' A ocupação dos sertões no século XVIII. O caso do oeste baiano, por Adriano Bittencourt Andrade - 01/01/2013 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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A ocupação dos sertões no século XVIII. O caso do oeste baiano, por Adriano Bittencourt Andrade
2013. Há 12 anos
região. A emancipação política com elevação de povoados e sedesde freguesias a vilas e posteriormente a cidades foi sempre umaação deliberada em busca da fragmentação administrativa eampliação do controle sobre o território.A atual mesorregião Extremo Oeste baiano, bem como amaior parte dos municípios que compõem a mesorregião do valeSanfranciscano da Bahia, são decorrentes de uma história deocupação formal, povoamento e uso relativamente recentes com aprimeira sede de vila criada na região apenas na segunda metade doséculo XVIII. Daí que, nesta seção, com texto apoiado em dados daSuperintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI,2003) e da obra enciclopédica de Francisco Vicente Vianna(VIANNA, 1893), observa-se um avanço na análise dos dados paraalém do século XVIII, sem contudo perder o foco na formaçãoterritorial dos Setecentos. Entende-se que os processos espaciaispossuem uma dinâmicas peculiares que se prolongam num temponão necessariamente circunscrito num recorte cronológico e queeventos sucedidos em tempos pretéritos poder repercutir a médio elongo prazo na estrutura social de uma dada região.Toda a margem esquerda do médio São Francisco, ainda quecortada por vários caminhos terrestres e fluviais ao longo do séculoXVIII, possuía nesse período uma ocupação político-administrativaabsolutamente dispersa, chegando ao final dos Setecentos comapenas uma vila elevada – São Francisco das Chagas da Barra doRio Grande –, ao passo que na faixa litorânea da Capitania da Bahiahavia 25 vilas e a cidade capital de Salvador da Baía de Todos osSantos, seis outras vilas mais adentro do território, três em áreasmineiras uma ao norte e duas ao cento da Serra do Sincorá e, juntoao Rio São Francisco, na sua margem esquerda, mais uma vila –Santo Antônio do Urubu de Cima. Certamente, do que hoje é oterritório baiano, a porção oeste foi a mais tardiamente ocupada.O Além-São Francisco, na verdade, não pertenceuexclusivamente à Capitania da Bahia, didaticamente Vianna ensinaque

O território em que se acha a cidade [da Barra do RioGrande], bem como todo o da margem esquerda de S.Francisco, conhecido por sertão de Rodellas, sendoprimitivamente pertecente a Bahia, que o colonisou eadministrou, fundando D. João de Lancastro nem só apovoação de que, como já dissemos, surgiu a actual cidadeda Barra, como as outras de Campo-Largo, Pilão Arcado, etc,passou, em virtude do decreto regio de 11 de janeiro de 1715,a pertencer a Pernambuco, mas somente na parteadministrativa e ecclesiastica, porquanto a judicial continuousujeita a Bahia. mais tarde o decreto de 15 de janeiro de 1810creou a comarca do Sertão de Pernambuco, comprehendendoa villa de Cimbres, os julgados de Garanhuns, Theresina,Riberia de Pajahú, Tacaratú, cabrobó e a villa de S. Franciscodas Chagas da Barra do Rio Grande com as povoações dePilão-Arcado, Campo Largo e Carinhanha, mandado que avilla da Barra, que até então era da correição de Jacobina,não obstante pertencer a capitania de Pernambuco, por lheestar mais proxima do que a cabeça da comarca respectiva,ficasse na sua correição pertencendo a nova comarca. Odecreto porém, de 3 de junho de 1820, creou nova comarca,desmembrada da do sertão de Pernambuco, denominando-ado Rio de S. Francisco, comprehendendo, como cabeça, adita villa da Barra, e a de Pilão Arcado com as povoações deCampo Largo e Carinhanha. Esta comarca do Rio de S.Francisco, que começava no Pão da História e terminava norio Caribuamba, foi pelo decreto de 7 de julho de 1824desmembrada de Pernambuco e annexada a provincia deMinas, mas a resolução de 15 de outubro de 1827 desligou-adesta ultima e encorporou-a a Bahia, voltando assim estevasto territorio a primitiva possuidora depois de cento e dozeannos. (VIANNA, 1893, p.424-425, grifo nosso)Ou seja, o Sertão de Rodellas, ao longo da margem esquerda dorio São Francisco pertenceu, durante a maior parte do século XVIII àCapitania de Pernambuco, pela facilidade de acesso àquelas terrasatravés das margens do dito rio. Foi nesse período, mais exatamenteem 23 de agosto de 1753 que, respeitando a provisão régia de cinco de dezembro de 1752, foi erigida a vila de São Francisco das Chagas daBarra do Rio Grande, hoje simplesmente a cidade de Barra namesorregião Vale Sanfranciscano da Bahia.A localização estratégica foi fator fundamental na elevaçãodesta vila, ela foi fundada num "entroncamento" de vias fluviais quearticulava o norte e o sul através do rio São Francisco e acessava porcaminhos hídricos ou terrestres as terras/minas do leste e oeste. Avila é decorrente de um arraial formado por índios pacificados apartir de orientação do então Governador Geral D. João de Lancastroao final do século XVII. Esta medida foi tomada para evitar asinvasões e ataques do gentio (Acoroazes e Mocoazes) às fazendas degado da região. Os óbices demográficos e materiais daquelasdistantes terras, porém levou ao retardo da elevação do povoado avila, só ocorrendo depois de mais de meio século.Após a constituição da vila, entretanto, a nova formaçãourbana passou a exercer uma centralidade política, administrativa,religiosa, jurídica e comercial (junto à desembocadura do RioGrande no São Francisco) por um vasto termo só fragmentado emnovas vilas no século seguinte, como se vê na Figura 1.A observação da evolução político-administrativa do Oestebaiano permite traçar algumas considerações acerca da organizaçãoespacial daquela região no século XVIII: Uma marca da ocupação einteriorização do Brasil colonial que se confirma na região é autilização dos corredores hidrográficos, tanto pela facilidade deacesso/orientação, como pela disponibilidade de alimentação. Se oRio São Francisco teve um papel primordial na ocupação dossertões, na condução dos gados e no acesso às minas, os seus trêsprincipais afluentes da margem esquerda – Cariranha, Corrente eGrande – também exerceram importante função na penetração para oAlém-São Francisco e, consequentemente, no estabelecimento dosprimeiros núcleos de povoamento. Na sobreposição do mapahidrográfico da região com a sede das principais formações urbanasé possível verificar que o traçado das vias fluviais, mesmo asinavegáveis, coincide com a localização das vilas e cidades locais. [p. 89, 90, 91]



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23/08/1753 - Foi erigida a vila de São Francisco das Chagas da Barra do Rio Grande

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