No século XIX, a relação entre Brasil e Argentina foi marcada pelo predomínio da rivalidade. Ao continuar com o sistema de governo, o Brasil Monarquico foi percebido como o herdeiro da aspiração hegemônica e intervencionista portuguesa na Bacia do Rio da Prata.
Isso determinou, em grande medida, o desenvolvimento das relações do Brasil com seus vizinhos republicanos.Tal foi o caso da Guerra da Cisplatina (1825-1828), ou, segundo a historiografia argentina, Guerra contra o Império do Brasil, na qual o Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata disputaram a Província de Cisplatina.
Outro conflito foi a Batalha de Caseros de 1852, em que o Exército Grande, integrado por Brasil, Banda Oriental e Províncias de Corrientes e Entre Ríos derrotou a tropa da Confederação Argentina.
Após a Guerra do Paraguai se estabeleceu um período de Paz entre os dois vizinhos, sendo a Hegemonia Militar do Brasil, em especial sua supremacia naval, incontestável. O mesmo não era verdade porém, com relação a economia e outros índices. No Plano da Divisão Internacional do Trabalho, a Argentina alcançou um patamar econômico superior ao do Brasil no final do Século XIX, especialmente após a Presidência de Julio Argentino Roca.
Entre 1886 a 1914 o Produto Nacional Argentino passou de 1 bilhão para 15 bilhões, no final do Século XIX sua renda média era superior ao da Espanha, Suécia e Itália. Em 1880 o Produto Interno Bruto do Brasil era o maior da América do Sul sendo superado pela Argentina no final do Século. Em 1880, a Renda Per Capita média do brasileiro era o equivalente a 211 dólares, enquanto a dos argentinos era de 470.
Em 1889, mais de 60% dos argentinos eram alfabetizados (cerca de 600.000 pessoas), no Brasil, o índice era pouco mais de 20% (cerca de 2.800.000 de pessoas). Em 1890 a Linha Ferroviária do Brasil era de 9.583 quilômetros, a da Argentina era de 9.254 quilômetros no mesmo ano, sendo que o território do Brasil é 3 vezes maior.
A escravidão foi abolida oficialmente na Argentina em 1853, enquanto no Brasil demorou mais 35 anos. A oligarquia pecuarista argentina era mais ambiciosa e próspera que a oligarquia cafeeira brasileira ou qualquer outra da América do Sul.
Fonte: Argentina-Brasil: a grande oportunidade, Por Marcelo Gullo/ Coleção Diplomata - História - Tomo I - O tempo das Monarquias Por FABIANO SILVA TAVORA, RODRIGO GOYENA DA SILVEIRA SOARES