' Sorocaba, o Tempo e o Espaço. Séculos XVIII-XX. Por Lucinda Ferreira Prestes* - 01/10/2001 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Sorocaba, o Tempo e o Espaço. Séculos XVIII-XX. Por Lucinda Ferreira Prestes
outubro de 2001. Há 24 anos
2. Vilas e cidades coloniais e imperiais do Brasil2.1. Formação de Sorocaba: conjunturas históricas,- políticas e econômicas.A posse da terra, questão religiosa: sesmarias,aforamentos, Leis de Terra e Código Civil.O conhecimento de nossa história ainda é incipiente e ficaevidenciado por conclusões do tipo que levaram conceituadoprofessor estrangeiro a generalizações superficiais, comoaquela que dá como causa da formação das cidades brasileiras as necessidades emocionais de convivência do ser humano isolado, na qual parece ignorar as rudezas da época,das condições da sociedade colonial paulista bandeirante etransportando tudo para os doces anos 30.Itens tais como: a intencionalidade da expansão territorial daColônia, o Tratado de Tordesilhas, a fundação da Colônia deSacramento em território espanhol, a dominação e a posseefetiva da terra, que só se concretizava, em última instância,com a fundação de vilas e raras vezes de cidades, são elementos de causalidade mais significativos e preponderantesque mencionaremos a seguir, brevemente.O que foram realmente as vilas e cidades brasileiras dostempos da Colônia e do Império? Os estudos até agora sereferem às cidades e capitais mais importantes, restando umagama infinita ainda a ser desvendada.No interior paulista, Sorocaba e outras vilas fazem parte dasrotas de penetração e expansão bandeirista, do apresamentoindígena, da busca de metais preciosos, e da posse efetiva daterra do sertão paulista e ao longo dos caminhos do sul. Essesfatos tiveram como conseqüências: a sobrevivência do núcleosocial paulista, o fornecimento de escravos para as lavouras, odesbravamento dos sertões para o povoamento, o recuo daexpansão espanhola pelos jesuítas na direção do Atlântico ea conquista e alargamento do território brasileiro com todasas terras ao sul e à sudoeste, correspondentes à margemesquerda do Paraná e ao território do atual estado do RioGrande do Sul.Acontecimento importante ocorre em 1622 quando a CoroaEspanhola suspende o comércio entre o Brasil e a Região doPrata, ameaçando estabelecer uma rota terrestre continentalcom o Vice-Reinado do Peru, delimitando um caminho porGuairá, Paraná e Paraguai. As grandes investidas bandeiristasno sul são dessa época e justificadas pelas novas possespara a Coroa. [p. 37]

A intencionalidade de expansão do domínio português se fazpresente nesta região, onde as vilas de Sorocaba e Curitiba sãoconcomitantemente constituídas nos meados do século XVII.

2.2. Causas da fundação

Nessa ocasião, da fundação de Sorocaba, há mais de 50 anos já se;conhecia a existência do minério de ferro na região de Araçoiaba da Serra, antigo Campo Largo. Essa é a história oficial. As fronteiras divididas pelo Tratado haviam sido relaxadas pelo temporário domínio unificado e os espanhóis estavam mais interessados na prata do Peru, o que permitiu aos paulistas a penetração em terras espanholas. Os fundadores de ltu e Sorocaba, os bandeirantes Domingos e Baltazar Fernandes são filhos de Suzana Dias e se estabelecem primeiramente em Santana do Parnaíba, juntamente com o irmão André e dando início à fundação do povoado. Tem início aí, a formação de uma imensa região sob o império dos Fernandes.

Antes da fundação das duas vilas, o bandeirante André Fernandes, juntamente com Ascenso Ribeiro parecem ter andado muitas léguas até as terras da região do ltati, ao sudoeste de na Capitania de São Vicente, algumas modestas tentativas para Mato Grosso chefiando a busca do "administrado" índio, entre a localização de minerais preciosos, na baixada litorânea de lá e 1632 e 1633. Dante de Laytano fala da presença de André nos rios que descem da serra do Cubatão, onde foi encontrado Fernandes no Rio Grande do Sul em 1637, perto de Passo Fundo, que conquistou as reduções de Santa Teresa, com mais de 4000 índios, e de ljuí.[p. 38]

Esse é o chão primitivo do assentamento original do núcleourbano, é o patrimônio religioso que irá constituir a cidade noBrasil, na m·aioria das vezes. {lbid.)A freguesia tendo recebido melhoramentos e aumentado apopulação é fortalecida econômica e administrativamente erequeria assim a condição de vila. Elegia-se uma câmara ejuízes ordinários. A delimitação da gleba do novo municípioprecisava ser apontada. Esse é o processo natural que nãoocorrerá no caso sorocabano em função da questão religiosa.Era uma nova instância do poder público o município que seconstituía. Esse patrimônio do conselho ou do poder públicomunicipal que competiria à câmara zelar era o rossio, de tradição medieval. Eram terras para usufruto da comunidade eáreas de expansão territorial. A formação de cidades em tornode palácios, igrejas e mosteiros vem da Idade Média.Os capitães-mores foram os primeiros delegados a erigiremas vilas.O símbolo da autonomia municipal era o pelourinho. O nome"logradouro" público, por seu uso coletivo, foi freqüentementedado ao rossio.O lugar do pelourinho no meio do centro geométrico, era oponto geográfico central do termo municipal.As concessões de terrenos se davam através das datas oudadas de terra, cedidas gratuitamente no parcelamento do44rossio, pela Câmara. Haviam condições de ocupação, prazos,etc., a serem cumpridos.Em Portugal os centros urbanos importantes eram constituídos por cidades marítimas voltadas para a agricultura e ocomércio, que foram implantadas e se desenvolveram ao longo da costa em função de estratégias econômicas e não deprojetos políticos ou militares. No Brasil tentou-se reproduzireste modelo em menor escala, que teve como prioridade aimplantação em terrenos elevados, para defesa de território.Logo nos primeiros anos do século XVIII e durante cem anos,Portugal trabalhou, como vimos, com uma política sistemáticade implantação de vilas, baseada em esquemas e projetosurbanísticos. O controle maior estabelecido, afetava tambémoutros setores: a Coroa aumentou a arrecadação de váriosimpostos no Brasil, sendo a reconstrução de Lisboa, um dosfatores alegado.O desenvolvimento de Sorocaba pelo tropeirismo é fruto dessa nova política da Metrópole que necessitava de uma redeeficiente de vilas e caminhos.Roberta Delson (1979), escreveu que o iluminismo atingiu também a implantação de várias vilas brasileiras com a regularidadedas linhas e de lotes em quadra, com delimitação pré-determinada conforme medidas e padrões disseminados nas cidadesbrasileiras. A racionalidade dos projetos ia até a padronização [p. 44]

Ili. A VILA TROPEIRA DE NOSSA SENHORA DA PONTE DE SOROCABA:DA FUNDAÇÃO AO TROPEIRISMO1. História dos primórdiosNo século XVII o viajante que partisse da vila de Piratiningapara o oeste ia pelo caminho de Piragibu ou, nesse trecho,São Tomé, e andava em terrenos acidentados, recobertospela mata do Planalto Atlântico até alcançar uma região detopografia suave e vegetação menos densa da DepressãoPeriférica. Estas duas zonas achavam-se unidas pela largavárzea do rio Sorocaba.Para o norte e para o Sul era um fácil caminho a ser percorridopois acompanhava a linha de contato geológico, ligando SãoPaulo de Piratininga a Assunção do Paraguai.No fim do primeiro século após a descoberta do Brasil, ostupi-guaranis, aborígenes da região, viviam nas florestas quecosteavam o morro de Araçoiaba e a serra de São Francisco.Ocupavam também acampamentos às margens do rio Sorocaba, afluente do lniambi ou Anhamby ou Tietê. Esses índiosmudavam constantemente de lugar para fugir da voçoroca,desmoronamento de terra causado pela infiltração das chuvas.No próprio conteúdo da palavra sorocaba acha-se embutido osignificado: terra da voçoroca, terra que cai, que desmorona.O primeiro português ou mameluco, como disse SérgioBuarque de Holanda, que ali chega vai em busca do ouro edas minas: é Afonso Sardinha, que descobre ferro e algumouro de lavagem no vale das Furnas do Morro de Araçoyaba.Atraído pela descoberta, Dom Francisco de Souza, governadorgeral do Brasil, funda o primeiro povoado em Ipanema. Retornaem 1610 com mineradores e povoadores mas, além de minériode ferro, nada mais precioso foi encontrado.Fracassada a tentativa, os primitivos moradores descemdo morro à planície e se instalam nas proximidades do rio,paragens do ltapebussu, ltapevissu ou ltavuvu. Em 1611, opequeno vilarejo recebe o nome de São Felipe. Com essenome provavelmente foi feita a primeira citação de Sorocaba,encontrada na Histoire du Nueve Monde (1640), de Jean deLaet (Descrições das Índias, Capítulo XVII - descrição maisparticular desse Governo e da cidade de São Paulo e dasilhas adjacentes):

Aproximadamente a 30 léguas da mesma cidade de São Paulo pelo sudoeste são as montanhas de Berasucaba ou lbiraçoiaba, abundantes em veio de ferro: não tem falta de veios de ouro que os selvagens cananeas tinham o costume de tirar. Nessas montanhas, os portugueses construíram no presente um povoado chamado São Philippe, mas que não tem grande conseqüência: o ribeirão lniambi ou Anhamby alarga em sua direção e recebe vários outros riachos que desembocam nele, tanto do sudeste quanto do noroeste, e daí dizem que enfim ele vai se encontrar com aquele do Paraná: ele não é, contudo, navegável até a confluência dos dois por causa de vários acidentes... (LAET, 1640)

