"A fé de João de Camargo incomodava muito a igreja Católica. Ele foi várias vezes questionado e humilhado. Sobreviveu. E no dia do seu enterro foi mais uma vez excluído, pela última vez, pelo Monsenhor Antônio Francisco Cangro [imagem 4], rapaz carente que um dia o próprio João ajudou financeiramente. Mais João seguiu a sua via crucis e não fez caridade social. Ele realmente fez o bem sem olhar a quem." [2]
As dificuldades que João de Camargo enfrentou durante a sua vida (1858-1942) não se restringiram á cidade de Sorocaba. Uma reportagem publicada [1] pelo jornal "Diario Nacional: A Democracia em Marcha (SP)", em São Paulo em dezembro de 1931, é um exemplo da atuação de parte da "mídia".
Inicia-se com uma "fake news". Uma foto de Jão de Camargo [imagem 3) fora de contexto, tendo sua legenda alterada, e sempre em tom irônico, faz acusações ao "Papa Negro de Sorocaba". Acho que na época poucos tiveram como saber que era uma "fake news". Tive acesso á original e a legenda original [imagem 2] graças a minha querida irmã, que, coiscidemente, presenteou ao acaso.
Segue a o conteúdo da publicação (no final tem uma surpresa:
"Obedecendo as determinações do delegado de Costumes e Jogos, dr. Pinto de Toledo Junior, o dr. Tavares do Carmo, delegado adido, prendeu durante a tarde, a “feiticeira” Maria Garcia Celsa, que já era conhecida da polícia, e que também usava os nomes de Dolores Garcia, Cerka Cobo, e Celsa Garcia Casilla.
Conduzida á presença da autoridade e interrogada, Maria Garcia confessou que se dedicava á cura de todos os males, por intermédio dos espíritos, sendo representante em São Paulo, do “feiticeiro” João de Camargo, o “santo de Sorocaba”.
Como era de conhecimento público, pelas reportagens que o “Diário Nacional” havia publicado sobre o assunto, João de Camargo gozava na vizinha de grande fama, nãe sendo poucos os crédulos que diariamente acorriam á sua casa, no bairro de Água Vermelha.
Dizia que “esse indíviduo” tinha maneira especial de impressionar seus fiéis. Recebento o cliente no seu consultório e conhecidos os males que o afligiam, o “santo” imediatamente agarrava um telefone e se comunicava com o céu... É sempre São Pedro quem o atende.
Com uma familiaridade invejável, Camargo “entaboiava” conversação, pedindo a seu “amigo” que consultasse Jesus Cristo, a respeito do consulente... A resposta vinha breve, e fácil era de se imaginar a atuação desse estratagema no espírito do incauto.
Maria Celsa era representante desse grande espertalhão, e conforme fazia questão de afirmar ao delegado, só dele recebia ordens e conselhos. O único remédio que prescrevia, era receita de João de Camargo: chá de qualquer coisa, três vezes ao dia, e fé em Deus.
Entretanto haviam apurado que Maria Celsa prescrevia toda a sorte de remédios, é dava consultas de todo gênero, cobrando avultads quantias. Assim, estava tratanto de Maria Ferro, de quem já havia recebido a importância de 500$000, deixando-a gravemente enferma, em consequência das beberragens que receitou; e ainda mais, prometeu mata-lá caso não lhe entregasse outros 500$000.
Outras visitas a polícia havia descoberto indimando-as a prestar depoimento no dia seguinte. Maria Celsa, depois de autuada, foi posta em liberdade, em vista de assim a exigir seu estado de saúde.
A prisão da "feiticeira de João de Camargo" em São Paulo (05/12/1931)