto; Domingos e sua mulher Custódia e sua mulher Mônica; Joseph, sua mulher Christina, sua filha Barbosa e uma cria; Felipa solta e seu filho André; Paula solta; América moça, sua filha e 4 filhos pequenos; José e sua mulher Maria com três filhos pequenos; Manoel solto; Pedro e sua mulher Sabina com quatro filhos pequenos; José e sua mulher Sabina com quatro filhos; Antônia solta com dois filhos e uma filha pequena; Pascoal e sua mulher Constança com duas filhas e um filho pequeno; Miguel e sua mulher Clemência, com um filho e uma filha pequenos; Roque e sua mulher Helena com duas filhas, Catarina e Asença e mais quatro filhos pequenos; Gaspar e sua mulher Marqueza e mais quatro filhos pequenos; Lourenço e sua mulher Lucrécia; Ignocêncio e sua mulher Augustinha, com dois filhos pequenos; Luiz solto; João e sua mulher "Índia"; Gregório solto e seu filho João; Antonio solto; Gabriel e sua mulher Pelonia com quatro filhos pequenos; Vicente solto e sua irmã moça por nome Maria e sua mãe também por nome Maria; José solto; Gabriel e sua filha Anastácia e três filhos pequenos; Paulo e sua mulher Joana e seu filho João, moço, e dois filhos pequenos; Alonço e sua mulher Paula Angela, seu marido velho com um filho moço por nome Fernando e uma filha pequena; Henrique e sua mulher Mônica e uma filha moça por nome Leonor; Joana solta com cinco filhos e filhas pequenos e um moço, também seu filho, por nome Francisco; Izabel, solta; Maria, solta com uma cria; José e sua mulher Izabel; Fernando e sua mulher (?) com seus filhos pequenos, Pedro e Sebastião; Pedroe sua mulher Ana, João, seu filho moço e dois filhos pequenos; Alexandre e sua mulher Inácia e uma filha pequena; Domingos e sua mulher Cecília com cinco filhos pequenos; Pedro e sua mulher; Paula e sua filha moça por nome de Catarina e um filho pequeno; Luzia e seu marido velho, com dois filhos pequenos; Gabriel e sua mulher; Francisca e uma filha moça por nome Izabel e três filhos pequenos; Bastião e sua mulher Marina; Afonso e sua mulher Marqueza com um rapaz seu filho e outro filho moço por nome José e sua mulher Tiodora; Marcos e sua mulher Ambrosia com duas filhas moças por nome Bastiana e Juliana e três filhos pequenos; Salvador e sua mulher velha Inocencia; Paulo e sua mulher Maria, seu filho moço por nome Miguel e quatro filhos pequenos; Camila solta com duas filhas pequenas; Domingos e sua mulher Cecília e dois filhos pequenos; Henrique e sua mulher Apolonia com um filhinho; Garcia e sua mulher Cristina e um filho moço por nome João; Antonio e sua mulher Sabina; Tomé e sua mulher velha Cecília; Felipe solto com seu filho pequeno; Felipa solta com filho; Branca solta; Angela solta; Estacia solta; Maria solta; Constança, solta; Antonio solto e sua irmã Serafina, as crias e três irmãos pequenos; Andreza solta; Ana, solta; Merencia solta; Cecília solta; Marqueza solta; Lourença solta; Uma raparigona solta por nome de Domingas; Tiodozia solta; Matia e sua mulher velha; Lourenço e sua mulher Andreza com duas crias; Bastião e sua mulher Luzia com duas crias; Barnabé, solto, rapagão; Gonçalo e sua mulher Antonia com duas filhas pequenas; Branca solta com seu filhos moço por nome de Amaro e sua filha pequena; Asenço e sua mulher Maria e seu irmão por nome Tomé, moço solto e um irmão pequeno e seus pais velhos; Potencia solta e um pequeno filho; Clemencia solta; Catarina solta e uma irmã pequena e seu pai velho; Fernando e sua mulher Izabel, Manoel e seu filho moço e Verônica moça também sua filha; Roque solto; Luiz e sua mulher Maria, com três filhos pequenos; Alonço e sua mulher Mônica e três filhos e uma irmã por nome Paula, solta; Luiz e sua mulher Sabina e um filho moço por nome Dionisio e três filhos pequenos; Paulo e sua mulher Ignacia e um rapaz por nome Bartolomeu, seu filho e quatro crias; Francisco e sua mulher Ursula e seu irmão Belchior; Henrique solto; Manoel solto e mudo; Cristina solta com uma filha; Domingas, solta; Antonio e sua mulher Andreza; Alonço e sua irmã Francisca; Bárbara solta e sua irmã Maria e seu filho Custódio, moço solto com dois filhos e a mãe velha; Guiomar solta; Sabina solta; Tomazia solta; Bartolomeu e sua mulher Fabiana, seu filho moço por nome Bartolomeu e dois filhos pequenos; Cecília solta; Generoza solta; Marina solta; Sabina solta; Francisco, rapagão solto; Tomé e sua mulher Luzia com dois filhos pequenos e um moço solto, seu irmão por nome João; João e sua mulher Ana com dois filhos pequenos.
A relação acima, de 377 nativos, leva-nos a sua conclusões interessantes e é importante observar o que escreveu Luiz Castanho de Almeida, sobre este assunto, em sua "História de Sorocaba":
"Provavelmente, passava por estar imediações o habitat da grande tribo dos carijós, que se estendia desde o Itanhaen até o Guairá e Rio Grande do Sul. Pobres criaturas, foram os primeiros escravos e em povoação tão grande que, até o século XVIII, se chamavam carijós os escravizados da raça vermelha de um modo geral. Esses escravizados é que foram os fundadores humildes de Sorocaba, ficando nas fazendas e sesmarias da redondeza, socando as primeiras taipas, aumentando a população entre si e, aqui também, servindo a sensualidade de brancos e mamelucos."
Em 1828 Hercules Florence escreveu que as senhoras paulistas de quarenta anos antes – por volta de 1780 – ainda falavam a língua geral no ambiente doméstico
nesse os sobrenomes Fernandes, Gonçalves, Rodrigues e Dias era dado a qualquer pessoa sem precisar de parentesco. Índios batizados, caboclos, escravos por serem sobrenomes de certa nobreza e importância. Durante o apadrinhamento era comum também o padrinho dar seu sobrenome ao afilhado.
Dificil
Luiz Castanho, que depois ficou chamando-se Luiz Pedroso de Almeida Lara.Salvador de Oliveira Leme (1721-1802) João Lourenço Corim (1687-1739)Maria de Jesus Barboza (n.1689)