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Fazenda Araçoiaba
07/10/2022

Um documento importante para conhecer é o inventário Antônia de Oliveira, esposa de André Fernandes, portanto cunhado de Balthazar, "fundador" de Sorocaba em 1661. Destaco 4 importantes trechos registrados em Santana do Parnaíba, dia 21 de abril de 1632:

1° - Terras em Araçoiaba

Uma carta de data de terras em Birachoiava. Outra carta de data de terras em It(..)hy termo desta vila de duas léguas a saber da dita carta se deitou uma légua em patrimônio a Francisco Fernandes de Oliveira de que está de posse por autoridade da justiça.

Sobre a importância desse trecho, escreveu o jornalista e historiador Sérgio Coelho de Oliveira (2014):

"Esse detalhe esclarece que não apenas tinha terras em Araçoiaba, como também mantinha alguma atividade no lugar. Pode-se até entender e se confirmar, por este texto, que aqui era o caminho dos bandeirantes que seguiam para o sertão."

2° - Burro Castiço

Quarenta cabeças de gado vaccum entre grandes e pequenas. Com declaração que se não deita aqui o gado que está em Jarabativa por se não saber a copia que é e neste gado fica metido o da capela. Um burro castiço (de boa raça) avaliado em 4$000 quatro mil réis".

São Paulo ainda não conhecia o burro nessa época (século XVI) e esse exemplar raro foi trazido por André André Fernandes, seu esposo, quando de sua passagem pelo Paraguai. Os burros e as mulas foram introduzidos, em São Paulo e no restante do Brasil, somente a partir de 1732, cem anos depois deste inventário.

3° - Tamboladeiras

Entre a prata lavrada, um prato (...), um saleiro velho de prata, duas tamboladeiras grandes, um copo, uma tijela e mais cinco pratos pequenos e um de cozinha e um pucaro com seus (...) e um (...) e quatro colheres.

A este conhecimento, surgiram a partir de Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896-1947) as explicações do significado e da utilidade das tamboladeiras. Não se conheciam ainda inventários do séculos XVII, a não ser os de São Paulo. [3]

"os primeiros gramas de prata peruana começam a surgir nos inventários paulistas. (CALDEIRA, 2006, p.414). Essa prata trazia uma marca de origem curiosa, a palavra “tamboladeira”. Vocábulo inexistente nas línguas portuguesa e tupi, designava um objeto de prata – mas não se sabia qual até que se encontrou sua origem: “A palavra tamboladeira vem da Espanha.

Isto explica a razão pela qual as peças só são encontradas no planalto piratiningano – é que este local foi escolhido pela colônia espanhola para se estabelecer, no século XVII, quando de sua vinda para o Brasil. São os Bueno, os Ortiz, os Camargo, os Toledos, os Camachos, os Aguirres, os Laras, os Ordonhes. Trouxeram seus usos costumes e tradições. A palavra, que aparece nos inventários, consta de dicionários espanhóis:

‘Tembladera: especie de vaso ancho de oro, plata o vidrio de figura redonda com asas a los lados y um pequeño asiento. Los ha de muchos tamaños y se les da este nombre marginal por hacerse regularmente de una hoja delgada que parece una tembla’”. Na nova era que se desvela, gramática e prática expandiram-se em campos radicalmente opostos. Desta dissociação nasceu o sertão. (BRANCANTE, 1999, p. 87 e CALDEIRA, 2006, p. 414 e 415).

A prata transferida da América espanhola para Santana de Parnaíba surgirá sob forma de resplendores de imagens, lampadários, tocheiros ou objetos cotidianos. O acúmulo deste metal será uma rentável maneira de proteger fortunas paulistas no século XVII.

Os mais ricos bandeirantes serão os responsáveis pelo financiamento de igrejas cristãs, mosteiros beneditinos, custeando altares e obras de arte nesta região. Este processo irá proporcionar o surgimento de uma imaginária sacra com características brasileiras, fruto da integração de povos.

A grande sesmaria que outrora formava Parnaíba abrangia terras nos atuais municípios de Araçariguama, Itu, São Roque e Sorocaba. Pertenciam à Suzana Dias e foram desmembrados aos seus filhos, descendentes e agregados.

Nas miscigenadas terras parnaibanas, além dos sertanistas ligados ao apresamento e escravidão indígena, podemos ressaltar outros tipos de bandeirantes, voltados à busca de ouro e conquista de territórios nas minas de Cuiabá e Goiás. [5]

4° - Existência da fazenda

Registrou dever a Paulo de Amaral seis patacas de um porco cevado que lhe matou em Birachoiaba indo para o sertão.[2] Além de ser curioso o fato "deste" Paulo do Amaral ser aquele que, em 1645, toma a fundição de Balthazar, causando, possivelmente, a migração do ferreiro à Sorocaba [3], a existência dessa fazenda deixou pouquíssimos registros.

Um deles, datado em 1629, portanto alguns anos antes da primeira citação, conhecida e mencionada pelo competente jornalista e historiador Sérgio Coelho, reescrevo fielmente ao original:

Em 11 de junho de 1629 nesta vila de Santa Anna da Pernaíba apareceu Balthazar Fernandes procurador de Benta Dias dona viúva sua irmã requerendo que fosse a casa digo ao juiz Manuel da Costa de Pino fosse á casa da dita viúva comigo tabelião porque era necessário assim para efeito de se botar no inventário que se fez falecimento de seu marido algumas coisas que (...) da fazenda que eles tinham em Birachoiassava e o dito juiz comigo tabelião fomos á casa da dita viúva onde ela logo em presença do dito juiz disse que da fazenda que em Birachoiava tinha, tinha posto um casal de peças de guarda da dita fazenda o qual casal ou o negro sem ordem sua dela desmanchara e desbaratara a dita fazenda vendendo o milho e mantimentos e criação que lá tinha aos homens que foram e vieram do sertão que mandando ela dita viúva (...) gente digo peças ver como estava a dita fazenda e acharam tudo desbaratado e se vieram com este alvitre trazendo uma pouca de ferramenta e umas espadas velhas, e um facão grande e uns calções usados dizendo que era aquilo o procedido de toda a fazenda de Biraxoiava pelo que requeria a sua mercê o mandasse botar tudo em inventário o que visto pelo dito juiz mandou a mim tabelião o fizesse de que fiz este termo e o assinou o dito juiz com o procurador da dita viúva em o dia atrás declarado e eu Manuel Dias tabelião o escrevi. Manuel Dias, Manuel da Costa de Pino e Balthazar Fernandes. [1]
“25/09/1536 - Concessão a Bras Cubas / Pascoal Fernandes e Domingos Pires já tinham estabelecido, a leste do ribeiro de São Jerônimo, depois chamado de “Montserrate”” [1]“10/09/1946 - Lendas sul-paulistas, Jornal A Manhã/RJ” [5] [7]

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jjjjFontes/Referências:

[1] Conhecimento Geológico sobre o Pré-Cambriano p.59 / almanarkitapema.blogspot.com (2011) / "Santos. Francisco Martins Dos. Historia De Santos V. I" / "Historia De Santos" Francisco Martins dos Santos / revista do IHGSP

[2] Inventários e Testamentos, volume VII, 1920

[3] “Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”

[4] Memória Histórica de Sorocoaba p.342

[5] Lendas sul-paulistas, Jornal A Manhã/RJ, 10.09.1946

[6] As tamboladeiras paulistas do século XVII, 1982. Eduardo Etzel

[7] Frei Agostinho de Jesus: Um artista beneditino na fronteira entre dois mundos - A américa portuguesa e espanhola, 2013. Rafael Schunk



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