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O enigma "Di Britida"
28/09/2022

Um maiores mistérios da História de Sorocaba baseia-se em dois registros cartográficos, datados em 1698 (Mappas do Reino de Portugal e suas conquistas, imagem 1) [15] e 1794 (O mapa de Jean Baptiste Bourguignon d´Anville, imagem 2), este confeccionado com os dados fornecidos pelos jesuítas [19]:

Ambos, além de não trazerem o nome de Sorocaba, mas São Felipe (Itavuvu) e Cahativa (Bacaetava), registram o Rio di Britida, em posição que corresponde regularmente com a da cidade e rio Sorocaba.

Sem apresentar provas, João Barcellos afirma que o rio Brízida foi, depois batizado Sorocaba [28]. Outro autor, Luiz Castanho de Almeida é ainda mais relapso, pois, explicando a existência das ruínas de uma fortaleza no bairro Itavuvu em 1940, escreve ele:

Explicará essa existência de pequena fortaleza sobreviver no mapa de D´Anville em 1733? Não porque João Cabral Camelo, em manuscrito descoberto pelo sorocabano Varnhagen, por ali passou em 1727 e só viu mataria virgem até o Tietê.

Não há nada que indique uma fortaleza no dito mapa e de imediato não há explicação para tal confusão feita pelo ilustre historiador, e, curioso ele não "notar" o Rio Britida.

Historiando

Referia-se a uma localidade ou pessoa? Vasculhando antigos documentos, encontra-se três fortes candidatas!

Brígida Machado, esposa de Pedro Collaço, companheiro dos ferreiros Manuel Fernandes (pai de Balthazar Fernandes) e Afonso Sardinha (povoador de Sorocaba) em junho de 1553, quando trocavam ferro por escravizados no Paraguai? [2]

Em 4 de agosto de 1584 (...) apareceram Belchior Rodrigues Ferreiro, e assim também sua mulher Maria Rodrigues, e por ele foi dito a mim Tabelião que João Ramalho, que santa glória haja morador que era neste campo deu em casamento por uma escritura pública que esta nas notas de Cristovão Diniz, tabelião que foi da Vila de Santos um pedaço de terras a Braz Rodrigues Carpinteiro da Ribeira com Brisida Ramalho, neta do dito João Ramalho, sogro e sogra do dito Belchior Rodrigues (...) [5]

Cristóvão Diniz e seu parente, Domingos Fernandes (irmão de Balthazar), fundariam Itú, João Ramalho também "era da família" e dois anos depois, em 1586 “os Fernandes” eram os primeiros ferreiros de São Paulo e que este havia partido para a selva em companhia do governador Jerônimo Leitão, razão pela qual nada se poderia fazer” [6]

Por fim, talvez a melhor candidata, Brigida Soares de Camargo, a mãe do padre Belchior de Pontes. Em 1684 ele rebatizou 18 crianças livres e 43 escravizados na sua fazenda de Apotribú, mesmo local onde foi assinado o documento que funda Sorocaba e cujo proprietário era segundo marido de Potência de Abreu, filha de Balthazar Fernandes. [12]

Seria mesmo uma pessoa?

Curioso, e importante anotar, que o documento mais antigo e confiável registra Rio di Britida e não Rio de Britida ou apenas Rio Britida.Em todo o vasto e variável vocabulário Tupi, sem dúvidas e de longe, o termo mais semelhante é Biritiba, variação de Piritiba, Piritiva, Piratuba e Pitaruva.

Facilmente encontra-se dezenas de exemplos que, da mesma forma, foram corrompidos ao longo da História. Aqui mesmo em Sorocaba, de Apoteroby, passando por Aputribu, temos hoje Piragibu e Putribu.

PIRATUBA

Interessante o "caminho percorrido" pelo bairro Piratuba (antigo Apereatuba) [27] e notável os eventos em que "aparece", diante à História. Destaco 4, entre os poucos registros:

1° - A primeira menção data de novembro de 1549, no importantíssimo relato de Hans Staden. Historiadores afirmam que ele estava na cidade atualmente denominada Cotia, quando escreveu Acutia.

Porém, estava muito próximo a Sorocaba [2] e tendo "Acutia" o mesmo significado de "Apereátuba", abundância de preás, vejo duas possibilidades: na época, ou haviam prêas de Cotia à Sorocaba ou a ampla região que separa as atuais cidades recebia tal denominação: Acutia ou Apereatuba.