O autor se refere a montanhas. Na realidade, porém, o nomecitado diz respeito ao morro de Araçoiaba. O lniambi ouAnhamby era o Tietê.Nesse período de fixação do homem à terra, em tomo de 1654,diversos povoados são fundados por bandeirantes vindos daParriahyba, foco de irradiação, e de São Paulo: Braz Teves(Braz Esteves Leme) se fixa além de Ipanema, junto à foz doSarapuy, no rio Sorocaba; Baltazar Fernandes, acompanhadopor grande comitiva, vem para as terras de Sorocaba, assentalar dando origem à vila e constrói a capela de São Bento.Paschoal Moreira Cabral, provavelmente pai do futuro descobridor de ouro e fundador de Cuiabá, povoa as paragens deVotorantim, a Fazenda ltapeva.Em 1661, o povoado de ltavuvu se transfere para o sítio dacapela fundada por Baltazar Fernandes, com aval do governador Salvador Correa de Sá e Benevides. Assim, estava finalmente fixado o lugar definitivo da cidade de Sorocaba. O pequeno núcleo urbano é, portanto, fundado com anuência deum governador-geral, chefe supremo da Colônia.A fundação na terceira e efetiva localidade de Sorocaba em 3de março de 1661 vem ao encontro dos grandes projetos daCoroa Portuguesa para a bacia do Prata. Tornava-se cada vez48mais premente a necessidade de acessar, por via terrestre, osimensos territórios existentes entre São Paulo e as terras deCastela, ao Sul. Primeiramente buscou-se incorporar as terrasportuguesas aos chamados Campos Gerais, atual estado doParaná que, desde princípios do século XVII, vinha seestruturando enquanto fornecedor de gado.Coincidentemente Curitiba e Sorocaba foram eregidas nasdécadas de 1650 e 1660. Sesmarias foram concedidas nasduas localidade buscando consolidar o povoamento e garantirque o gado fosse convenientemente explorado. Sorocabapassa a ser então atrativa e, assim como o sul paulista, alvo demigrantes em busca de novos caminhos.Nos primórdios a nova vila contou primeiramente com trintacasais exigidos por lei para essa denominação e rapidamentese assenta uma capela doada à ordem beneditina sendoprovida de uma paróquia. Em 1679 a vila recebe a importantevisitação do Prior da Ordem de São Bento e mais tarde a precoce e inusitada visita do Bispo do Rio de Janeiro e, depois,de Dom José de Barros Alarcão, em 1684.A visita religiosa acima descrita, assim como a secular desavença entre a ordem beneditina e a câmara municipal pelaposse das terras do rossio, que se estende até o século XVIII,demonstra não somente o profundo interesse da Igreja pelopequeno povoado, mas provavelmente que Sorocaba, embora [p. 47, 48]

2. Determinismo geográfico e a vocação dos caminhosSorocaba estava situada no ponto de encontro de antigoscaminhos indígenas adotado pelos portugueses e da economia do muar no século XVIII e XIX, com a grande lavoura dacana-de-açúcar implantada em sua portas pelo amplo oestepaulista. Este seu privilegiado papel de encruzilhada, aliada aosignificativo evento anual de uma feira de grandes proporçõese ampla influência transformam Sorocaba em interessanteobjeto de estudo, além do vigoroso processo de industrialização que até hoje se acha em curso.2.1. Os caminhos do sul ou das tropasEntre os século XVII e XIX, na vasta região que se estendia donorte da Bahia até o Sul, localizavam-se várias zonas de atividades distintas. A primeira, no litoral, ia da costa da Bahia atéa cidade de Santos, em São Paulo, e nela se encontravam asplantações de cana-de-açúcar, cacau e algodão. Apresentavaclima semi-equatorial, com chuvas e muito calor. Do oestedessa área para o interior, estava a zona das Minas, representada pelo Alto Maciço Central Cristalino, recortado em serras,constituindo as Minas Gerais.Ao sul dessas duas, onde predominavam sobretudo florestas,50as matas, começam as zonas de relvas ou campos. Estes jáeram encontrados nos altos platôs tabulares do sul do Estadode São Paulo mas adquirem toda sua amplitude no Rio Grandedo Sul e na região do rio da Prata.Essas são as áreas que interessam para este estudo.O transporte terrestre na época dependia, unicamente, dasmulas, pois o relevo acidentado impedia a instalação de estradas. As tropas de mulas percorriam os antigos caminhosindígenas e, entre eles, havia o Peabiru, localizado nos estados do sul do país.

As regiões de florestas tropicais eram pouco favoráveis à criação de mulas, sendo necessário importá-las do exterior. Noinício, eram trazidas da Europa, sobretudo de Portugal, mascom transporte muitas vezes oneroso e aleatório. Tornou-senecessário procurar nas regiões vizinhas, um lugar onde ascondições de criação fossem mais adequadas. As vastas regiões de relvas do Sul, no Prata, estavam sem uso e sem habitantes, depois da devastação ocasionada pelos bandeirantesque procuravam ouro e escravos. As tropas poderiam ali semultiplicar com total liberdade, sob vigilância de poucos homens.

No Peru em 1776 eram utilizadas 500 mil mulas no tráficodos Andes, nas costas ou em Lima, importadas dos Pampas Argentinos onde cresciam em estado selvagem e depois ospeones as levam para as províncias do norte, até Tucuman eSalta onde eram domadas e finalmente chegavam no Peru.

Elas também vinham de lá para a enorme feira de animaisde Sorocaba. Argentinos foram encontrados residindo emSorocaba, sem notícias específicas sobre a condução detropas e participação no comércio do gado. Contabilizou-senos países americanos uma média de 5 a 10 habitantes poranimal, a mula (Peru, Argentina, Brasil, Venezuela, Colombiae América Central), representando isso, uma enorme força demotorização se considerarmos que a Espanha possuía em1797, para 1 O milhões de habitantes apenas 250 mil mulas,40 habitantes por animal. Foram considerados animais decarga e sela. A desproporção de 4x1 , na pior das hipóteses émuito grande, mesmo se considerarmos que as distãncias aserem percorridas eram maiores em terras americanas.A Região do Prata logo se transformou e passou a desempenharfunção de zona criatória de gado: inúmeras tropas de cavalos eTropeirismo. As Feiras de Animais localizavam-seno norte da Argentina. em Salta e Tucumã e noBrasil em Viarnão e Sorocaba. O criatório de mulastrazidas de outros continentes para a Américaencontrou local propicio nos Pampas Argentinos.muares foram ali formadas e reservadas, para o abastecimento doBrasil florestal e tropical e também, do lado espanhol.Assim, fica claro o caráter complementar de duas zonas: uma,mais ao norte, ocupada pela plantação e mineração, relativamente povoada; outra, ao sul, inabitada e usada quase unicamente para criação, mais especificamente criação de mulas,direcionada, basicamente, à exportação. [p. 50, 51]

A pesquisadora paranaense Rosely V. Roderjan descreveu ostrajetos dos caminhos do sul e refere-se à Estrada de Sorocaba:A Estrada de Sorocaba, também chamada de Estrada dasTropas, Estrada do Sertão, Estrada do Sul, Estrada Real ouEstrada do Viamão, era o caminho oficial que ligava o BrasilMeridional a São Paulo, cuja existência possibilitou o desenvolvimento do tropeinsmo sulino e o povoamento do interiorda Região Sul. Por essa estrada, também seguiam rumo aoContinente de São Pedro (RS) as tropas militares que lutavamnas Guerras do Sul ou do Sacramento no século XVIII.Os caminhos mais antigos que atravessaram os planaltosparanaenses, teriam sido originados do caminho indígena doPeabirú e das suas variantes. Por eles andaram bandeirantespaulistas e os primeiros mineradores que alcançaram osCampos de Curitiba, durante o século XVII. Depois de passarpelo Campo da Faxina (ltapeva) e do Apiaí, em território paulista,antigo ramo do Caminho do Peabiru, ingressava no primeiroplanalto paranaense, atingindo o valo do Açunguí. Para essaregião partiam pelo norte de Curitiba caminhos que, transpondoo rio Ribeira, seguiram rumo a Apiaí e ltapeva, a fim de alcançarem a Estrada de Sorocaba. Infletindo para noroeste, chegavam à vila de Castro, atingindo a mesma estrada. Essescaminhos foram sempre· usados no transporte de tropas degado e também de tropas arreadas, assim chamadas as quetransportavam carga.De Curitiba para o litoral, as tropas _de gado eram levadaspreferivelmente pelo Caminho do Arraial, que iniciava noscampos de São José dos Pinhais. Para sudoeste de Curitiba,dirigia-se o Caminho dos Ambrósios, até São Francisco doSul (SC) que aí encontrava o Caminho das Praias, por ondeera trazido de Laguna o gado arrebanhado nas vacarias doRio Grande do Sul. Essas tropas seguiam rumo a Curitiba ouaos Campos Gerais, sendo que, pelo Caminho dos Ambrósios,desenvolvia-se um limitado comércio.A Estrada de Sorocaba, também chamada de Estrada dasTropas, Estrada do Sertão, Estrada do Sul, Estrada Real ouEstrada do Viamão, era o caminho oficial que ligava o BrasilMeridional a São Paulo, cuja existência possibilitou o desenvolvimento do tropeirismo sulino e o povoamento do interiorda Região Sul. Por essa estrada, também seguiam rumo aoContinente de São Pedro (RS), as tropas militares que lutavamnas Guerras do Sul ou do Sacramento no século XVIII.(RODERJAN, 1990)As áreas preferenciais de criação do gado foram os grandescampos existentes na região do estuário do Prata e PampasArgentinos. No Brasil, daí para o norte estende-se uma larga econtínua formação de campos que vão até o sul do estado deSão Paulo, onde diminuem progressivamente, terminando, porfim, em Sorocaba, a cerca de 100 km da cidade de São Paulo. [p. 53]

