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Atualização: 17/11/2021 04:37:05




Uma pesquisa nas atas da Câmara de São Paulo comprova que o termo bandeirante não existia antes do fim do século 19. A documentação oficial não se referia a eles nem como bandeirantes nem como sertanistas.

O mais próximo que se encontra é "homens que vão ao sertão". Em 16 de maio de 1583, por exemplo, a Câmara registrou a reclamação de Jerônimo Leitão, capitão de São Vicente, indignado com as pessoas que iam "ao sertão" sem sua licença, causando "prejuízo" para a capitania. Ele contava estar "informado de muita devassidão" nessas empreitadas mata adentro. [1]


Em 27 de julho de 1671 a palavra “paulista” é empregada pela primeira vez pelo Visconde de Barbacena. [2]
O termo “Bandeira” aparece a 20 de fevereiro de 1677 quando o sucessor de Barbacena narra que “os índios do vale do Rio São Francisco haviam degolado várias bandeiras de paulistas. [3]

Em 1797 o historiador e monge beneditino Gaspar Teixeira de Azevedo, é o primeiro a chamar, em livro, de bandeiras as incursões pelo sertão — o faz em "Memórias Para a História da Capitania de São Vicente", publicado originalmente em 1797. Mas ele ainda não empregava o termo bandeirantes. Chamava-os apenas de paulistas. [4]


A primeira menção do termo bandeirante pela imprensa ocorreu em 11 de abril de 1837. Uma nota publicada pelo jornal "Pharol do Império", do Rio de Janeiro, narrando que um "bandeirante", Sebastião Fernandes Tourinho, chefiou em 1573 uma expedição que "subiu pelo Rio Doce, e atravessando imensos sertões desceu pelo Jequitinhonha para a província da Bahia conduzindo escravos, algumas amostras de esmeraldas ou safiras". [5]


Em 1867 o escritor e jornalista português José da Silva Mendes Leal publicou o romance “Os Bandeirantes” em cuja primeira página o leitor já é apresentado a “um viageiro de trajo modesto e boa presença” [6]


Em 1870 Francisco Adolfo de Varnhagen, o “pai da história” publicou “História Geral do Brasil”, cuja obra ele também usa o termo bandeiras, mas não menciona nem bandeirantes nem sertanistas. [7]


O primeiro registro da palavra bandeirante em um dicionário de língua portuguesa data de 1871. Trata-se do dicionário publicado pelo frei Domingos Vieira, diz Waldman, no qual "bandeirante é definido como ´o afiliado da bandeira, ou companhia de exploração das matas virgens". [8]


Segundo o historiador Paulo César Garcez Marins, professor do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), quem primeiro elegeu os bandeirantes, também chamados de sertanistas, como heróis foram os membros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), na década de 1890, em conjunto com genealogistas de então. [9]


O retrato de Domingos Jorge Velho, obra executada em 1903 por Benedito Calixto (1853-1927). "Foi a primeira representação visual de um bandeirante a entrar na coleção do Museu Paulista.

Nessa tela, já aparecem muitas das características que acabaram por se tornar uma convenção de como representá-los: traços europeus e pele branca, chapéus de aba larga, botas de cano alto, bacamarte e a pose altiva inspirada diretamente nos retratos de reis, a partir do modelo de Hyacinthe Rigaud para o célebre retrato de Luís 14, hoje no Louvre", contextualiza ele. [10]


Afonso de Escragnolle Taunay assumiu a direção do Museu Paulista em 1917. Sua principal missão era preparar o mesmo para as comemorações do Centenário da Independência do Brasil.

Para muitos Taunay foi o primeiro a "tratar o bandeirante como herói". Sua tarefa foi facilitada pelo acesso que ele teve aos documentos do Arquivo Histórico Municipal. Autor positivista, que somente dá crédito a partir de provas documentais, ele teve nesses documentos a prova necessária para suas análises.

As obras encomendadas por Taunay acabaram "reforçando as características visuais dos bandeirantes e trazendo outras, como o uso do gibão acolchoado em losangos, cobrindo o tronco". [11]


O ano chave foi 1922, nos preparativos para as comemorações do centenário da Independência do Brasil, Taunay trabalhou para "enaltecer o papel dos paulistas na conquista territorial do interior do continente. [12]


Taunay escreveu muito para jornais e depois refundia os textos em livros sem citar nenhuma fonte de documentação e das publicações anteriores.

Entre 1924 e 1950, Taunay publicou "História Geral das Bandeiras Paulistas", obra em 11 tomos. Ele encomendou toda a representação iconográfica e a estatutária do bandeirismo que decora os salões do museu. [13]


Lançamento do livro “Raça de Gigantes” de Alfredo Ellis Junior, nele, definiu o paulista como uma sub-raça resultante do cruzamento eugênico [14]


Em busca do “imigrante ideal”, em 17 agosto de 1926, Alfredo Ellis Junior apresentou à Câmara Legislativa paulista o primeiro projeto de lei de seu mandato de Deputado Estadual. O objetivo do projeto, conforme destacou o escritor Menotti Del Picchia, também deputado estadual na época, era criar um “aparelhamento técnico-científico para o fim de estudar e orientar cientificamente, sob o ponto de vista antropossocial, antropogeográfico, antropofisiológico e demográfico as correntes que demandam o nosso país” [15]


Essas características iconográficas estabelecidas no Museu Paulista são utilizadas em momentos chave da história paulista: a Revolução de 1932 foi uma delas.

A partir de 9 de julho de 1932, quando estoura a Revolução Constitucionalista, apareceram em cartazes, cédulas, selos, porcelanas, anúncios comerciais, murais e em monumentos públicos.

