Muita gente se pergunta: "Como pensava Einstein? Como pensa um fisico?" Costumamos pensar quando quietos e sozinhos, olhamos pela janela e blocos de equações passam por nossa cabeça, até que essas equações se ajustam e pegamos uma folha de papel escrevemos. (Michio Kaku)
O velho clichê de rabiscar as costas de um envelope as vezes acontece porque é só o que temos a mão. (Clifford Victor Johnson)
Ele sempre pensava em imagens, visualizava as coisas. Quando o pai lhe deu uma bússula ele ficou olhando aquilo, noite após noite. A agulha apontando o norte. Ele disse que ficava com arrepios. (Walter Isaacson (autor de "Einstein: His Life and Universe)
Einstein disse uma vez "Quero conhecer as ideáis de Deus de forma Matemática". Einstein queria uma equação, talvez quisesse uma equação bem curta, que encapsulasse toda as leis da física. Exprimir a beleza, a majestade, o poder do universo, numa só equação, foi o objetivo da vida dele. (Michio Kaku)
Em 1900 Albert Einstein tinha 21 anos e era estudante na Escola Federal Politécnica de Zurique. Que esse jovem um dia se tornasse sinônimo de gênio, era algo que não passava pela cabeça dos professores.
Ele faltava muito, os professores achavam que ele era um inútil, em consequência ele não arranjou emprego algum quando se formou. Ele até pensou em mudar de área e vender seguros. Já imaginou abrir a porta um dia e ver Albert Einstein lhe vender um seguro? Que desperdício. Einstein se achava um fracasso, ele até escreveu para a família dizendo que talvez tivesse sido melhor ele não ter nascido. (Michio Kaku)
Ele trabalhou como professor substituto em várias cidades, sempre por pouco tempo. O pai dele tentou solicitar alguma posição acadêmica para ele e escreveu para um professor muito famoso, pedindo que ele usasse Einstein como assistente de pesquisas, mas não havia cargo disponível.
O pai dele morreu achando o jovem Albert uma desgraça total para a família. (Michio Kaku)
Em 10 de outubro de 1902 faleceu seu pai. Deprimido e desanimado, o jovem Einstein se mudou para Berna, capital da Suíça, e começou uma carreira longe da ciência.
Um de seus amigos conseguiu para Einstein um emprego subalterno de assistente de patentes no Instituto Suíço de Patentes. (Michio Kaku)
Em sua sala no terceiro andar Einstein passava 6 dias por semana analisando pedidos de patentes de todo tipo de inventos feitos ao governo suíço.
Para analisar uma patente ele tinha que sintetizar as muitas informações disponíveis a sua essência, e isso despertou nele as habilidades de físico e ele começou a despachar rapidamente os pedidos que devia analisar. (Michio Kaku)
Ele não achava o trabalho extenuante, nem intelectualmente muito exigente. (Jürgen Renn) E isso deu a ele muito tempo para contemplar o universo. (Michio Kaku)
Ele nunca se tornaria tão bom numa universidade a sombra de algum professor, estava muito melhor num banquinho no Instituto de Patentes, tentando imaginar como seria "cavalgar um raio de luz". (Walter Isaacson)
Daquele emprego ele lançaria uma revolução que mudaria a História do mundo. (Michio Kaku)
Einstein soltava a imaginação e isso mudaria profundamente nossa visão do universo. Em 1905, o chamado “Ano do milagre de Einstein”, ele publicou em suas horas vagas quatro artigos visionários. O primeiro dos quais respondia a uma velha pergunta: O que é a luz?
O efeito fotoelétrico. O artigo escrito por um total desconhecido mostrava que a luz vinha de uma partícula chamada fóton. Usamos fotos em televisores, usamos em lasers. (Michio Kaku)
Em outro artigo escrito aos 26 anos Einstein postulava algo que hoje já temos por certo a existência do átomo.
Ninguém acreditava no átomo na época mas ele provou que átomos podem minúsculas partículas de pó se moverem meio líquido e calculou o tamanho de átomos. (Michio Kaku)
Só esses artigos já dariam uma carreira notável a qualquer físico mas Einstein estava só começando.
Ele escreveu outro artigo com a famosa equação E = MC(2) ao quadrado. (Michio Kaku)
Isso simplesmente significa que energia pode se tornar matéria, matéria pode se tornar energia. A menor partícula de matéria pode conter uma enorme energia potencial, mas ela só é liberada por uma reação nuclear do tipo que acontece constantemente no firmamento.
Desde que o homem começou a olhar para o céu ele se pergunta: o que faz as estrelas brilharem? Mas foi preciso um Albert Einstein para responder a pergunta: a massa, "M", se transforma na energia, "E", eis o motor que acende as estrelas. (Michio Kaku)
Mas outra teoria que ele publicou no mesmo ano seria ainda mais importante e controvertida: a Teoria Especial da Relatividade.
Quando o Einstein era adolescente gostava de imaginar como seria cavalgar um raio de luz. Agora ele voltou a essa ideia e isso mudaria sua vida.
Na primavera de 1905 Einstein estava andando de ônibus quando olhou para a famosa torre do Relógio, que domina Berna, na Suíça, e imaginou: "O que aconteceria se o meu ônibus estivesse viajando quase a velocidade da luz?" (Michio Kaku)
Em sua imaginação Einstein olhou para a torre do relógio e o que viu foi surpreendente. Ao alcançar a velocidade da luz o relógio parecia estar parado.