No atual Estado do Paraná, em 1610, os jesuítas deram início àdoutrinação dos indígenas que habitavam a margem esquerdado rio Paraná, chamada de Província dei Guairá, próxima aosalto de Sete Quedas, depois rota para o Peru. Quase namesma época, entre os rios Paraná e Paraguai, outros povoamentos foram formados no território da Província do Paraguai.Eram terras dos índios guaranis e se estendiam até o estadodo Paraná. Os índios catequisados foram viver nas aldeiasjesuíticas, as Reduções, Doutrinas, Povos ou Missões.Por volta de 1630 as bandeiras paulistas interromperam esseprocesso com a participação dos ferozes índios tupis.Duas décadas depois, os portugueses fundaram Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba que foi, até os primeiros anosdo século XVIII, o povoamento mais próximo dos espanhóis.Os jesuítas fizeram outra tentativa, simultânea a do Guairá, naregião da serra dos Tapes, vizinha à lagoa dos Patos. NessasMissões, como nas outras, foi introduzido um sistema coletivona organização social do trabalho, sendo a carne bovina asua base de alimentação. Também nas Reduções dos Tapes,como foi chamada, ocorreu grande aprisionamento de índios,além de gado para comercialização.A população dos guaranis, que cuidava do gado vacum ecavalar das Reduções, foi quase toda dizimada. Assim, o gadosolto passa a se multiplicar desmesuradamente pelo imensoterritório abandonado e propício ao seu desenvolvimento. Osjesuítas novamente se reestruturam, formando os Sete Povosdas Missões Orientais do Uruguai, totalizando 28 Povos ecerca de cem mil habitantes.Antes da colonização, os indígenas não conheciam o gado.Estes foram introduzidos pelo norte e também pelo sul, atravésda Capitania de São Vicente, importados das ilhas do Atlânticoe da Europa. No entanto, sabe-se que o gado do Rio Grandeé proveniente do Paraguai, trazido pelos jesuítas, através deCorrientes, passando o rio Uruguai e entrando no Brasil.Nas regiões das missões, o gado foi colocado, primeiro, naspróprias reduções e, depois, pelo crescimento, em cada aldeamento, foi criada uma "estância", chamada de "Estância dosPovos". Eram grandes áreas, correspondendo hoje a váriosmunicípios. Algumas chegaram a ter cem mil cabeças de gado.Os bandeirantes investiram contra elas e os jesuítas, no intuitode protegê-las, criaram duas grandes reservas de gado emáreas protegidas por acidentes geográficos e desconhecidasdos paulistas: as "vacarias". Foram duas: Vacaria do Mar,localizada na República do Uruguai e parte do Rio Grande,e Vacaria dos Pinhais, a leste do rio Jacuí, ao norte do rioUruguai, atuais limites com Santa Catarina, e do lado sul eoeste a Cordilheira Geral no Rio Grande do Sul. [p. 57]

com a imagem de heróis civilizados. Do ponto de vista daorganização social, os paulistas construíram uma sociedaderústica, com menos distinção entre brancos e mestiçosinfluenciados pela cultura indígena; não devemos confundiressa sociedade rústica com uma sociedade democrática, poisuma hierarquia das melhores famílias e a dominação sobre osíndios prevaleceram.A independência dos paulistas precisa ser qualificada. Semdúvida, não tiveram um comportamento subseNiente comrelação à Coroa, cujas determinações muitas vezes desafiaram.Foram inclusive chamados por um governador-geral de genteque "não conhecia nem Deus, nem Lei, nem Justiça".(FAUSTO, 1995)A Colônia de Sacramento toma-se foco constante de atritoentre Portugal e Espanha, nos séculos XVII e XVIII. Em 1777passa a ser definitivamente da Espanha.Enquanto o ouro continuava a ser extraído das Minas Gerais,a necessidade de carne e de muar levava os paulistas aavançar cada vez mais nos domínios das Missões, para obtenção de gado e índios, tendência essa que se firmou como passar do tempo. A abertura do Caminho das Tropas, em1732, ligando Sorocaba aos Campos de Viamão, consolida efavorece esse comércio. A abertura foi realizada pela expedição de Souza e Faria.Por outro lado, os espanhóis preferiram ceder as terras dosSete Povos das Missões a ter os portugueses no Estuário doUma outra questão importante diz respeito à Colônia de Prata, na Colônia de Sacramento. Assim, em 1750, o governoSacramento, que foi fundada pelos portugueses, em 1680, espanhol firma o Tratado de Madri com Portugal, o territórioem território espanhol às margens do rio da Prata, em frente à do Estado do Rio Grande do Sul começa a esboçar o contorcidade de Buenos Aires. Com isso, os portugueses pretendiam no atual, com exceção da chamada campanha gaúcha.interferir no comércio do Alto Peru, especialmente no comércio Esse tratado foi desfeito e, em 1777, o Tratado de Santo lideda prata, que transitava pelo rio, rumo ao exterior. fonso obriga Portugal a entregar definitivamente a Colônia deOs portugueses, assim, se fixaram mais ao sul e impunham sua Sacramento para os espanhóis. Portugal perde também osparticipação no comércio do Atlântico Sul, polarizado no estuá- Sete Povos. Com a expulsão dos jesuítas, as Missões serio do Prata. Além disso, o comércio do couro atingia grandes desestruturaram e a posse definitiva para os brasileiros aconproporções e muitas reses eram abatidas apenas para a obten- tece em 1801 . O contorno atual do Estado do Rio Grande doção do couro, desprezando-se a carne, tal a abundância. Sul é adquirido. [p. 59]

2.3. Campos de Viamão e o território do sulO primeiro a receber sesmaria no Rio Grande foi João deMagalhães que lá já residia há mais de 20 anos.Jerônimo Dornelles em 17 40 recebe as terras onde, maistarde, se erguerá Porto Alegre. Numa lista de proprietários degado no Continente de S. Pedro, de 1767 a 1798, constam onome de mais de 80 estanceiros.apenas nos primeiros anos.Os Campos de Viamão e Tramandaí constituíram, ainda noperíodo colonial, uma nova região onde se fundou a Vila deSanto Antônio da Patrulha. Dividiu-se depois em ConceiçãoLaguna à Colônia de Sacramento, passando por Viamão; ea outra que, partindo dessa cidade pelo rio Jacuí, terminavaem Rio Pardo.A conquista política da fronteira do rio Pardo se processou deacordo com as negociações diplomáticas dos tratados, principalmente do Tratado de Madri, culminando com a posse dasMissões em 1801.2.4. A procedência dos estancieirosdo Arroio e Torres e, para o sul, em Porto Alegre e Jacuí. Os A Colônia de Sacramento foi destruída quatro vezes peloscampos de Viamão foram as primeiras áreas de penetração espanhóis e reconstruída sempre pelos lusos e brasileiros.paulista e, por isso, é importante a delimitação. Em 1777, ela passa definitivamente para os espanhóis. NasA delimitação geográfica dos "Campos de Viamão" compreen- vicissitudes de quatro assaltos, originaram-se as emigraçõesdia a área entre o Atlântico, o Guaiba, Mampituba, Caí, Sinos e para o Rio Grande. O continente era um lugar calmo e seguAntas, com as lagoas do nordeste até a parte final do curso do ro. Recebeu também os açorianos de Santa Catarina emrio Jacuí. Durante muitos anos, foi essa a maneira de se desig- 1752, que graças à política portuguesa de colonização,nar as terras do norte até Porto Alegre. além de terras para minifúndios, recebiam outros incentivos.Conquistado o litoral, Viamão e as lagoas, a colonização avan- E muitas pessoas vindas de outras regiões, entre elas, eçou na direção do rio Jacuí e, dessas etapas, a ocupação da principalmente, os paulistas.região do Taquari foi das mais importantes.Assim, na segunda metade do século XVIII, há apenas duas Em função do comércio de tropas, a influência dos povos delinhas de penetração do território formando entre si um ângu- Piratininga se faz sentir nitidamente nas terras gaúchas; desdelo de 60º: uma prejudicada por lutas constantes, que ia de a literatura, em O Tempo e o Vento Érico Veríssimo narra a formação do Rio Grande, contando a saga de uma família sorocabana, "Terra", até documentos autênticos do século XVIII,que fizeram a história da Estrada de Sorocaba.Existem várias referências à gente de Sorocaba que ocupou asterras do Rio Grande do Sul.Na metade do século (XVIII) após a criação do Registro deImposto {em Sorocaba) bota-se a união pelos casamentos degente dos Antunes {Maciel) com famílias respectivamente doRio Grande do Sul e de Minas.( .. . )É que os sorocabanos não só antes, mas mesmo depois dehaver feira não se limitavam a assistir ou negociar em suascasas. Por exemplo, o tropeiro negociante de animais, PedroAntunes Maciel, filho do bandeirante Miguel, teve uma filhacasada com um moço de Pouso Alto e um filho alferes, LuisAntunes Vieira, um tempo ali residente. E depois que se abriu aestrada de Laguna, Joana Moreira Maciel, filha do não menosfamoso Antônio Antunes Maciel, casou-se com João Magalhães, lagunense. Que é nada mais, nada menos, o primeirosesmeiro que adquire terras no terrtório do Rio Grande do Sul.As famílias sul-mineiras Pacheco e Mascarenhas que se fixaramem Sorocaba no fim do século XVIII ainda florescentes, tendoprincipiado no comércio de animais e ambas deitaram ramosno sul. De Santos da ilha de Paquetá, chegou o capitão JoséGomes Pinheiro, casado em São Paulo com Ana FloresbelaMachado, negociante de balcão e animais, avô de PinheiroMachado que veio do Rio embarcar na Sorocabana umatropa de muares do Rio Grande do Sul. Foi tropeiro.Engolfaram-se nos negócios com a tropeirada, FranciscoFerreira Braga, Antônio Lopes de Oliveira récem-chegado, osLoureiros, os Aires todos.Em 1802 num processo entre dois tropeiros o autor José Vazde Carvalho capitalista em Sorocaba declarou da Nobreza e"mete" grandes negócios nesta capitania. Bento Gonçalvesde Oliveira coronel de milícia era capataz e paulistano aquiresidente {em Sorocaba) e com negócio de animais, BentoGonçalves comprou bestas do réu. Em Minas vivia de comprare vender tropas, mas viajava pouco. Comprou do réu, 600cabeças de bestas à 20 mil réis. (ALMEIDA, 1951)Não se trata aqui do chefe da Revolução Farroupilha, figuraquase legendária que teve uma cidade gaúcha batizada comseu nome. O eminente político chamava-se Bento Gonçalvesda Silva, nascido em 1788, na Estância da Piedade, em Triunfo,Rio Grande do Sul. Foi, portanto, estancieiro e não tropeiro.Bento Manuel Ribeiro era sorocabano e mudando-se para oscampos de Curitiba, ainda pequeno, toma parte nas mesmaspelejas, como chefe contra-revolucionário, primeiramente.A família Prestes, sorocabana, cujo patriarca Caetano JoséPrestes, 44 anos, casado com Gertrudes .... Almeida, apareceem 1767. {ln Maço de População -Arquivo do Estado de São [p. 60, 61]