A relação com os bandeirantes estava presente até nos nomes dos batalhões. Muitos deles homenageavam figuras históricas do tipo, como Fernão Dias, Paes Leme Raposo Tavares e Anhanguera.

"A revolução usou algumas imagens dos bandeirantes como os grandes heróis paulistas para conquistar corações e mentes durante o período", afirma o pesquisador e colecionador Ricardo Della Rosa, autor do livro "Revolução de 1932: A História da Guerra Paulista em Imagens, Objetos e Documentos". "Isso foi feito de forma intensiva, por meio da propaganda de guerra." [16]


No livro "Confederação ou Separação" publicado em 1933, o historiador e sociólogo Alfredo Ellis Júnior (1896-1974) partiu do caráter do bandeirante para defender que os paulistas eram "diferentes" dos demais. "Eles [os bandeirantes] eram apelidados de ´portugueses´, de ´vicentinos´ ou de ´paulistas´. Jamais foram brasileiros", escreveu. [17]


Em 25 de janeiro de 1954 a cidade de São Paulo inaugura o Parque do Ibirapuera, a Catedral da Sé e o Monumento às Bandeiras. [19]
Em julho de 1955 é inauguração do Obelisco aos Heróis de 32. [20] O dicionário Houaiss, edição de 2009, em que "o bandeirante é registrado como substantivo masculino que denomina um indivíduo que no Brasil colonial tomou parte em bandeira (expedição)". [21]


Domingos Jorge Velho e Antônio Fernandes de Abreu (01/01/1903)


BIOGRAFIAS E TEMAS RELACIONADOS


Bandeirantes
Pela primeira vez
Afonso d´Escragnolle Taunay
Visconde de Porto Seguro
1º visconde de Barbacena
Fernão Dias Paes Leme
Diamantes, ouro e prata
Sabarabuçu
Minas de Paranaguá
Jerônimo Leitão
Rio São Francisco
Eugênio Salerno
Tancredo Neves
Roberto Marinho e a Rede Globo
Mais ricos do Brasil
Prefeitos de Sorocaba
Getúlio Dornelles Vargas
Presidentes do Brasil
Manoel de Lemos Conde


Fontes/Referências:

[1] 16/05/1583
Câmara registrou a reclamação de Jerônimo Leitão, capitão de São Vicente, indignado com as pessoas que iam "ao sertão" sem sua licença, causando "prejuízo" para a capitania
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[2] 27/07/1671
A palavra “paulista” é empregada pela primeira vez pelo Visconde de Barbacena
"O Romance da Prata"
[3] 20/02/1677
O termo “Bandeira” é usado pela primeira vez
[4] 01/01/1797
*Publicado “Memórias Para a História da Capitania de São Vicente”
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[5] 11/04/1837
Primeira menção do termo bandeirante pela imprensa publicada pelo jornal "Pharol do Império", do Rio de Janeiro
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[6] 01/01/1867
*O escritor e jornalista português José da Silva Mendes Leal (1820-1886) publicou o romance “Os Bandeirantes” em cuja primeira página o leitor já é apresentado a “um viageiro de trajo modesto e boa presença”
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[7] 01/01/1870
*Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) publicou “História Geral do Brasil”
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[8] 01/01/1871
*o primeiro registro da palavra bandeirante em um dicionário de língua portuguesa
"Entre Batismos e Degolas: (De...
[9] 01/01/1890
*Segundo o historiador Paulo César Garcez Marins, professor do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), quem primeiro elegeu os bandeirantes, também chamados de sertanistas, como heróis foram os membros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[10] 01/01/1903
*Retrato de Domingos Jorge Velho de Benedito Calixto é primeira representação visual de um bandeirante a entrar na coleção do Museu Paulista
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[11] 01/01/1917
*Afonso de Escragnolle Taunay assumiu a direção do Museu Paulista há exatos 100 anos, em 1917. Sua principal missão era preparar o mesmo para as comemorações do Centenário da Independência do Brasil.
[12] 01/01/1922
*Afonso d´Escragnolle Taunay: o “formulador” do mito bandeirantes
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[13] 01/01/1924
*Entre 1924 e 1950, Taunay publicou "História Geral das Bandeiras Paulistas", obra em 11 tomos
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[14] 01/01/1926
*Lançamento do livro “Raça de Gigantes” de Alfredo Ellis Junior, nele, definiu o paulista como uma sub-raça resultante do cruzamento eugênico
[15] 17/08/1926
Alfredo Ellis Junior apresentou à Câmara Legislativa paulista oprimeiro projeto de lei de seu mandato de Deputado Estadual
DEL PICCHIA, 1926
[16] 09/07/1932
Estoura a Revolução Constitucionalista
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[17] 01/01/1933
*“Confederação ou Separação” do o historiador e sociólogo Alfredo Ellis Júnior (1896-1974)
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[18] 25/01/1953
Inauguração do Monumento às Bandeiras,
sabercultural.com
[19] 25/01/1954
A cidade de São Paulo (SP) faz 400 anos e inaugura o Parque do Ibirapuera, a Catedral da Sé e o Monumento às Bandeiras
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[20] 09/07/1955
Inauguração do Obelisco aos Heróis de 32
Edison Veiga (20/06/2020) BBC...
[21] 01/01/2009
*Dicionário Houaiss, edição de 2009, em que "o bandeirante é registrado como substantivo masculino que denomina um ´indivíduo que no Brasil colonial tomou parte em bandeira (expedição)´"
"Entre Batismos e Degolas: (De...
  


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