Mais tarde Einstein escreveria "minha cabeça ferveu. De repente todas as coisas tudo começou a tomar forma". (Michio Kaku)
Einstein sabia que na torre do relógio o tempo passava normalmente mas na velocidade da luz em que seu ônibus estava a luz já não podia alcançá-lo. Quanto mais depressa se movesse no espaço mais devagar se moveria no tempo. Essa percepção fez nascer a teoria especial da relatividade de Einstein, que diz que o espaço e o tempo estão intimamente relacionados.
De fato eles formam uma coisa só um tecido flexível chamado espaço-tempo. Sentado em um ônibus público Einstein acreditou ter vislumbrado o segredo do universo.
Antes de Einstein o espaço era um lugar onde não fazia nada e onde havia coisas as coisas ficavam nele. Agora o tempo combinado ao espaço ou o espaço-tempo dá um entendimento mais dinâmico dessa arena onde tudo acontece. De certa forma tudo se torna mais vivo. O que ele dizia suava muito diferente muito estranho. (Clifford Victor Johnson)
Raramente algo tão radical fora publicado pelo jornais europeus.
Ele era um completo estranho a física do tempo dele estava na suíça e era o mero assistente de patentes mas era ambicioso suficiente para pensar que podia desafiar o pensamento físico estabelecido na época. (Jürgen Renn)
Richard Ellis, Steele professor de astronomia na Caltech:
Um cientista sempre espera despertar euforia que todos reconheçam e festejem o grande avanço na matéria, mas isso raramente acontece. (Richard Ellis)
Qualquer que fosse o conceito de tempo ele demorava passar para Einstein no instituto de patentes.
Ele mandava artigos a importantes jornais científicos e esperava as melhores reações mas essas reações sempre demoravam muito a vir.
Ele estava ansioso. Qual seria a reação da comunidade de físico a esse grande artigo? Silêncio. Einstein ficou muito deprimido. (Michio Kaku)
Quatro ou cinco meses? Deve ter parecido uma eternidade para ele. (Thomas Levenson)
Então os artigos de Einstein caíram nas mãos do único homem talvez que o entendeu completamente Max Planck.
Max Planck era o maior físico teórico da Europa. (Richard Ellis) E editor do periódico Anais de física em Berlim.Era o jornal de física mais importante da época. (Jürgen Renn)
Max Planck leu o artigo do desconhecido físico e então disse "aqui temos alguma coisa". (Michio Kaku)
Planck viu na hora que aquele estudioso importante. O trabalho da relatividade foi publicado em junho de 1905. (Thomas Levenson)
Aquele jornal de número 17 ainda é uma das publicações mais famosas da história da ciência e na época Einstein sequer era cientista.
Ele ainda procurava trabalhar em escolas e faculdades sempre rejeitado. (Walter Isaacson)
Chamamos esse o ano do milagre de Einstein mas aquele não era um ano que ele mesmo descreveria como miraculoso. Milagres carregam um sentido de algo feito facilmente.
Não acho que Planck soubesse que Einstein era um funcionário de "terceira". Ele deve ter ficado curioso para saber quem era o desconhecido Einstein, de Berna. (Jürgen Renn)
O desconhecido Einstein já era na época pai de um menino de um ano e marido de uma calma e séria colega da Escola Politécnica, Mileva Maric.
Quando estava na Politécnica de Zurique ele era muito mulherengo. Tocava violino nos chás e cocjteis das mulheres e conheceu várias jovens na época, mas Mileva atraiu sua atenção. (Walter Isaacson)
Mileva era a única mulher da classe. E aí estava o físico, apaixonado (Michio Kaku). Em um breve intervalo de sua paixão pela Ciência, Albert e Mileva se casaram em 6 de janeiro de 1903. Um ano depois nasceu seu primeiro filho, Hans Albert. A família Einstein vivia num pequeno apartamento na capital Suíça.
As limitadas circunstâncias em que viviam não era o que ele esperava naquela fase da vida.
Mileva sempre quis ser uma grande física, mas foi reprovada nos exames finais da Politécnica de Zurique. Ele se tornou um importante apoio para os grandes artigos do "Ano do Milagre", especialmente o "Dia da Relatividade", ajudou a datilografar e a verificar os cálculos. Mas acabou mesmo como "Dona de Casa". (Walter Isaacson)
Michio Kaku - (Físico teórico estadunidense. É professor e co-criador da teoria de campos de corda, um ramo da teoria das cordas, que viria para ajudar na explicação da chamada Teoria de tudo, buscada por diversos físicos ao longo da nossa história, incluindo Albert Einstein. Michio Kaku defende a existência de universos paralelos.
Clifford Victor Johnson (Professor de Física na Universidade do Sul da Califórnia no Departamento de Física e Astronomia):Walter Isaacson (autor de "Einstein: His Life and Universe):Jürgen Renn (Diretor do Instituto Max Planck):
Thomas Levenson (autor de "Einstein in Berlin":
Michio Kaku: É a Ciência feita de suor, como dizemos. Temos sobressaltos de lógica, temos anos de indagações não resolvidas, temos frustrações, temos horas de arrancar os cabelos. Mas o verdadeiro poder do gênio é a força de vontade para fazer todos os erros necessários para chegar a resposta.