3. Economia: da Europa à vila paulista. Economia na Europa, América espanhola e Brasil.Considerações gerais.A Tríade econômica do enriquecimento em Sorocaba: da Europa: seus castelos, seus palácios, nada tem a invejar deda agricultura, negócios de mercanciar a fazenda Versailles, a não ser a simplicidade.seca e o gado, à arrematação de impostos.3.1 . Economias de mercado: Inglaterra e PortugalA aliança entre Portugal e Inglaterra era antiga e vinha doséculo XVII, tendo havido outras, com parcerias semelhantesentre Portugal e os franceses, holandeses e suecos. Mas aligação mais famosa fica por conta de Lord Methuen no séculoXVIII em 1702, no limiar da grande guerra de sucessão espanhola, que encontrava-se aliada ao duque de Anjou, Felipe V eos franceses . Esse tratado se fecha sobre Portugal como umagrande armadilha. A colônia brasileira é constantemente vigiada pelos portugueses e os seus donos primeiros são: a coroa,seguido pelos comerciantes de Lisboa e do Porto e de seuspontos de representação no Brasil. Pelo Tejo chegam umdilúvio de riquezas : couros, açúcar, óleo de baleia, madeira detinturaria, algodão, tabaco, ouro em pó, pequenos cofres dediamantes. O rei de Portugal é tido como o soberano mais ricoPor meio dos portugueses é que os ingleses obtêm suasvantagens. Modelam o pequeno Portugal como bem entendem: desenvolvem os vinhedos do norte criando a fama edistribuição dos vinhos do Porto; abastecem Lisboa de trigo,de barris de bacalhau; introduzem tecidos em fardos fechados, suficientes para vestir todos os camponeses de Portugale submergir até o Brasil. Ouro e diamantes brasileiros pagamtudo isso e Lisboa passa a escoar o nobre metal, passa a serapenas um caminho de riquezas para o norte, para a Inglaterra. Pombal chega a pensar em industrializar o país, mas decide-se pela importação da Inglaterra. Vendendo barato seusprodutos e comprando caro os produtos portugueses, osingleses vão se apoderando do mercado. O comércio com oBrasil, chave da fortuna portuguesa, requer capitais, imobilizados num longo circuito. Os ingleses passam a financiar acrédito a mercadoria que vai para o Brasil. O comércio naprimeira metade do século XVIII entre Inglaterra e Portugalé o mais considerável de todos, é tão forte que pode ser [p. 65]

2. Revolução liberal de 1842-O povo do Rio de Janeiro e os militares em 1831 forçaram D.Pedro I a abdicar e voltar para Portugal. D. Pedro 11, que tinhacinco anos de idade, assume seu lugar e o governo passapara uma regência de três membros.Os acontecimentos que culminaram com a abdicação deD. Pedro I repercutiram fortemente em todo o país. Temia-sealguma tentativa, seja de restauração do imperador, seja deretomo à união com Portugal. O partido português ainda erabastante forte.Segue uma lista de sorocabanos voluntários que se punham àdisposição do império brasileiro.Relação das pessoas de Sorocaba que voluntariamentese ofereceram para marchar em defesa da Pátria ao Riode Janeiro. (Arquivo Instituto Histórico e Geográfico de SãoPaulo, Rio de Janeiro.Tipografia Nacional/1831)V1LLA DE SOROCABARELAÇÃO DAS PESSOAS QUE SE OFFERECERÃO A MARCHARPARA O RIO DE JANEIROJosé Joaquim de LacerdaRosivaldo José PaesFrancisco Lopes de Oliveiralgnácio Dias de ArrudaJoão Bicudo de AlmeidaJanuario Antonio de Araujo TaquesJosé de Mascarenhas CamelloAntonio José CoelhoFrancisco Soares de QueirozJosé Manoel MonteiroJosé Bicudo de AlmeidaAntonio José MoreiraAntonio José de Madureira e SouzaDomingos Anacleto da SilvaJosé Manoel de Oliveira LibórioJoão Joaquim da CostaAntonio Maurício da Costa GuimarãesJoão José da Silva CarãoFrancisco Xavier de MouraFrancisco José CardozoManoel Antonio da Costa e SilvaAntonio Joaquim da SilveiraBernardino Antonio da Silva SantosManoel Lopes de OliveiraJoaquim Rodrigues de OliveiraJosé Apolinário Gomes [p. 117]

Viva Nossa Santa Religião. Viva Sua Magestade o Imperador.Viva a Constituição!Rafael Tobias de Aguiar (ALMEIDA, 1 938)Feijó permanece até hoje como um exemplo do caráter paulista. Antigamente aprendia-se de cor frases dele, como: •"Sou filho de uma província onde se faz timbre de cumpriro que se promete".Segue relato dos dias da revolução e do casamento de Tobiascom a Marquesa de Santos pela Condessa de Iguaçu.A Condessa de Iguaçu, filha caçula de Dom Pedro I e a Marquesa de Santos, com a ingenuidade de uma criança de dozeanos, descreve em carta o casamento de sua mãe com ocoronel Rafael Tobias que Aguiar, juntamente com os dias da _revolução liberal em Sorocaba.2.3. Carta a uma amiga126Viagem a SorocabaSai de Collegio e fui para São Paulo (45) em má occasião.Mamãe me tirou do collegio mas era meo destino.Cheguei à São Paulo justamente, mamãe estava se arrumandopara Ir para Sorocaba (46) porque meo Padrasto Rafael Tobiasla estava e meo irmão Felicio (47) tinha a vindo buscar.Saimos da cidade 15 a 20 dias depois que cheguei: eu fiqueimuito contente como creança (pois eu sempre gostei muitode andar acavallo (48), mas fui infeliz nessa viagem porquelogo ao primeiro dia em lugar de andarmos 5 leguas andamos12 porque meo irmão Felicio errou o caminho, a pobresinhade mamãe não sabia, ella chegava nas fazendas perguntavao caminho diziam-lhe na direita quebra esquerda que a Senhorada no caminho, nos seguíamos a mamãe ella mais af!ilcta- ficava por ver 4 creanças (49) ao lado della eu de 10 annos,meo irmão Rafael de 8 anos. mano João de 6 annos, façavoce edea em que apuros se vio mamãe, no fim fômos terauma fazenda naqual nos discerão que estavamas em SantaFé (50) distante 12 legoas de São Paulo ai apiemos paraalmoçar, mas eu ja não podia estar com o quarto direito emmiserável estado de inchado, assim mesmo tornei a montar,e fizemos mas urnas leguas que eu não sei te dizer quantaspara chegarmos a São Roque.No outro dia eu fui de liteira pois sempre andava uma liteiracom mamãe, ern viagem levava ella meo irmão Antonio eBrazilico, Heitor meo irmão mais moço ia n´ouira liteira ia coma ama que o estava creando; Totonio foi acavallo esse tinha 4para 5 annos, e Brazilico carregado por um preto acavallopara eu ir na liteira deitada. [p. 126]

São Paulo, partido esse que reunia os maiores vultos daproVl´ncia, como Feijó, Paula Souza (casado com uma Paesde Barros - Maria de Barros Leite, irmã do Capitão Chico edos barões de Piracicaba e ltu), os Andradas, os Paes deBarros e outros.57 - O Padre Diogo Antonio Feijó constituinte às Cortes deLisboa, Senador do Império e Regente do Império (12.10.1835a 19.09.1837). Achava-se hemiplégico em 1842.58 - Esse batalhão de cavalaria que guarnecia o chamado"Palácio do Governo" em Sorocaba (uma casa de propriedadede Tobias, no Largo de Santa Gertrudes, hoje Praça Fajardoera vizinha à casa de Dona Gertrudes Aires de Aguiar. Seriada Guarda Nacional, possivelmente. Desde 07.01.1841 ocomando da Companhia de Cavalaria da Guarda Nacionalem Sorocaba era exercido pelo Capitão Francisco Lopes deOliveira, irmão do nosso Coronel Manuel Lopes de Oliveira.59 - Mathilde Delfim Pereira, 5a. filha da baronesa deSorocaba, casou-se com Luis Pereira Sodré, da Bahia60 -A baronesa de Sorocaba, Dona Maria Benedita de CastroCanto e Mello, irmã da Marquesa de Santos, também teveum filho com D. Pedro 1, de nome Boaventura Delfim Pereira.61 - Em 20.06.1842, às 08 horas da manhã, o então Barãode Caxías levantou o acampamento na fazenda Passa Três,onde se achava, e marchou sobre Sorocaba, onde entrousem resistência.62 - Marquez de Caxias constitui certamente um lapso daCondessa de lguassú. A época, 1842, êle era barão. Masquando a Condessa escreveu a carta (o que deve ter sido depoisde 08.04.1875) (morte do Marquês de Rezende) ela diz "odefunto Marquês de Rezende", Caxías já era Duque, desde23.03.1870. Talvez houvesse aí algo de pessoal, pois DonaMaria Isabel deveria sentir-se privada do ducado que foi concedido às suas irmãs (respectivamente Goiás e Ceará), porém nãoa ela, a quem o título de lguassú veio apenas pelo casamento.63 - O tiroteio teria sido em São Paulo, na Ponte de Pinheiros,ou em Campinas, na Venda Grande.64 - Perto. Acampado na´Fazenda da Mãe de Tobias, emPassa Três.65 - O altar ou Oratório da casa de Dona Gertrudes Aires deAguiar, do qual já se tem falado.66 - A casa da esquina do largo Santa Gertrudes (hoje Praçade Fajardo) e a rua da Ponte, onde mais tarde morou o CapitãoChico.67 - Batizado68 - Dona Maria Isabel teria sido madrinha de Gertrudes, 3´filha do brigadeiro e Dona Domitila, falecida em 20.04 1841,ao completar 4 anos, "de uma toce".69 - Escolástica Pinto Coelho de Mendonça e Castro - "Lalaca"- filha de Dona Francisca Pinto Coelho de Mendonça e Castro,filha mais velha de Dona Domitila, com o 1· marido. "Lalaca" [p. 132]

