' História da Vida Privada no Brasil - 01/01/1997 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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História da Vida Privada no Brasil
1997. Há 27 anos
Em meados de 1756, em Santo Ângelo, após festividadesde caráter mais acentuadamente público — exposição doSanto Lenho, missa cantada por índios, banquete farto paratodos — , o comissário português ofereceu aos padres missionários sarau semelhante ao que tivera lugar anos antes:minuetos, “dança de caboclos ao uso das aldeias do Brasil”,“contradanças nobilíssimas”. Os Tape pasmaram, comoos castelhanos, com as figuras femininas, “por ser a maiornovidade de verem mulheres tão formosas e singularmentevestidas daquela forma”.

São hábitos bem distintos os que outra expedição fronteiriça registrou. Em 10 de março de 1769 — no mesmo ano, portanto, em que Pamplona percorria o atual Triângulo Mineiro com seus escravos músicos e seus poetas da roça — partia de Araritaguaba, rumo ao presídio do Iguatemi, uma expedição acomodada em 36 embarcações e composta por “setecentos e tantos homens, mulheres, rapazes, crianças de todas as idades”, além dos soldados pagos e dos animais.

A viagem duraria dois meses e dois dias, edois anos e dois meses a estadia, no Iguatemi, daquele que acomandara, o sargento-mor Teotônio José Juzarte, auxiliar [Página 70]

doze anos. Mas essa não era a regra. Apenas para ilustrar, oscasamentos no litoral sudeste ocorriam, segundo Maria LuizaMarcílio, em torno de 21,6 anos para os homens e 20,8 paraas mulheres.63 Passados dos trinta anos, os solteiros encontravam grande dificuldade para casar, embora o sacramento domatrimônio fosse pouco recebido na Colônia. A maioria dapopulação vivia em concubinato ou em relações consensuais,apesar de a Igreja punir os recalcitrantes com admoestações,censuras, excomunhões e prisões.64Uma das razões mais comuns que levavam as pessoas a nãose casarem era a elevada despesa com a papelada. Em São Paulo,por exemplo, o custo, em 1790, girava em torno de 1$160 réis, mas em 1800 já tinha subido para 2$400 réis, segundo informava o governador Melo Castro e Mendonça em sua Memóriaeconômico-política da capitania de São Paulo.65 Contudo, sesobram informações sobre os procedimentos burocráticos e ascontravenções que cercavam o aspecto institucional e públicodo casamento, faltam elementos para que se saiba como elese dava no foro privado. Graças ao Livro de razão do senhorAntonio Pinheiro Pinto, proprietário da Fazenda Brejo doCampo Seco, na Bahia, sabemos que eram comuns as festaspara casamentos e batizados coletivos de escravos. A tradiçãorecomendava que se chamasse o sacerdote à fazenda ou engenho e que num só dia se realizassem simultaneamente ambasas cerimônias, às quais seguia-se uma “função”: festa com fartadistribuição de rapadura e aguardente aos escravos, que se entregavam aos alegres batuques, atabaques e repeniques de viola.A festa de casamento devia ser importante para os escravos,pois no mesmo engenho a escrava Aninha Cabra contraiu umadívida com seu senhor de 8$640 réis, quantia despendida como casamento de sua filha.66Entre ciganos, conta Debret no início do século xix, eracomum, após a realização da cerimônia na igreja, os recém [Página 312 e 313]

-casados dirigirem-se à casa da esposa para a bênção paterna.Aí, a noiva recebia do parente mais velho uma camisa cara, recoberta de bordados, que lhe era cobrada no dia seguinte; umaespécie, diz ele, de “troféu do hímen”. Os festejos começavamno segundo dia. Os convidados sentavam-se no jardim sobreesteiras, em torno de uma toalha em que se dispunham os pratos: “enormes cones de farinha de mandioca são colocados nocanto, para serem misturados com o molho dos diversos acepipes”, devorados com os dedos, procedimento, aliás, análogoa outros grupos culturais e sociais da Colônia.67 Sapateados, aosom de palmas, chulas e fandangos enchiam os ares.68Quanto aos demais grupos sociais, o pouco que sabemosé que evitavam casar-se no dia da festa de Sant’Ana, pois acreditava-se que a noiva estaria fadada a morrer de parto. O diado enlace, aliás, envolvia algumas crenças. Durante a manhãque antecedia o cortejo de casamento, a noiva não podia verou provocar sangue, matando ave ou ajudando na cozinha,nem sair de casa, exceto para ir à igreja, ou olhar para trás nocaminho. Ao voltar para casa, depois da cerimônia, os noivoseram recebidos com tiros de mosquetão, foguetes e canta- [Página 314]

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