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Atualização: 01/11/2021 23:47:12


O poder personalizado em um nome e a honra como fundamento da família, essenciais na construção da história de São Paulo, foram enterrados pela própria metrópole no século 20.

Os sobrenomes quatrocentões hoje não têm nem de perto o poder que detinham na cidade em 1900. Sobrevivem no imaginário do paulistano, fantasmas nas placas de ruas e nomes de prédios.

O historiador e colunista da Folha Boris Fausto acredita que a hegemonia econômica das famílias acabou nos anos 30, com a industrialização impulsionada por imigrantes, sobretudo italianos.

"A política tinha outro complicador, o Estado Novo", completa. Ele cita a nomeação de prefeitos pelo então presidente Getúlio Vargas como o marco do fim do poder político dos quatrocentões.

O professor do departamento de história da USP Pedro Puntoni concorda. "Há uma elite quatrocentona, mas ela não tem mais a importância de antes", afirma.

Ele avalia que o termo resiste graças às próprias famílias a que se refere. "As pessoas que insistem no termo são ricas. Faz parte da construção do prestígio."

Em meados do século 17, no entanto, todo o poder da então vila colonial era centralizado em um sobrenome. Quando havia mais de um clã forte, certamente era disputado à custa de sangue.

Brigas como as dos Pires contra os Camargos, que hoje só parecem possíveis em rincões perdidos no interior do país, já fizeram parte da história da cidade.

Os confrontos se iniciaram por volta de 1640, com componentes shakespeareanos, quando Alberto Pires matou Leonor Camargo, sua mulher, e Antônio Pedroso de Barros, seu cunhado. Há versões que afirmam que Pires teria atingido sua mulher por acaso, e, sem saber como justificar sua morte, matou também o cunhado, acusando os mortos de adultério.

As famílias Camargo e Barros decidiram por vingança. Alberto Pires morreu meses depois.

O ano de 1640 registrou ainda outro conflito entre os clãs. Pedro Taques de Almeida, parente dos Pires, se desentendeu com Fernando de Camargo, chamado de "Tigre" por sua violência e valentia. Os dois desembainharam adaga e espada no pátio da matriz e, em poucos minutos, a população se envolveu na luta, configurando uma verdadeira batalha _o tal pátio, hoje, é a praça da Sé.

Um ano depois, no mesmo local, Tigre matou Taques com um golpe pelas costas. Esse dia selou o início da guerra civil que duraria três décadas e só acabaria no aniversário de 106 anos da vila, em 25 de janeiro de 1660, com a assinatura de um acordo de paz.

Os conflitos, que se tornaram políticos com a disputa pelo controle da Câmara, podem ser explicados pela ausência de governo. "No período colonial, a família preenchia um espaço deixado pelo Estado português", afirma a historiadora e professora da USP Eni de Mesquita Samara.

Entre essas famílias, estavam os Dias Pais, Castanhos, Nunes de Siqueira, Sanches de Aguilar, Buenos e Correia Soares. Por três séculos, escreveram a história da cidade e mantiveram os sobrenomes próximos do poder.

O primeiro prefeito paulistano, Antônio da Silva Prado, administrou a cidade por 12 anos, entre 1899 e 1911. O sobrenome volta ao poder em 1934, com Fábio da Silva Prado, filho de um barão do café. Foi um dos últimos prefeitos com assinatura quatrocentona.

É um nome, hoje. De avenida.Isabelle Moreira Lima e Marina Motomura (Folha de SP) 2/12/2003


Praça da Sé (01/01/1640)


BIOGRAFIAS E TEMAS RELACIONADOS


Bandeirantes
Guilherme Pompeu de Almeida
Bituruna
Pedro Taques


Fontes/Referências:

[1] 01/01/1640
*Conflito entre os clãs
Isabelle Moreira Lima e Marina...
[2] 24/11/1655
O governador geral do Estado na Bahia, conde de Athouguia, aprova a concordata feita em São Paulo para que, nas eleições da câmara, entrassem sempre dali em diante pessoas das famílias dos Pires e dos Camargos em némero igual
"Algumas notas genealo´gicas :...
[3] 25/01/1660
O Tigre matou Taques com um golpe pelas costas
Isabelle Moreira Lima e Marina...
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