nele o cargo de regente, por muitos anos.76 - Dona Anna de Aguiar, então solteira, nome completo:Anna de Jesus Maria de Aguiar. Entrara para o Recolhimentode Santa Clara bastante jovem, sem entretanto pronunciarvotos. Em 1842 estaria com mais ou menos 45 anos, solteira.Casar-se-ia mais tarde com o viuvo de sua irmã Rosa, oCapitão Francisco Xavier de Barros, de que se falará adiante.77 - O prédio do convento tinha 02 pavimentos. Pela cartavemos que as refugiadas se encontravam no segundo, oupelo menos, teria sido no 20. Pavimento a cela onde ficouDona Gertrudes. Devido à dificuldade de locomoção de DonaGertrudes, os refugiados se reuniam na cela onde a mesmase encontrava.78 - A época, quantas irmãs haveria no Recolhimento? No"Rol" de 1839, consta o nome de 15 recolhidas, de idadesentre 62 e 13 anos, além da Regente, Dona Maria do MonteCarmelo Ayres.79 - Dona Gertrudes tinha bem o caráter das antigas paulistas:voluntariosa, autoritária80 - É de estranhar os cabelos cortados. Porque seria?81 - Fôra acometida de paralisia nas pernas82 - Era insuportável para Dona Gertrudes nada poder fazerpara auxiliar o filho. Tobias tinha sido criado com tanto mimoque era chamado "o reizinho de Sorocaba".83 - Além de arrancar os cabelos, ela arranharia o rosto. Sãoatitudes muito bíblicas da expressão de desgosto.84 - Dos 5 filhos de Dona Gertrudes, apenas 1 era homem.Mais uma razão para o cuidado de que era cercado.85 - É de supôr-se que as riquezas em prata e ouro fossemde Dona Gertrudes, pois a Marquesa de Santos e o Brigadeironão andariam viajando por São Paulo carregando tão grandesquantidades de metal.86 - A taipa foi usada ainda por longo tempo em Sorocaba.Quando criança vi os muros do cemitério em Taipa. O cemitérioera de 18.87 - 4 palmos = aproximadamente 90 centímetros88 - "minha sobrinha" - Escolastica (vide nota 69)89 - "Uma sobrinha de meu Compadre", seria a filha maisvelha da Dona Rosa Candida de Aguiar (irmã de Tobias) e doCapitão Francisco Xavier de Barros.Esta menina, Maria Candida, teria então mais ou menos 12anos e morava na chácara (mais tarde Ouinzinho) com seuspais. Viria a casar-se com um irmão de vovó (Maria Joaquinade Oliveira), o Coronel Joaquim José de Oliveira. Foi mãe dosegundo tenente coronel Joaquim José de Oliveira, que morreuafogado no tanque da Fazenda Passa Três. Achava-seportanto com a avó e primos, na ocasião da derrota dos liberais,ou então, os pais acharam que seria perigoso ficar em lugarretirado como a Chácara.90 - O secretario de Caxias: [p. 134]

implantação e divulgação do produto, influenciando as demaislocalidades, principalmente no raiar da década dos anos 70.A primeira tentativa ocorre entre 1849 e 1852 realizada porFrancisco de Paula Oliveira que, criando casulos de bicho daseda, inventa máquinas manuais de madeira e tece algumas"echarpes" de seda. Foi apenas uma oficina manufatureira.Manoel Lopes de Oliveira foi o primeiro industrial do interiorpaulista e grande propagador da cultura do algodão.Empreendedor e político ativo foi participante da RevoluçãoLiberal de1842 e assina a ata municipal que proclamavaSorocaba capital da província no mesmo ano. Digno representante da nova mentalidade tinha a única biblioteca formada da cidade.A iniciativa privada sorocabana encontrava-se largamenteprovida de recursos financeiros proveniente do tropeirismoe uma das maiores fortunas do Município é do agricultor dealgodão que instala em sua propriedade rural, uma pequenafábrica em 1852, a Chácara Amarela, onde residia e cultivavaas plantações de algodãoLuiz Matheus Maylasky, influenciado por Manuel Lopes deOliveira, interessa-se pelo assunto e, em 1875, traz a estradade ferro para a cidade, com o objetivo de baratear o transportedos fardos de algodão e tecidos. Completamente livre de obrigações compulsórias para com o governo e com meios financeiros próprios, pode a iniciativa particular garantir seus trabalhos152em Sorocaba e a continuidade indispensável para oestabelecimento de qualquer empresa, na década de 60.Nessa época, a cultura do algodão está em franco progresso,sendo apontada, alguns anos mais tarde, como a grande equase exclusiva, lavoura do Município.Tanto ltu quanto Sorocaba em 1868, encontravam-se em decadência econômica e esta última em função do declínio do comércio do gado. Em ltu a produção do açúcar havia diminuído.A feira de animais em 1862 apresentava grande decréscimono comércio das tropas. Apenas 20.000 animais haviam passado pelo registro de Sorocaba naquele ano quando o suprimento normal se avaliava entre 40 a 50.000 cabeças de gado.Essa decadência da feira "fazia desanimar a todos os negociantes e artistas pela falta de negócio". (CANABRAVA, 1951)Em 1863 a cultura do algodão e do café progrediam juntas naprovíncia. Visitantes estrangeiros que visitavam a cidade falama respeito da importância da produção e da qualidade doproduto. Em 1865 a cidade encontrava-se em pleno entusiasmo com a safra do algodão, alcançando 300.000 arrobas,sem contar com o produto das fazendas muito distantes.Mursa relata dificuldades para restaurar a Fábrica de FerroIpanema, devido à escassez de mão-de-obra, que estava nalida da lavoura do algodão. [p. 152]

5. Indústria Têxtil Sorocabana5.1. Fábrica pioneira de Manoel Lopes de OliveiraEm 1852 na Chácara Armarela, no largo do Bom Jesus, AlémPonte, se instala a primeira fábrica de tecelagem "de toda aprovíncia de São Paulo" de Manoel Lopes de Oliveira.Foi estabelecida numa localidade que apresentava, além dosrecursos financeiros necessários para a implantação da manufatura do algodão, a matéria-prima necessária. Destinava-se àfiação e tecelagem do algodão grosso utilizado pela populaçãode baixa renda. Há notícias de que foi inaugurada em 1851 etratava-se, na realidade, do primeiro ensaio de uma fábricaque funcionava com o motor a vapor.Seis anos mais tarde, o estabelecimento ainda se encontravacompletamente desmontado. Seu maquinário ia chegandodevagar, com intervalo de anos e havia sido adquirido na InglaPrimeira fábrica têxtil movida a vapor daProvíncia de São Paulo, 1852, de ManoelLopes de Oliveira, a Chácara Amarela.(Publicado em Prestes, 1999)terra pelo coronel Lopes de Oliveira que juntamente com a As informações do fracasso dão como causa única, a mão-defábrica e seu maquinário, compra também três carrilhões ingle- obra escrava que foi utilizada na fábrica. Estava instalada nosses. Há falta de operários especializados. Somente nesse ano terrenos, junto às senzalas de escravos segundo depoimentoela começa a funcionar efetivamente: produzia 300 onças de do proprietário e, em 1864, o estabelecimento só havia fabrifio por dia, dando trabalho a quatro operários entre os quais se cado fio de algodão, pois esse dava mais lucro do que osincluía o foguista. A capacidade era de 800 onças ao dia. Em tecidos. Falava-se também da falta de matéria-prima e dajaneiro de 1861 a fábrica já se encontrava parada e ao que se qualidade. O programa inicial previa as funções de descarosabe nunca mais retomou suas atividades. çar, cardar, fiar e tecer o algodão. [p. 155]

Essa iniciativa foi distinta em relação às duas fábricas da capi- Pitoresco fato mostra a sagacidade de Lopes de Oliveira paratal, anteriores à implantação dela, pois introduz a fonte energé- espantar os inconvenientes: sentado na rede, quando de longetica motriz da máquina a vapor. Sua localização, junto a um avistava um deles, mandava trazer depressa uma cadeira comcentro produtor de matéria-prima também foi inédita. acento inclinado para frente. O visitante tinha então que firmarOs Souza Queiroz, fundadores da fábrica de tecidos de se nos pés, e cansando logo, ia embora rapidamente.Constituição em Campinas, eram grandes fazendeiros de café, Manoel Lopes de Oliveira foi retratado num quadro a óleo pindescendentes do famoso brigadeiro Luís Antônio e Souza, o tado por Barandier, e foi enterrado no Cemitério da Saudade,homem mais rico da província de São Paulo, na segunda dé- junto à capela.cada do século.O trabalho nas fábricas de tecidos tendia a ser exercido, desdea sua fundação, principalmente por mulheres.Segundo estatística de 1872, havia 9.514 operórias nosestabelecimentos da indústria do algodão em São Paulo, numlotai de 10.256 funcionários. {lbid.)5.2. A figura de Manuel Lopes de Oliveira

Manuel Lopes de Oliveira e Rafael Tobias de Aguiar contribuíram para a fundação da "Sociedade Bela União Sorocaba",do partido dos liberais, fundada em 1835 em casa de donaGertrudes e que se extingue em 1907 quando seus descendentes doam o Teatro São Rafael, construído por eles, para amunicipalidade. Lopes de Oliveira juntamente com José LeitePenteado eram chefes do partido liberal.

