O manuscrito 512, ou documento 512 é a base da maior fábula arqueológica nacional, e um dos mais famosos documentos da Biblioteca Nacional. O acesso ao relato original é extremamente restrito. Foi encontrado ao acaso, esquecido. O relato da expedição, em sua parte mais conhecida, conta que houve quem avistasse de uma grande montanha brilhante, em consequência da presença de cristais e que atraiu a atenção do grupo, bem como seu pasmo e admiração.
Tal montanha frustrou o grupo ao tentar escalá-la, e transpô-la foi possível apenas por acaso, pelo fato de um negro que acompanhava a comitiva ter feito caça a um animal e encontrado na perseguição um caminho pavimentado em pedras que passada por dentro da montanha rumo a um destino ignorado.
Após atingir o topo da montanha de cristal os bandeirantes avistaram uma grande cidade, que a princípio confundiram com alguma povoação já existente da costa brasileira e devidamente colonizada e civilizada, todavia ao inspecioná-la, verificaram uma lista de estranhezas entre ela e o estilo local.
A entrada na cidade era possível apenas por meio de somente um caminho, macadamizado, e ornado na entrada com três arcos, o principal e maior ao centro, e dois menores aos lados; o autor do texto expedicionário observa que todos traziam inscrições em uma letra indecifrável no alto, que lhes foi impossível ler dada a altura dos arcos, e menos ainda reconhecer.
Há descrição de diversos ambientes observados pelos bandeirantes, admirados e confusos com seu achado, todos relatados com associações do narrador, tais como: a praça na qual se erguia uma coluna negra e sobre ela uma estátua que apontava o norte, o pórtico da rua que era encimado por uma figura despida da cintura para cima e trazia na cabeça uma coroa de louros, os edifícios imensos que margeavam a praça e traziam em relevo figuras de alguma espécie de corvos e cruzes.
Segundo a narrativa transcrita no documento, próximo a tal praça, haveria ainda um rio que foi seguido pela comitiva e que terminaria em uma cachoeira, que aparentemente teria alguma função semelhante a de um cemitério, posto que estava rodeada de tumbas com diversas inscrições, foi neste local que os homens encontraram um curioso objeto que segue descrito a seguir.
Entrementes, quando a expedição seguiu adiante e encontrou o rio Una, o manuscrito foi confeccionado em forma de carta, com o respectivo relato, e enviado às autoridades no Rio de Janeiro; a identidade dos bandeirantes do grupo aparentemente foi perdida, restando apenas o manuscrito enviado, e a localização da cidade supostamente visitada tornou-se um mistério que viria atrair atenção de renomadas figuras históricas.
O único objeto mencionado, que foi encontrado ao acaso e descrito cuidadosamente na carta, consiste em uma grande moeda confeccionada em ouro. Tal objeto, de existência e destino incógnitos, trazia emblemas em sua superfície: cravados na peça havia em uma face o desenho de um rapaz ajoelhado, e no reverso combinados permaneciam as imagens de um arco, uma coroa, e uma flecha.
Havia também “(...) coluna de pedra preta de grandeza extraordinaria, e sobre ela uma estatua de homem ordinario, com uma mão na ilharga esquerda, e o braço direito estendido, mostrando com o dedo index ao Polo do Norte; em cada canto da dita Praça está uma Agulha, a imitação das que uzavão os Romanos, mas algumas já maltratados, e partidos como feridas de alguns raios. (...)”
O PRIMEIRO CRONISTA DO BRASIL E O PAI DA HISTÓRIA
Alguns episódios da história só são conhecidos através das 467 páginas escritas por Gabriel Soares, o primeiro cronista civil do Brasil. A ligação entre ele, o documento, e a lenda do "Sabarabussú" é notada por todos os historiadores. Era extremamente observador e devia ser homem de boas leitura. Capistrano de Abreu chamou a sua obra de enciclopédia viva do século XVI.
Não se conhece o original de sua obra “Notícia do Brasil”. São mais de 400 páginas, em que ele descreve, pela primeira vez, até o tamanho da bunda da formiga saúva, como os nativos chamavam cada inseto.
A primeira notícia que se tem do manuscrito foi dada em 1 de março de 1587, foram extraídas, ao longo de mais de dois séculos, cópias mais ou menos fiéis das quais acabaram sendo suprimidas o nome do autor e tendo seu título sofrido um certo número de variações.
O primeiro a tentar dar publicidade ao texto de Gabriel, foi Frei Mariano da Conceição Velloso, com a malograda impressão da versão intitulada “Descrição geografica da America portugueza”. Em 1825, a Academia Real das Sciencias de Lisboa publicou a dita obra, cumulada de erros, dando-lhe o título de "Noticia do Brasil, descrição verdadeira da costa daquele Estado".
Circulou por meio de várias cópias anônimas até que Francisco Adolfo de Varnhagen, considerado o “pai da história do Brasil”, preparasse a sua primeira edição completa publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com o título “Tratado descritivo do Brasil”, em 1851. Passou 28 anos "trabalhando" no texto e em 1879, lançou em livro outra edição.
Afinal o que "notícia" tem a ver com "tratado"? Perguntem ao "pai da história", ele está sepultado em Sorocaba. Quanto ao texto de Gabriel, é considerado notável, um dos mais valiosos documentos do Brasil quinhentista, com informações sobre geografia, etnografia, agricultura e desenvolvimento, e de incontestável apreço para o estudo das Ciências Naturais do Brasil, visto que, como observador atento, o autor descreveu ainda, de forma precisa e meticulosa, a fauna e flora brasileiras.
Importante frisar que o Manuscrito 512 não faz parte da obra de Gabriel Soares. Os pesquisadores o relacionam diretamente a fazenda que Gabriel possuía na qual existiu uma capela ou ermida, que, com certeza era dedicada a Nossa Senhora do Rosário.