D. Joana de Argollo, nascida na Baía cerca de 1602 e falecida nova a 18 de janeiro de 1626, ib, sendo sepultada no convento de S. Francisco. Jaboatão diz que foi bat. na Sé da Baía a 23 de setembro de 1620, o que é impossível, pelo que deve ser gralha disléxica por 1602, portanto cerca de um ano depois do nascimento de seu irmão. Ou, em alternativa, a data de 1620 não é baptismo mas sim do seu 2º casamento. Infelizmente estão desaparecidos os livros de assentos paroquiais que Jaboatão terá consultado. Se nasceu em 1602, o que parece, morreu com apenas 24 anos de idade. Apesar disso casou duas vezes e ainda viveu em Braga, onde lhe nasceram dois filhos do 2º casamento. Casou a 1ª vez, teria 15 anos de idade, com o doutor Francisco Subtil de Sequeira (a), desembargador da Relação da Baía e provedor da Alfândega pelo casamento, que chegou ao Brasil em 1602, cavaleiro da Ordem de Cristo, familiar do Santo Ofício, natural de Tancos (Portugal) e falecido a 4.4.1619 no Baía, com sepultura no convento do Carmo (Socorro).
D. Joana casou 2ª vez, em 1620, com doutor Sebastião Parvi de Brito (b), fidalgo da Casa Real, ouvidor geral da Baía, provedor da alfândega da Baía e provedor-geral da fazenda real, três vezes provedor da Misericórdia da Baía (1622, 1643 e 1652), etc. O marquês de Montalvão disse sobre ele que "é dos mais nobres homens de Évora e que hoje no estado em que está o Brasil não há pessoa capaz se suceder naquele governo faltando o governador senão ele" (AHU, MG, cod. 80, 267v). Sebastião Parvi de Brito nasceu em Évora cerca de 1580 e fal. a 20.1.1661, na Baía, sendo sepultado no convento de S. Francisco. Matriculou-se em Cânones na Universidade de Coimbra em 1598, como natural de Évora, filho de André Parvi, tirando o bacharelado a 3.6.1604 e a formatura a 24.5.1605.
Chegou ao Brasil a 19 de fevereiro de 1609, com o governador D. Francisco de Souza, como ouvidor geral da sua repartição, com apelação e agravo para a Relação da Baía (Anais, 1885-1886, vol. 13). Como já ficou dito atrás, casou a 1ª vez em finais de 1614 com D. Ana de Argollo, prima desta D. Joana, que levou em dote a propriedade dos ofícios de provedor-mor da real fazenda do Brasil e da alfândega da Baía, sendo neles empossado por carta real de 30 de janeiro de 1615.
Mas desempenhou pouco tempo o cargo, pois a 7 de maio de 1619 Belchior Rodrigues foi provido na serventia dos ofícios de provedor da fazenda e da alfândega da Baía durante o impedimento do respectivo proprietário Sebastião Parvi de Brito (Anais, 1917, vol. 39). Foi exercendo de forma intermitente este cargo, cuja propriedade a 3.3.1638 deu em dote a sua filha D. Leonor de Brito, como refiro adiante. Mas continuou como titular dos ofícios, pois 30.3.1639 o genro é neles nomeado apenas como seu substituto e 12 de janeiro de 1641 Sebastião Parvi de Brito volta a ser empossado nos ofícios por D. João IV (CJIV, 13, 172).
Sebastião Parvi de Brito era irmão mais novo do doutor Reginaldo Parvi, nascido em Évora e matriculado em Cânones na UC em 1594, como filho de André Parvi, tirando o bacharelado a 27.6.1600 e a formatura a 17.7.1600. Na IG para o Stº Ofº de seu neto, diz-se que era irmão de D. Luiza de Brito e D. Ambrósia de Brito, que faleceram solteiras na Baía, e primo de Aires Falcão Pereira, guarda-mor da Torre do Tombo, do doutor Francisco da Silva de Menezes, colegial de S. Pedro, e do doutor Martim de Almada. Era filho de André Parvi e sua mulher D. Leonor de Brito, natural de Castelo Branco, que era irmã do doutor Pedro Barreto de Vasconcellos (vide o meu estudo Leitão, Linha ascendente dos senhores do paço da Torre de Figueiredo das Donas), avô do referido doutor Francisco da Silva de Menezes, colegial de S. Pedro da Universidade de Coimbra e familiar (25.9.1650), deputado e promotor do Santo Ofício. O também referido Aires Falcão Pereira, guarda-mor da Torre do Tombo, era certamente filho ou neto de Francisco Pereira Falcão e sua mulher D. Jerónima Barreto, também irmã do dito doutor Pedro Barreto de Vasconcellos. O antedito doutor Martim de Almada deve ser confusão com odoutor Martim Leitão, célebre general e ouvidor-geral do Brasil, que casou com D. Babiana Barreto, irmã do mesmo doutor Pedro Barreto de Vasconcellos. André Parvi era irmão do Doutor João Parvi, abade de S. Pedro d’Este, e de Maria Parvi, falecida a 21.2.1600 em Braga (Souto), mulher de Geraldo de Paiva Brandão, cidadão de Braga, vereador da Câmara em 1588 e juiz pela ordenação em 1590 e 1601, aí falecido a 24.6.1605, como refiro no meu estudo sobre os Paiva Brandão, de Braga. Todos filhos de Reginaldo Parvi, referido no testamento do bispo D. João Parvi como seu sobrinho e herdeiro, mas que tudo indica que fosse seu filho. D. João Parvi foi bispo de Cabo Verde (23.9.1538). Era membro do cabido da prestigiada Sé de Évora, como arcediago do bago e cónego magistral, tendo oficiado nesta cátedra. Contemporâneo de D. Martinho de Portugal, foi enviado régio a Roma a fim de criar as dioceses de Angra, Cabo Verde, S. Tomé e Goa. Era natural da Normandia (Bayeux), tendo sido naturalizado por mercê de D. João III. Documenta-se como doutor em 1520 na Universidade de Lisboa (Estudos Gerais).
Esteve integrado no núcleo humanista de Évora, de que também fizeram D. Francisco de Melo, mestre André de Resende e Nicolau Clenardo. Demorou a ir para o bispado, permanecendo em Évora até Janeiro de 1545. Em Setembro deste ano fez testamento, no qual deixou por herdeiro Reginaldo Parvi, seu "sobrinho". Aí afirma estar de partida para a ilha de Santiago de Cabo Verde, onde terá chegado em finais de 1545, tornando-se o primeiro bispo residente. Faleceu na cidade da Ribeira Grande a 29 de dezembro de 1546, com apenas cerca de um ano de episcopado. Manuel Severim de Faria, em tom apologético, refere-se a D. João Parvi como um sacrificado ao serviço da igreja, afirmando que faleceu rapidamente depois de chegar devido ao fervor com que se dedicava à actividade pastoral, não tendo sequer observado o devido resguardo de saúde de alguns meses a que o clima local obrigava os reinóis. Diz que "expirou estando crismando, afrontado com o trabalho de muita gente". Ainda em Portugal, em 1538, fez chegar à Inquisição de Lisboa uma carta sobre os abusos dos cristãos-novos nas ilhas de Cabo Verde, pelo que deve ter trocado correspondência com as autoridades civis e eclesiásticas locais. D. João Parvi deu início à organização das estruturas diocesanas, nomeadamente ao cabido, conforme o prescrevia a bula de criação do bispado de Cabo Verde. Deixou um foro ao cabido para lhe dizer missas por sua alma. Foi sepultado na igreja de Nossa Sr.ª do Rosário da Ribeira Grande.