1565.3. Período de expansão:Grandes fábricas (final do século XIX e início do XX)As grandes fábricas do período implantadas na cidade foram:Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da Ponte, a "Fonseca",em1882, a Santa Rosália, em1890, Santa Maria, em 1896,São Paulo, em 1909, Santo Antônio em 1913 e a Votorantim,em 1893.Em função de condiçôes sócio-econômicas, as cidades deSorocaba e São Paulo foram as mais beneficiadas e propícias,durante essa fase da implantação industrial.O melhor exemplar arquitetônico desse período de afirmaçãofoi a Fábrica São Martinho de Manoel Guedes que é construída em Tatuí. Apresentava tanto a tipologia fabril específica [p. 156]

VI. O DESENVOLVIMENTO DO NÚCLEO URBANO E AARQUITETURA DAS CLASSES DOMINANTES1. A vila rarefeita bandeirista (séculos XVII e XVIII)1 .1. Parcelamento do solo urbano e a posse da terra:a questão religiosa1 .1.1 . Documentação existenteOs primeiros tempos da vila de Sorocaba e do início do parcelamento da terra estão registrados através de transcrições dedocumentos autênticos, petições entre eles, pedido de elevação à Vila, cartas de datas, escritura de doação da capela,cópias de quartel e do testamento da segunda esposa dofundador. São textos que possibilitaram o acompanhamentodo desenvolvimento dos primeiros acontecimentos.Esses documentos encontrados no século passado no Mosteiro de São Bento e nos arquivos da Câmara Municipal, foramtranscritos em 1834 por Manoel Joaquim D´Oliveira. Os originais perdidos, impossibilitam possíveis revisões. São peçasimportantes para um estudo que parece levantar muitas dúvidas na questão do sistema de concessão das terras do rossio,e que magistralmente ilustram a superposição de domínio dopatrimônio religioso e do patrimônio público.1.1.2. Início do parcelamento e a posse da terraNa ocasião da fundação de Sorocaba, meados do século XVII,há mais de 50 anos já se conhecia a existência do minério deferro na região de Araçoiaba da Serra, antigo Campo Largo.As fronteiras divididas pelo Tratado tinham sido relaxadas e osespanhóis estavam mais interessados na prata do Peru, o quepermitiu aos paulistas a penetração em terras espanholas. Osfundadores de ltu e Sorocaba, os bandeirantes Domingos eBaltazar Fernandes são filhos de Suzana Dias que se estabeleceram primeiramente em Santana do Parnaíba, quando oirmão André dá início ao povoamento e à formação de umaimensa região sob o império dos Fernandes. Essa expansãode terras senhorais era temida pela Coroa, sendo combatidaposteriormente somente depois da descoberta do ouro e danova política centralizadora da Coroa portuguesa, nos fins doséculo XVII e acentuando-se no XVIII.Entre 1611 e 1654, ano inicial da fundação da vila, foi efetuadaa doação de uma das sesmarias de André Fernandez, antesde 1648, a Baltazar Fernandez. Em 1625, Santana do Parnaíba havia sido constituída a vila e seus moradores prestam-lheobediência. No ano de 1646 segundo informaram em 1747, ao vigário Pedro Domingues Paes, já haviam moradores emSorocaba.A antiga estrada Sorocaba/ltu é o secular caminho percorridopelos fundadores que unia as duas vilas dos Fernandes, conforme a cartografia do século XVIII indica (Ver mapas publicadosem A Vila Trapeira de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba).Saindo da vila, segue-se a Nordeste, na direção de Aparecidae Mato Dentro, onde o antigo caminho continuava para Aputribú e Araçariguama, Parnaíba, Baruerí e São Paulo. Foi essaa primeira ligação por terra entre Sorocaba e São Paulo.Em 1654 o testamento da mulher de Baltazar fala da sesmariade Aputribú, citando o casarão de taipa do Lageado e a Capela,hoje Mosteiro de São Bento. Atesta-se que o fundador possuíaduas sesmarias em Sorocaba "a começar da ponte uma eoutra de uma légua em quadra nas duas margens". A léguaem quadra, aproximadamente 5,5 km2, era o percurso queuma pessoa poderia fazer a pé, ida e volta, no cotidiano trabalho da roça.A enorme comitiva que chega a Sorocaba chefiada porBaltazar Fernandes e seus familiares, em meados do séculoXVII, conforme testamento de Isabel Proença, segunda esposado fundador (Arquivo do Estado) em 1654 já havia a posse dasesmaria. ltu foi elevada a vila em 1653. O ano de 1654 é o dachegada da poderosa comitiva na Vila de Nossa Senhora daPonte: o chefe da família, sua segunda esposa, filhos, genros e168netos, 370 escravos índios e os pertences, o que comprova otamanho da empreitada e denota a intenção de permanênciados pioneiros na tomada efetiva das terras.O lugar de implantação da Capela de Nossa Senhora da Pontese dará à meia encosta, n,ão muito distante das margens do rioSorocaba, tendo início a vila. Baltazar se fixará num sítio adiante, para os lados do Lajeado, onde construiu casa grande,pomar, vinha, trigal e moinho.Distando duas quadras do Largo de São Bento, onde normalmente deveria ser constituída a primeira Matriz do núcleo urbano, se implanta uma nova Igreja, erigida ainda pelo fundador,essa sim a Matriz ou Praça da Matriz ainda no século XVII.Deverá abrigar as terras do rossio administradas pela Câmara,retirando da Capela de São Bento as possibilidades de cobrança do aforamento.Tem início a questão religiosa materializada fisicamente noespaço urbano com a construção de uma segunda Igrejanuma vila que possuía, nos fins do século XVII, 60 fogos .Analisemos as datas das transcrições dos documentos.Primeiramente a elevação daquelas paragens a Vila se dá noano de 1661, conforme documento de Petição (documento 1 ).Foi requerido ao Governador Geral a mudança do pelourinhopor haver nas paragens de Sorocaba trinta casais, número necessário exigido pelo Foral dos Donatários para elevação àVila. A mudança foi autorizada em 03 de março de 1661 peloentão Governador Geral Salvador Correa de Sá e Benevides.Capela de São Bento, do pelourinho e portanto do núcleourbano e a sua elevação à condição de vila.Nesse ínterim aproximadamente um mês depois de outorgadoO primeiro povoado, anterior a esse, foi em Araçoiaba da Serra o título, foi feita a famosa doação oficial da Capela pelo fundae o segundo em ltavuvu. Baltazar pede a transferência desse dor da cidade, doando também terras, escravos índios, roçalocal para um outro, atual centro histórico onde se localiza a de mandioca, gado, etc. (documento no.2). [p. 167, 168, 169]

A data era 21 de abril de 1661. A Ordem de São Bento em A Cãmara começa então a distribuição de terras. Prosseguemcontrapartida, fundaria uma escola, hospício e administraria os as incursões do poder municipal em uma Carta de data deofícios religiosos. 1667 (doc.no.4), onde a Cãmara doava terras solicitadas peloTambém foi mencionado o casarão de taipa de pilão na estrada filho do fundador, sem pagamento de foros nem tributo algum,de Votorantim, sede do sítio. Havia moinho de trigo e vinhas, além do dízimo das sesmarias.plantações proibidas na Colônia. A comitiva de Baltazar Fer- A disputa pela posse da terra está instalada, sendo a sobreponandes que chegou a Sorocaba era portentosa e ostentava sição de poderes na área central um acontecimento corriqueiº poder e riqueza de um senhor feudal. ro na Europa, fruto da legislação das Ordenações Medievais.Em edição de 15/08/1998 o Jornal "Cruzeiro do Sul", publica Aqui precisa-se fazer reparações. O autor de História de Soroo documento no. 2 referente à doação da Capela, com data caba, um religioso, escreve que a doação da capela é do anoalterada de 21 de abril de 1660. Essa dúvida precisará ser de 1660 e não de abril de 1661, conforme a transcrição doesclarecida, embora o próprio conflito pela posse da terra documento oficial de época que chegou até nós do séculoevidencie as controvérsias. XIX, e dos próprios registros paroquiais.Com a alteração da data da doação estaria esclarecida a dis- Neles, a elevação da Vila de Nossa Senhora da Ponte deputa da Igreja pela cobrança do foro, sendo ela a proprietária Sorocaba é em março de 1661, portanto o rossio e a Câmaradas terras do rossio e justificada moralmente. são constituídos um mês antes da doação da Capela e outrosbens, aos padres beneditinos. Posteriormente e até 1728,No entanto, em 1665, quatro anos .depois, a Câmara de Sorocaba envia a São Paulo, ltu e Parnaiba uma cópia de quartel(doe. no.3) solicitando aos moradores que já possuíam cartasde data de terra para que fossem tomar posse de seus bens,no prazo de seis meses pois caso contrário, as terras devolutaspoderiam ser doadas a outras pessoas. Havia necessidadeurgente de pessoas residindo naquelas paragens despovoadas.170continua a controvérsia causada pela Igreja e Câmara.Quais seriam os reais interesses da Igreja, naquela localidade?Conforme Aluísio de Almeida, nas cópias dos livros de Tombodo Mosteiro e da Catedral, do século XIX, a data de doação daCapela está registrada no ano de 1661 . Há controvérsias entreos anos de 1660 e 1661 que definirá a posse das terras do [p. 170]

1 .1 .3. Documentos Originais transcritos em 1834:Princípios da povoação desta cidade de Sorocaba em 1661 (*)Notas historicas d´esta Cidade de Sorocaba, dos princípiosde sua povoação, extrahidas de livros velhos, oje inutilisados,do Archivo da Gamara Municipal, e d´outros do Mosteiro deS. Bento, que já não existem, copiadas por Manoel Joaquimd´Oliveira em 1834, e vão aqui trancriptas com algumasobservações do mesmo copista.

