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Livros didáticos ensinam história antiga de forma desatualizada, dizem professores da USP
18 de novembro de 2016, sexta-feira. Há 8 anos
Atualmente, no Brasil, os livros didáticos reproduzem certos conceitos sobre a Antiguidade que começaram a ser elaborados no século 19, foram consagrados pela historiografia tradicional e são ensinados até hoje nas escolas de forma acrítica.Um desses conceitos se refere à forte ênfase dada às cidades de Atenas e Esparta, que desconsidera a existência, na mesma época, de cerca de 1.200 póleis – como os gregos denominavam suas comunidades mais complexas – em torno do Mediterrâneo, uma imensa riqueza cultural ignorada no ensino fundamental e médio brasileiro.É o que afirmam dois professores do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, Maria Cristina Kormikiari e Vagner Porto. Segundo eles, as editoras de livros didáticos poderiam dialogar mais com as universidades e, com isso, difundir conhecimentos mais de acordo com os resultados das pesquisas acadêmicas atuais. Esse tipo de informação sobre o mundo antigo, mais diversificada e balizada, acaba não sendo solicitada nos exames vestibulares, lamentam os docentes.Nesta reportagem especial, o Jornal da USP discute a situação do ensino de História Antiga nas escolas do Brasil. Em textos e imagens, o jornal mostra o descompasso entre os livros didáticos e as mais recentes descobertas da arqueologia.A reportagem apresenta também as contribuições do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca) do MAE para a compreensão do mundo antigo, como a exposição Pólis – Viver na Cidade Grega Antiga, em cartaz no MAE.As fotografias publicadas nesta reportagem revelam o valioso acervo do MAE relativo ao mundo antigo, formado por mais de 1.000 peças originais.Boa leitura. Editoras desconsideram pesquisas acadêmicas, segundo docentesAo abordar a Antiguidade, os livros didáticos tendem a reproduzir questões, valores e perspectivas elaborados na época da formação das ciências modernas, o século 19. É por isso que, nas publicações distribuídas nas escolas, a Grécia antiga, por exemplo, é abordada dentro de uma hierarquia em que política e economia se destacam, em detrimento de outras esferas da sociedade. Se atualmente esses aspectos são distintos e preponderantes na sociedade, no mundo antigo eles estavam imbricados, ou seja, não havia uma separação cartesiana das esferas: religião, política, economia, organização social.Essa é uma das críticas aos livros didáticos feitas pelos professores Maria Cristina Kormikiari e Vagner Porto, ambos do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP. Segundo eles, ainda existe a necessidade de se aumentar o diálogo entre Ministério da Educação, editoras e academia, o que seria essencial para que o conteúdo ministrado em sala de aula caminhasse em paralelo com as pesquisas de ponta. Eles ressaltam, porém, que nos últimos anos há, sim, um esforço de aproximação sendo feito. Esse esforço se reflete no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), acrescentam os professores.Os livros acabam trabalhando imagens e materialidade de maneira apenas ilustrativa, perdendo a oportunidade de mostrar às crianças e aos jovens o potencial desses documentos para a formação do conhecimento sobre a Antiguidade.Uma área acadêmica que ainda é pouco explorada nos livros didáticos é, justamente, a arqueologia. Os livros acabam trabalhando imagens e materialidade de maneira apenas ilustrativa, perdendo a oportunidade de mostrar às crianças e aos jovens o potencial desses documentos para a formação do conhecimento sobre a Antiguidade.Uma área acadêmica que ainda é pouco explorada nos livros didáticos é, justamente, a arqueologia. Os livros acabam trabalhando imagens e materialidade de maneira apenas ilustrativa, perdendo a oportunidade de mostrar às crianças e aos jovens o potencial desses documentos para a formação do conhecimento sobre a Antiguidade.A forte ênfase dada pelos livros didáticos a duas cidades da Antiguidade grega – Atenas e Esparta – também se deve a velhas e desatualizadas concepções sobre o mundo grego antigo, segundo os professores do MAE. Atualmente, encontra-se documentada a existência de nada menos que 1.200 cidades em torno do Mediterrâneo nos séculos anteriores à era cristã. “O mundo antigo não pode ser reduzido a Atenas e Esparta, porque ele possui uma diversidade e uma riqueza imensas”, destaca Maria Cristina Kormikiari, citando as pesquisas do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca) do MAE, que comprovam essa diversidade (leia texto abaixo).O mesmo acontece com as referências dos livros didáticos ao Império Romano. Sempre retratado como implacável opressor dos “bárbaros” e monopolizador das relações entre os povos que subjugava, o regime dos césares, na verdade, se relacionava de formas distintas com as diferentes regiões sob seu domínio, que se estendiam da Península Ibérica à Mesopotâmia. Para os professores do MAE, as realidades locais representam variáveis que não podem ser esquecidas. A ideia de Império Romano deve ser pautada por relações que eram fluidas. “Precisamos respeitar as singularidades para entender a complexidade do Império Romano”, lembra Porto.Outro exemplo do descompasso entre os livros didáticos e a realidade histórica se refere ao papel da mulher no mundo antigo. Para os professores do MAE, é preciso repensar a consagrada ideia de que as mulheres não tinham nenhuma participação política no mundo antigo. Os estatutos jurídicos relacionados às mulheres no Egito, na Grécia ou em Roma, por exemplo, eram bastante distintos e não são explorados. “A arqueologia tem subsidiado o tema de modo a trazer novas reflexões sobre o papel da mulher na vida social e política do mundo antigo.”Já a mitologia, que nos livros didáticos aparece como mera curiosidade e um complemento às questões sobre política e economia, na realidade fazia parte da esfera religiosa e – como os professores insistem em dizer – não se pode pensar o mundo antigo com suas esferas compartimentadas. A religião exercia sobre as pessoas – e isso quer dizer sobre o viver social, a política e a economia – uma influência enorme, dificilmente perceptível hoje, acrescentam os professores.O aparente imobilismo do mundo antigo expresso nos livros didáticos – que normalmente esboçam um retrato estático e separado de cada civilização antiga – contrasta com a realidade histórica, ainda segundo Cristina e Porto. Segundo eles, os povos que habitavam as margens do Mediterrâneo mantinham um intenso intercâmbio entre si, que proporcionava uma dinâmica troca de pessoas, mercadorias e ideias. “O Mediterrâneo foi chamado de ‘cimento líquido’ porque foi o meio de encontro de diferentes culturas durante séculos, e ainda é”, exemplifica Cristina. Essa complexidade do mundo antigo é mostrada numa exposição em cartaz atualmente no MAE, intitulada Pólis – Viver na Cidade Grega Antiga (leia texto abaixo). As dinâmicas relações entre os povos antigos

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