| | registros | 09/04/2025 16:27:59 |
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| Atualização: 24/10/2021 00:25:08 |
| De todas as graves palermices que se vão contando sobre o passado comum a portugueses e brasileiros, poucas serão de refutação mais simples, mas de efeito mais largo e destruidor, que a noção de que Portugal "roubou" ouro brasileiro, ou de que esbulhou esse seu antigo território hoje feito grande nação independente.
Trata-se de falsidade grotesca e sem ponto por que se lhe pegue, mas amplamente divulgada pela indústria da lusofobia. Por um lado, e será esse o primeiro argumento a atirar as desinformados, Portugal não poderia "roubar" de si mesmo. O Brasil era terra portuguesa, foi-o de 1500 a 1822, e era-o então tanto, e com o mesmo estatuto, as mesmas prerrogativas e a mesma dignidade que qualquer outra parcela do todo nacional.
Não foi território conquistado; foi país feito, erguido onde antes nada havia e jamais houvera para lá de grupos confusos, sem consciência de si, desconhecedores da linguagem escrita, desorganizados e antagónicos, cuja vida se fazia de constante migração, combate cruel e canibalismo.
Ao arribar na costa brasileira, pois, Portugal apostou-se na sua descoberta para sul e norte, que se fez com as expedições de Gonçalo Coelho e Gaspar de Lemos; percebido o Brasil como parte de continente maior, e não como ilha, Portugal instalou nele feitorias comerciais para a exportação de madeiras e demais produtos exóticos.
A mais apreciada das madeiras ali extraídas, o pau-brasil, viria a rebapatizar a nova terra. Seguiu-se, para espantar o interesse de competidores europeus, o assentamento militar, o povoamento e o aproveitamento em maior escala do território. Foi essa a estratégia a inspirar a expedição de Martim Afonso de Sousa, primeiro grande pioneiro brasileiro; foi ela, também, a conduzir à instituição de um Governador Geral do Estado de Brasil, cargo de que Tomé de Sousa foi o primeiro ocupante.
Mem de Sá, que lhe seguiu no governo do Estado do Brasil, expulsou definitivamente os franceses e lançou, com o amparo de Lisboa e da Igreja, bom alicerce do que viria a ser a actual nação brasileira. O que se seguiu foi a construção do Brasil.
Por toda a parte se forjaram ferros, partiu pedra, nasceram muralhas, recriaram as instituições trazidas da Europa, se semeou com câmaras e cartas de Foral o auto-governo pelos brasileiros - os portugueses do Brasil, avós dos brasileiros dos nossos dias -, se fizeram aldeamentos para os índios, casas para ensinar a ler e a contar e colégios onde as gentes deste Portugal americano descobriam a álgebra e a lógica, o latim, o grego, a música e o direito.
Tão grande empresa não se faz sem recursos, e a de Portugal no Brasil correspondeu a não menos que à edificação de uma nova Europa onde jamais se fizera uma estrada, se conhecera a civilização, se escrevera um livro ou erguera algo em pedra. Ora, imenso, arrasador, foi para Portugal o custo de fazer o Brasil quando já tão ocupado se achava com a protecção do seu império em África, na Ásia e na Europa.
O leitor surpreender-se-á, pois, conhecendo o que representava para Portugal, em pleno pico da produção açucareira no Brasil, aquele Estado para os cofres da monarquia: 5 - cinco - porcento dos rendimentos gerais do Estado; isto é, o Brasil foi, até ao final do século XVII, financeiramente irrelevante para o império. Considerando, com efeito, o que nele investiu Lisboa, parece seguro que só em momento tardio se tornou a província de além-mar lucrativa para Portugal.
Mas nem por isso se desinteressou o reino dela, nem por isso a abandonou ao jugo dos grandes capitalistas de Amesterdão quando estes a separaram da pátria-mãe e nem por isso a abandonou à sua sorte. Lisboa percebeu sempre a relevância estratégica do Brasil e a importância da obra civilizadora que lá se realizava. E, se é verdade que a arriscada aposta que fez nestes primeiros duzentos anos da existência brasileira se lhe faria lucrativa no século XVIII, é-o igualmente que Portugal não poderia ter antecipado a fabulosa riqueza mineral que acabaria por lá ser descoberta.
Porém, desvendado o que representou para o orçamento português o Brasil nos primeiros duzentos anos da sua existência, impõe-se um esclarecimento quanto ao tão falado, tão estudado, tão debatido ouro brasileiro.
Se por volta de 1630 o Brasil era centro inquestionável da produção mundial de açúcar - estima-se que seria de produção brasileira 80% do produto chegado a Londres - e o Brasil representava nesse tempo 5% das receitas do Estado, é sabido que o Estado do Brasil ganhou rapidamente protagonismo económico ao longo do século XVIII.
Foi esse protagonismo económico que acabou por ditar a sua autonomização política em 1815, com a elevação do Estado a Reino, e a independência em 1822. A rápida ascensão económica do Brasil ao longo das centúrias de XVII e XVIII é inseparável da exploração aurífera, e a verificação dessa evidente correlação bastaria, por si só, para desmentir a tese de esbulho.
Embora muito regulamentada pela Coroa, a exploração do ouro e diamantes brasileiros era empreendimento essencialmente privado e cujos principais actores eram brasileiros - isto e, portugueses recém-chegados ou há muito residentes no Brasil. O Estado central, pois, limitava-se a cobrar impostos sobre o ouro extraído no Brasil por portugueses do Brasil. Essa taxa, o Quinto Real, correspondia a um quinto - ou 20% - do ouro extraído, pertencendo legalmente o restante a quem o encontrasse.
A lei, contudo, foi sendo mais ignorada que escrupulosamente cumprida, estimando o historiador britânico Anthony Disney que nem um terço do ouro brasileiro acabou submetido ao Fisco. A fazer fé no cálculo minucioso, informado e geralmente aceite de Disney, teriam chegado aos cofres da Monarquia uns parcos 7% do ouro brasileiro. No final do século XVIII, Lisboa tentaria combater a evasão fiscal reduzindo o imposto cobrado, que era de apenas 10% à data da independência.
Entre 1720 e 1755, chegaram a Lisboa do Brasil, em média, 15 a 20 toneladas de ouro por ano. Dessas, três ou quatro eram propriedade do Rei, servindo para a defesa geral do Estado, sua manutenção e desenvolvimento. Grande parte desse ouro regressou ao Brasil em forma de novas cidades, de povoamento de terra então deserta, do apetrechamento de fortalezas, da edificação de estradas, hospitais, pontes e colégios.
Outra parte, oitenta porcento, dessa fortuna arrancada à terra era privada, e chegou a Lisboa para pagar a importação de artigos metropolitanos pelo Brasil. A grande dinamização do comércio entre a Metrópole e o Estado do Brasil durante o século XVIII é prova da saúde da economia do império e, nele, da das suas parcelas europeia e americana. Onde está, portanto, o ouro brasileiro?
Nas actuais fronteiras do Brasil, que se garantiram com as expedições e a sábia - mas cara - política externa que ajudou a custear; está nas fortalezas com que se defendeu o Brasil de predadores estrangeiros, em incontáveis edifícios de utilidade pública, em cidades, fábricas, fazendas e colégios. O ouro do Brasil serviu para fazer o país imenso que a monarquia portuguesa legou aos brasileiros.
Rafael Pinto Borges |
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Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.  |
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