Documento no.1 - 03/03/1661PETIÇÃO: ELEVAÇÃO ÀVILAVilla de Sorocaba

Esta Villa foi fundada no lugar denominado ltavovú, (onde em1654 já existia feito Villa por despacho de Dom Francisco deSouza, Governador d´esta Capitania. O lugar onde ora se achaa Cidade, era de Sismaria do Capm. Balthasar Fernandes: edesejando este mudar a Villa para aqui, onde já tinha construidoúa Igreja a N. S. da Ponte que depois ficou sendo de S. Bentoe existindo já alguns moradores, fes a petição seguinte:

PETlÇÃO

Diz o Capm. Balthasar Fernandes morador na nova povoaçãode Sorocaba, Villa de N. S. da Ponte, que elle como povoador,em nome dos mais moradores, trata de levantar Pelourinhona dita Villa, que será meia legua do lugar que levantou o Snr.D. Francisco que Deus tem, Governador d´este Estado: comotão bem necessitão de Justiça para se poderem governar,como bons vassalos de S.Magestade; o que úa e outra cousase não pode obrar, nem conseguir sem expressa ordem de V.S., para o que-Pede a V.S. lhe faça mercê ccnceder o deduzidoem sua petição visto redundar tudo em augmento destarepartição, e servsso de S. Magestade e augmento de seusmoradores, provendo V. S.- Receberá mercê.

Despacho:-0 Ouvidor d´esta Capitania faça averígoação doccnteudo na petição, e da quantidade de moradores casadosque à nesta Povoação e de tudo me informe para poder deferiro Foral, São Paulo 2 de Março de 1661-SÁ. Em virtude d´estedespacho forão inquiridas tres testemunhas em presença doOuvidor da Capitania de São Vicente Capm. Antonio Lopesde Medeiros a 2 de Março de 1661 , que não puderam seusdepcimentos ser copiados por estarem as lettras apagadas,depois do que deu o Ouvidor o despacho seguinte:-0 Escrivãod´este Juízo leve este summario ao lllmo. Snr. GovernadorGeral desta repartição do Sul, para que pelos ditos dastestemunhas, tome exacta informação, e proveja como lheparecer de justiça. São Paulo 3 de Março de 1661 -Lopes.Despacho do Governador.- Vista a justificação feita peloOuvidor: d´esta Capitania com alçada, Antonio Lopes deMedeiros, e a bem do dito Foral dos Donatarios, e aver meuantecessor D. Francisco de Souza levantado Pelourinho. no dito Distrieto, e ao presente o querem mudar dentro do mesmotermo. Mando se lhes passe Provisão na forma que péde.São Paulo, 3 de Março de 1661 . SÁ.-Segue a provisão.

Salvador Corrêa .de Sã lbenavid, Commendador dasCommendas do Rio Jóa, e São Julião de Cassia, dos Concelhosde Guerra, Ultramar Alcaide mor da Cidade do·Rio de Janeiro,Administrador Geral desta repartição do Sul, por S. Magestade.Por quanto, o Capm. Balthazar Fernandes me fez petiçãoadiante escripta, representando-me n´ella como povoador, eem nome dos mais moradores da Villa de Sorocaba, novaPovoação d´ella tratava de levantar Pelourinho no termo dadita Vil la, que era meia legua do lugar que levantou meuantecessor D. Francisco de Souza, Governador Geral que foid´este Estado; e assim mais necessitava de Justiça para sehaverem de governar, o que não podião fazer sem ordemminha, pelo que me pedião lhes concedesse o deduzido emsua petição. visto -ser em augmento dos Donatarios emoradores: ouve por bem mandar que o Ouvidor déstaCapitania fizesse averiguação no conteudo n´esta petição, eda quantidade dos moradores casados que a na dita Povoaçãoe de tudo me informasse para que pudesse deferir conformeo Foral, mandou -pelo Escrivão d´este Juizo me trouxesseeste summario para que pelos ditos das testemunhas tomassea informação e provesse como lhe parecesse - justiça: Ouvepor bem mandar, que vista a Justificação feita pelo dito Ouvidor,e a disposição do Foral dos Donatarios, e haver o dito meoantecessor D. Francisco de Souza levantado Pelourinho nodito Districto, e ao presente o quererem mudar dentro domesmo Termo, conceder na forma que pediu para que opudessem mudar, dentro do mesmo Termo,, distante do quelevantou - o dito meo antecessor meia legua para boaadministração e augmento dos moradores: assim mais emnome de S. M. lhe concedo licença para que possão elegerofficiaes da Gamara por ter a dita Povoação moradoresbastantes, como me consta pelo termo de inquirição, e sepassara conforme o Foral. Em firmeza do que lhe mandeipassar a presente, a qual se cumprirá e guardará tão pontual,e inteiramente como n´ella se contem, sem duvida, e neminterpretação alguma, e se registrará onde pertencer. Passadae seriada com o sello de minhas armas. Dada nesta Villa deSão Paulo aos 3 dias do mez de Março de 1661 . SALVADORCORREA DE Sã. I.BENAVID.

NOMEAÇÃO DE JUÍZES E OFICIAIS DA CÂMARA 03/03/1661Outra provisão nomeando Juízes e Officiaes da GamaraPorquanto D. Francisco de Souza, meu antecessor,Governador Geral que foi d´esta repartição mandou levantar Pelourinho na dita Villa de N. S. da Ponte de Sorocaba e porme constar que o Capm. Balthasar Fernandes, morador antigod´estas Capitanias se foi para aquelle Distrieto com outrosmuitos moradores, e tratavão de mudar o dito Pelourinho paraoutro sitio mais accommodado, dentro no mesmo limite, dondetem sua povoação, e no de mais de trinta casaes, queconforme as doações dos Donatarios d´esta Capitania lhesconcede S. M. o poderem formar Villas, deixando-lhe de terreno, d´uma a outra de quatro legoas: e para que todas estascousas concorram nesta nova Povoação, e assim mo haverrepresentado por sua petição os moradores daquellaPovoação, que mandando pelo Ouvidor d´esta Capitania fazerinformação, jurídica, constou de toda o referido: e pelo que entreas mais coisas que me pedirão foi licença para elegeremofficiaes da Gamara na via costumada: hei por bem, e em conformidade dos Foraes, se faça a dita eleição, com parecer depessoas graves, houve por bem de nomear para Juízes o ditoCapm. Bathasar Fernandes, e Paschoal´Leite Pais, e para Vereadores André de Zuniga, Claudio Furquim, e para ProcuradorDomingos Garcia, e para Escrivão da Gamara Francisco Sanxes,que seNirão este anno de 1661, e nos tempos costumados,farão as eleições pela via ordinaria. Com que tudo assim ordenopara seNisso de S.M., augmento das terras dos Donatarios,e conveniencia dos moradores: e outro sim mando que estaminha Provisão se registre no livro da Gamara que havia defazer. Em firmesa do que lhe mandei passar a presente sobmeu signal e sello das minhas armas, a qual se cumprirá tãopontualmente e inteiramente como n´ella se contem, semduvida, nem interpretação alguma. Dada e passada n´estaVilla de São Paulo aos 03 dias do mês de Março de 1661annos, e se registará onde pertencer. Thomé Vieira a fes pormandato do dito senhor. Salvador Correa de Sá lbenavid.Documento no_02ESCRITURA DE DOAÇÃO DA CAPELA PARA A ORDEMBENEDITINA 21/04/1661No mesmo anno de 1661, a 21 de abril, o Capm. BalthasarFernandes fez doação da Igreja de N.S. da Ponte, hoje Mosteirode S. Bento, aos frades Beneditinos existentes na Villa deParnahiba, com terras e mais pertences pela escriptura abaixotranscripta.Saibão quantos este publico instrumento de escriptura dedoação virem, que sendo no anno do Nascimento de NossoSenhor Jesus Christo de mil seiscentos e sessenta e um annos,aos vinte e um dias do mez de Abril da sobredita era, no sitioe fazenda de Manoel Bicudo, Bairro, ou na paragem chamadaPotribú, Termo d´esta Villa de SantÁnna do Parnahiba, daCapitania de são Vicente, partes do Brasil, nesta dita passagemde Potribú, onde eu público tabelião fui chamado, e sendo lá, [p. 173, 174, 175]

a, e medil-a, porquanto se vão chegando muitos moradorespara lhes darem as terras que estiverem devollutas. E paraque venha a noticia de todos fazemos esta advertencia paraque em nenhum tempo se xamem a ignorancia. Feita naGamara, aos 19 de Desembro de 1665. Estava assignadapelos officiaes da Gamara.Do mesmo theor e dacta que as Villas de Parnahyba, e S.Paulo.Despacho çla Gamara em um requerimento de ManoelFernandes de Abreu, em que pede dacta de terras.Os officiaes da Gamara d´esta Villa de N.S. da Ponte deSorocaba, os assina assignados, visto a petição do Supplenteo que n´ella pede, havemos por bem de lhe dar 65 braçascraveiras, repartidas em quatro partes e meia: para um 20braças, outras 20 n´outra paragem, outras 20 em outraparagem: 15 braças, pouco mais ou menos, nóutra paragem,para casas, e seos quintaes, em as paragens que sua petiçãoassim pede; os quaes chãos lhe damos, se dados não é, esendo dados correrão adiante, ou para onde dado não for:como se feito esta é apropria carta de dacta de chãos que sedeo nesta Villa de N.S. da Ponte de Sorocaba. Hoje 4 deJunho de 1667 annos. Pedro de Miranda, João de Miranda,Luiz de Magalhães, Domingos Barbosa, Jeronimo Luiz.Documento no.4

DOAÇÃO DE TERRENOS DO ROSSIO PARA MANUELFERNANDES, FILHO DE BALTAZAR 04/06/1667Carta de Dacta

Os officiaes da Gamara desta Villa de N.S. da Ponte de Sorocabaassima assignados, !asemos saber a quantos esta nossa Cartade data de chãos virem, para casas, e seos quintaes, que noanno do Nascimento de N. Senhor Jesus Christo de 1667 annosaos quatro dias do mês de Junho da dita éra, virem como nestaVilla de N.S. da Ponte de Sorocaba, Capitania da Condessa daIlha do Príncipe, Donatario della por S. M. etc.

