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Diogo de Mendonça Corte-Real, consulta em Wikipédia
7 de dezembro de 2023, quinta-feira. Há 1 anos
Ver Coimbra/POR em 2023
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Diogo de Mendonça Corte-Real (Tavira, 17 de junho de 1658 — Benfica, 9 de maio de 1736) foi um notável diplomata e estadista português, secretário de Estado no reinado de D. João V.

Biografia

Diogo de Mendonça Corte-Real nasceu em 1658, na cidade de Tavira, filho de Diogo de Mendonça Corte-Real e de Jerónima de Lacerda, ambos nobres com ligações de parentesco com as casas mais distintas de Portugal e de Espanha.

Corte-Real manifesta elevado grau de inteligência logo no curso dos seus primeiros estudos. Matriculou-se, então, na Universidade de Coimbra, onde se doutorou com distinção em Cânones em 1686 e em Leis em 1687 tendo, pouco tempo depois, exercido o cargo de Corregedor da Comarca do Porto. Diogo de Mendonça Corte-Real tornou-se, prontamente, muito estimado pela retidão demonstrada enquanto juiz e pela afabilidade do seu carácter. De tal maneira assim o foi que notícias da competência do magistrado chegou à corte e o rei, D. Pedro II, enviou-lhe, em janeiro de 1691, uma ordem para deixar a magistratura, embarcando sem demora para a Holanda como seu enviado extraordinário para contestar os constantes ataques da armada deste país contra os navios portugueses.

Diplomata

A 3 de março desse mesmo ano, Corte-Real seguiu para a Holanda por mar, numa viagem que se adivinhou tempestuosa, tendo a embarcação naufragado ao largo da costa da Inglaterra: a 14 de abril o navio encalhou num banco de areia, sendo o perigo iminente. A confusão a bordo era geral, chegando a desanimar o capitão e a tripulação, mas Corte-Real conservou o sangue-frio e deu ânimo aos oficiais para lançar as lanchas, cortaram-se os mastros e içar a carga ao mar. Corte-Real, a sua família e o capitão embarcaram numa das lanchas; a tripulação embarcou na outra. O navio afundou-se e as duas lanchas pairaram à deriva uma noite. Ao amanhecer avistaram terra e desembarcaram numa praia na Inglaterra. Corte-Real seguiu para Londres, onde embarcou com destino a Haia, corte dos estados gerais da Holanda, dando ali a sua entrada pública adequada à dignidade da missão que representava.

Diogo de Mendonça Corte-Real tratou com eficiência as dificuldades que se erguiam entre Portugal e a Holanda. Após uma série de conferências sobre o assunto a tratar, a 22 de maio de 1692, o diplomata conseguiu o que desejava, tendo-se assinado um tratado que resolvia todas as dissidências nessa mesma data. Os estados gerais da Holanda responsabilizaram.se pelo pagamento de oitenta mil patacas como indemnização pelos ataques aos navios portugueses.O êxito da sua missão trouxe-lhe louvor por parte do soberano português que, determinando expedir um enviado extraordinário à corte de Espanha, o nomeou para tal em 1693. Corte-Real manteve-se na corte espanhola até 1703, ano em que regressou a Portugal por se ter declarado a Guerra da Sucessão em Espanha em virtude da morte do rei D. Carlos II.

A 2 de abril de 1701, D. Pedro II nomeou-o Secretário Real das Mercês e do Expediente. Quando Portugal entrou na Guerra da Sucessão de Espanha, teve a seu cargo, por mandato de D. Pedro II, a administração das operações armadas. Viria a participar também nas negociações conducentes à assinatura do Tratado de Utreque, que poria fim àquele conflito.

Secretário de Estado

D. Pedro II faleceu a 9 de dezembro de 1706, tendo subindo ao trono D. João V que nomeou Diogo de Mendonça Corte-Real para o cargo de seu Secretário de Estado a 27 de abril de 1707. As obrigações do ministério que servia Corte Real abrangiam então a secretaria de estado com todas as correspondências e trabalhos diplomáticos, a secretaria das mercês, do expediente e da assinatura, acrescentando ainda os negócios da mordomia-mor, e o despacho dos cargos de monteiro-mor e provedor das obras do paço, com outros empregos menores, que também expedia ao mesmo tempo. Corte-Real teve ainda a seu cargo os contratos de casamento entre o príncipe do Brasil D. José, e a infanta de Espanha D. Mariana Vitória de Bourbon, e entre o príncipe das Astúrias, D. Fernando, e a infanta D. Maria Bárbara, correndo com as instruções e assistindo às conferencias em Lisboa, empregando sempre a maior diligencia e habilidade.

Mendonça Corte-Real casou em outubro de 1718 com D. Teresa de Bourbon, que era viúva de Álvaro da Silveira e Albuquerque, coronel do regimento de Cascais e governador da província do Rio de Janeiro. A sua primeira filha, D. Joaquina de Bourbon, foi batizada pelo próprio cardeal patriarca D. Tomás de Almeida, e o seu primeiro filho, João Pedro de Mendonça Corte Real, teve por padrinho D. João V. O faustoso monarca concedeu muitas honras ao afilhado e a seu pai.O diplomata manteve-se no ministério até à data da sua morte repentina, a 9 de maio de 1736. Encontrava-se passeando na sua quinta em Benfica, quando foi assolado por uma dor aguda e penetrante, falecendo dentro de poucas horas. O seu cadáver foi depositado na Igreja de Nossa Senhora do Amparo, onde tiveram lugar as suas cerimónias fúnebres.

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