2° - Sem dúvidas, foi somente por força da única atuação da Inquisição à região, à meia-noite de 28 de abril de 1628 donde chamam Piratiabae roça e fazenda de Cornélio de Arzão, um grupo de homens bate à porta da casa de um grande sítio em Pirituba, enquanto um dêles, com voz clara, brada: – Abram, em nome da Santa Inquisição! [21289][6]

Cornélio de Arzão era um dos sócios do engenho de ferro estabelecido no Araçoiaba. Dez anos depois, em 30 de outubro de 1638, o testamento de Cornélio de Arzão foi registrado na vila donde chamam "Piratiaba" [9]

3° - Em 1696, antes de falecer, um homem deixou “uma espécie de mapa do tesouro”, foi encontrado no arquivo da Coleção José Bonifácio de Andrada e Silva, acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

O roteiro indica a direção de Sorocaba para o encontro de tal riqueza, onde "haveres de oiro e pedras preciosas dos campos de Preatuva, entrando entre sul e sudoeste seguindo rumo direito". [14]

4° - Em 15 de julho de 1711 a carta de sesmaria de uma légua de terras em quadra no bairro Piratuba, principiando no rio Sorócabussu do sudeste pela estrada de Sorocaba, até as águas de Francisco Duarte e Pedro Machado, com outra légua de sertão correndo pelo rio de Una, acima. [16]

5° - Em 1733, já existia famílias morando no bairro,conhecido na época por Pereatuba, sendo que as terras eram devolutas (...) [18]. De 1763 a 1791, Sorocaba contava com Peretuba [20]. Em 1810 Sorocaba contava com 9576 habitantes, 1900 deles, escravizados, 16,9% residiam em Preatuva, [22]

6° - Teria documento provando a relação entre Piratuba e o Rio Sorocaba? Sim! Além de seus afluentes nascerem "por lá", em 8 de dezembro de 1912, em meios aos muitos obstáculos referentes a posse duvidosa das terras em que seria construída a represa de Itupararanga, registra-se que:

Compareceu o doutor Augusto Ribeiro de Mendonça, procurador da "São Paulo Electric Company Limited", e declarou que por sua constituinte protestava contra quaisquer obras ou benfeitorias que Alberto Henworthy faça nos terrenos da fazenda Piratuba, á margem do rio Sorocaba. [24]
[24]

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Fontes/Referências:

[1] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Volume XLVII. Triênio de 1951-1953. Páginas 302 e 303 / A siderúrgica de San Juan Bautista, 2010. Pe. Antônio Clemente Sepp. Página 10

[2] Hans Staden: suas viagens e captiveiro entre os selvagens do Brasil / Teodoro Sampaio "O Tupi na geografia nacional"

[3] "Bandeiras e Bandeirantes de SP" de Carvalho Franco (1940) p.24;25

[4] projetocompartilhar.org/ Familia/AtanasiodaMota.htm

[5] Cartas de Datas de Terras (1700 a 1750), vol. IV, 1937. Prefeitura do Município de SP, Departamento de Cultura. Páginas 409, 410 e 411 do pdf / “Na capitania de São Vicente”, 1957. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil. Página 202

[6] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. XLIV, 2° parte, 1949. Página 261

[7] Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema, 2012. Eduardo Tomasevicius Filho. Página 40

[8] projetocompartilhar.org/ SAESPp/antoniorodrigues velho1616.htm / Projeto Compartilhar, notas de Dr. Washington Luís, (Vol. 11, fls 47 a 53,1616)

[9] Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária Colonial p.266 / projetocompartilhar.org/ SAESPp/corneliodearzao1638.htm

[10] projetocompartilhar.org /Familia/BorbaGato.htm

[11] Inventário e Testamento de Helena Rodrigues, 11.09.1649

[12] projetocompartilhar.org/ SAESPp/alvarorodriguesdoprado 1682mariarodriguesdegoes1670.htm - projetocompartilhar.org/ Familia/cap03AlvaroRodriguesdo Prado.htm

[13] Memória Histórica de Sorocaba II. Aluísio de Almeida p. 80 / Textos de Aluísio de Almeida

[14] Práticos Fundidores e Fornos: a produção de ferro no Brasil entre os séculos XVI e XVIII. Páginas 6 e 7.

[15] Mappas do Reino de Portugal e suas conquistas, 1698.

[16] História das bandeiras paulistas - Tomo II, 1975. Afonso de E. Taunay. Página 202.

[17] https://ibiuna.sp.gov.br

[18] História do bairro do Piratuba, 08.02.2022, manedoesporte.blogspot.com

[19] Le Paraguay, 10.1733. Jean-Baptiste Bourguignon d´Anville (1697-1782) / Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981). Jornal Correio Paulistano, 08.09.1940

[20] Correio Paulistano, 14.12.1941. Página 22.

[21] Mapa de Jean Baptiste Bourguignon d´Anville

[22] “História Ambiental de Sorocaba” (2015) p.102

[23] “O Tupi na Geographia Nacional” (1901) Teodoro Sampaio / p. 304

[24] Correio Paulistano, 08.12.1912. Página 10.

[25] Os paulistas e a igreja, 1929. Antonio Pompêo

[26] *Primeiras Noções de Tupi, 1933. Plínio Marques da Silva Ayrosa (1895-1961)

[27] História do bairro do Piratuba, 08.02.2022, manedoesporte.blogspot.com

[28] Revista iCorpus, 07.2022. João Barcellos. Página 11



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