Na sessão do Concelho nesta dita Villa, estando os ditosofficialles, a saber Pedro de Miranda Juiz ordinario, VereadoresDomingos Barbosa, Luiz de Camargo, Procurador do ConcelhoJeronimo Luiz, fazendo os ditos officiaes da Gamara, nesta foiapresentada ua petição por Manoel Fernandes de Abreumorador n´esta Villa da qual petição o traslado é o proceguinte:Diz Manoel Fernandes de Abreu morador nesta dita Villa deN.S. da Ponte, que elle haverá dose annos, pouco mais. oumenos que em companhia de seo pae (Deus o tenha em suaglória) o Capm. Balthasar Fernandes, comessarão a povoar,e a fundar esta Villa, com suas pessoas e fazendas, e fiserãoas suas custas duas Igrejas e casa do Concelho nesta Villa: e [p. 177]

de Sorocaba era composto por três distritos: o primeiro, ia daponte até o rio Piragibú; o segundo, da ponte até o rioIpanema; e o terceiro distrito era Campo Largo, atualAraçoiaba da Serra.3.5. Preços (século XVII e XVIII):da terra, moradia, gado, escravo índioO custo da terra era muito baixo no século XVII, a terra poucovalia ou quase nada. Conforme o inventário do Padre Pedro deGodoi da Silva, de 1693, 1 terreno de uma légua em quadraaproximadamente, 5,5km quadrados valia 12$000 em Bacaetava. Sua casa na vila, possuía o mesmo valor. A medida deuma légua em quadra era feita em função do percurso diárioque uma pessoa poderia andar antes de escurecer, de ir e virpara as roças, o único meio de vida junto ao povoado para amaioria da população.Uma vaca valia 1 $280 a 1 $000, enquanto o valor em 1667 deum índio era 20$000.Um escravo valia quase duas vezes o valor de uma sesmaria de1 légua de quadra. Por escritura, uma casa comprada em 1725por Miguel Sutil de Oliveira, na vila, custou a quantia de 130$000,dez vezes aquela do Padre Godoi, depois de 32 anos.3.6. Principais vilas da Província198Segundo os livros de Tombo das paróquias em 1747, as principaisvilas que contavam de 2 a 3.000 habitantes incluindo omunicípio ou freguesia, em 1747: Taubaté, Pindamonhangaba,ltu, Sorocaba, Santos, Paranaguá e Curitiba.3.7. A cidade pré-industrial (final do século XIX)Descrição da vilaEm 1886, o fotógrafo Júlio W. Dursky registrou preciosa sériede imagens da cidade, fixando alguns dos pontos mais significativos para a percepção do espaço urbano nos últimos vintee cinco anos do século XIX.Partindo da parte mais alta, em declive, encontra-se a entradada rota do Sul, vinda pelo antigo Campo Largo, atual Araçoiaba da Serra. A primeira parada de tropas localizava-seno largo das Tropas, hoje praça Nove de Julho, começo daavenida General Carneiro.Descendo pelo antigo caminho das tropas, percorre-se arua da Penha, que foi aberta ainda no século XVII pela famíliaDomingues. Subindo um quarteirão, pelo antigo beco dosPrazeres, atual Miranda Azevedo, chega-se ao antigo Cemitério do Mosteiro de São Bento, atual praça Carlos de Campos.Ao lado dele, no largo São Bento, estão localizados a Capela eo Mosteiro. É o núcleo histórico mais antigo do sítio urbano.Descendo duas quadras a rua São Bento, à meia encosta,localiza-se a grande área quadrangular do largo da Matriz. [p. 198]

ram em torno das escolas: Colégio Estadual, escolas primáriasbásicas, etc .. . No sul, temos o crescimento do antigo bairro doLajeado, com a Escola Profissional e a Faculdade de Medicinade Sorocaba da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo.O distrito do Além Linha, foi nessa época um bairro eminentemente operário que se desenvolveu na direção norte, aolongo da estrada de ferro numa extensão de 5 km no sentidoleste-oeste, acompanhando os trilhos. As habitações populares seriam substituídas por exemplares da classe média.Dos bairros operários, o mais antigo é o de São Felipe, na baixada do Supiriri, que surge com a instalação das oficinas daEstrada de Ferro Sorocabana, em 1876, junto aos trilhos.Nessa área foram instaladas as indústrias têxteis, sendo aprimeira a Fábrica Nossa Senhora da Ponte, em 1882, e aSanto Antõnio, em 1913.Os bairros operários: Vila Carvalho a noroeste, Vila Angélica aonorte e a Vila Santa Rosália que apresentava projeto completo,com planta residencial estandartizada, hospital-escola, praça,etc ... lníciava-se a Vila Barão.O Além Ponte surgiu e se desenvolveu em função das fábricase também dos caminhos, de modo especial em função dasestradas da radial São Paulo-ltu e do caminho que leva aodistrito de Votorantim. A antiga Estrada dos Prestes foi o maisantigo caminho do século XVIII no bairro. [p. 248]

de Portugal. O comércio urbano local, desenvolvido entre asvilas, estava, indiretamente, também voltado para o mercadoexterno e foi fator de grande repercussão na economia internado país, ditando as regras para a produção e o abastecimentoque manteria o mercado inter_no bastante ativo.As transações comerciais que supririam as necessidades internas do país tiveram em Sorocaba o seu palco principal com ocomércio do gado vacum, muar e cavalar, desempenhandoimportante papel na economia de abastecimento interno.Representou um segmento significativo da economia colonialmercantilista, embora não muito evidente, sendo dependente,secundário e subsidiário à economia colonial exportadora. Nãoobstante ser imprescindível como produção de alimentos, apecuária teve no gado muar, primordialmente, a representaçãomaior de sua expressão, pois foi através dele que se viabilizouo transporte, a locomoção por terra, na Colônia e no Império,de mercadorias, e também algumas vezes, de pessoas, praticamente até a chegada da estrada de ferro.Ao longo desse relato percebe-se que, desde a fundação donúcleo urbano, será a busca de riquezas através do comércioque prevalecerá e orientará as sucessivas mudanças decorrentes de diferentes fatores que foram se sucedendo no pequeno povoado. No final do XX e XX, a indústria incrementaráa produção industrial transformando-a num ativo centro fabril.O tropeirismo foi o ciclo econômico mais influente e foi analisadoconcomitantemente com a história de Sorocaba, sendo quenele, as determinantes geográficas são causas evidentes e prérequisitos necessários para os acontecimentos, pois a vilalocalizava-se, privilegiadamente, numa encruzilhada de rotasindígenas. As trilhas dos índios eram caminhos abertos com asabedoria daqueles que detinham o conhecimento da terra e,sabidamente, foram muito utilizados pelos colonizadores, bandeirantes e tropeiros. O Caminho do Mar, que ligava o mar aoPlanalto, era um antigo caminho indígena, havendo a suposiçãode uma trilha de ligação entre o Paraguai e o extenso Peabiru .que corria acompanhando um trecho do litoral brasileiro.Por outro lado, a sociedade colonial paulista teve características bastante diversas se comparadas com as de outrasregiões brasileiras. É fruto de condições próprias do planaltopiratiningano. As terras dos senhores de engenho do litoralnordestino não são as mesmas daqui. A coesão interna, aaparente sensação de estabilidade e a permanência determinadas por essa estrutura de produção não fizeram parte docotidiano paulista. Aqui reinou por longo tempo ainda algumascaracterísticas da primeira época, como a instabilidade e imaturidade, condicionantes as mais diversas, entre elas o isolamento, o meio físico e a relação social, pouco comentadas,mas certamente, preponderantes na portentosa mistura oumestiçagem de raças que ocorreu. [p. 273]



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Destaques

01/01/1610 - Reduções no Tibagi
01/01/1622 - A Coroa Espanhola suspende o comércio entre o Brasil e a Região do Prata, ameaçando estabelecer uma rota terrestre continental com o Vice-Reinado do Peru, delimitando um caminho por Guairá, Paraná e Paraguai
01/01/1637 - Balthazar e o irmão André sofreram uma derrota no seu ataque às Missões do Uruguai
01/01/1640 - Histoire du Nueve Monde, de Jean de Laet
04/06/1667 - Documento-petição elaborado pelo filho de Balthazar Fernandes, Manoel Fernandes de Abreu, e dirigido à Câmara Municipal
25/01/1680 - Manuel Lobo funda a Colônia de Sacramento
01/01/1776 - No Peru em 1776 eram utilizadas 500 mil mulas no tráficodos Andes, nas costas ou em Lima, importadas dos Pampas Argentinos
01/01/1834 - Importante documento encontrado pelo historiador Manoel Joaquim d´Oliveira, nos livros encontrados no arquivo da Câmara Municipal e do Mosteiro de São Bento, de Sorocaba
01/01/1835 - Fundação da "Sociedade Bela União Sorocaba"
01/01/1876 - Dos bairros operários, o mais antigo é o de São Felipe, na baixada do Supiriri, que surge com a instalação das oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1876, junto aos trilhos
04/10/2024 - São Felipe

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