' O fascínio e o preconceito contra a China que atravessam história do Brasil - 05/08/2023 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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O fascínio e o preconceito contra a China que atravessam história do Brasil
5 de agosto de 2023, sábado. Há 1 anos
Ver China/CHI em 2023
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No livro Cartas de um Chinês do Brasil para a China, publicado em 1923, um certo Ho He Dgent discorre sobre os programas de saúde e segurança pública então vigentes em nosso país: “Gastam aqui os governantes dinheiro a rodo sem conta, para evitar que epidemias matem a gente e a população se desfalque. Por isso, há comissões de médicos zelosos e de muito saber, que vacinam, dão injeções, fazem discursos, aconselham”.

Essa guerra contra a morte, porém, ocultaria objetivos menos nobres. “O governo assim o faz para que a gente viva até cansar, pagando sempre tributo, procriando sem medida”, afirma o autor, ferrenho crítico da classe política, a quem acusa de negligenciar um problema ainda mais grave: “Esta moléstia, qual é? O revólver assassino! Essa é a maior pandemia que ceifa as vidas brasileiras”.

Ho He Dgent seria um repórter, correspondente internacional do Tomh-Ha-Pao e do Shanghaian Times, duas publicações chinesas sobre as quais até hoje nada se sabe: “O autor das aludidas cartas conhece sobejamente as coisas do Brasil, e as observa desde há muito”, declara Simão de Mantua, suposto tradutor, nas primeiras páginas do livro. “Não pode, pois, ser um diplomata em missão rápida e passageira pelo nosso país, como a princípio se supôs”.

Mantua é uma figura igualmente nebulosa — trata-se de um pseudônimo atribuído a pelo menos duas personalidades da época, o jornalista João de Sousa Lage e o engenheiro Antônio Gomes do Carmo.

O mesmo não se pode dizer sobre o homem que publicou a obra — ninguém menos que Monteiro Lobato, no início de sua carreira de editor. Cartas de um Chinês do Brasil para a China era o primeiro volume de uma coleção intitulada Elementos para o Estudo da Psicologia Social Brasileira, e seu conteúdo oscila entre a paródia e a farsa.

“O livro foi escrito já no período republicano”, conta o historiador André Bueno, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “Ele integra um conjunto mais amplo de eventos, em que olhamos para a Ásia como um espelho distante. Nesse caso específico, alguém teve a ideia de satirizar a política brasileira, e para isso criou uma identidade falsa, um contraponto imaginário, especulando como a nossa realidade se desnudaria aos olhos de um oriental, e como este relataria aos conterrâneos aquilo que vê”.


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