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SOROCABA: UMA CIDADE, MUITAS INVOCAÇÕES
28/12/2021 20:40:17
Segundo os dizeres gravados na “Santa Cruz da Composição”, entre as ruas Santa Clara e Nogueira Martins, alí “Balthazar Fernandes erigiu a 1ª Santa Cruz do Senhor Jesus Cristo”.

Por que Balthazar não erigiu alí uma capela? Ou teria erigido? Existiu uma capela da “Santa Cruz”, alí próximo, na rua Santa Cruz.

Em 1782 foi autorizada a transferência da Matriz para a construção na atual praça cel. Fernando Prestes. Até então, a matriz era a igreja sob duas invocações com fundamentos diferentes, “Santa Ana” e “Nossa Senhora da Ponte”. Até 21 de novembro de 1925 à padroeira de Sorocaba e o Mosteiro eram a “Nossa Senhora da Apresentação”.

CRONOLOGIA E REGISTROS


Segundo o site da Catedral Metropolitana de Sorocaba e também a Secretaria de Turismo de Sorocaba: “a Catedral de Sorocaba como conhecemos hoje não foi sempre esta, já foram consideradas como Catedral a antiga Igreja de Santo Antônio, a Igreja sob duas invocações, de “Santa Ana“ ” e da “Ponte”, e há fatos que comprovam que já foi também na região da avenida Itavuvu”.

PRIMEIRA CAPELA “ESPANHOLA” NO ITAVUVU

A “Nossa Senhora” do Itavuvu era a de “Montserrat”, chamada “La Morenita”, pela pele escura. É certo que foi D. Francisco de Souza quem erigiu uma capela ou ermida no Itavuvu. Em outubro de 1598 ele partiu de São Paulo para visitar pela primeira vez as proximidades do local, talvez foi quando:

“erigiu o pelourinho, um esteio de madeira de lei com uma faca e um gancho de ferro, objetos esses, nos ricos pelourinhos de pedra, menos grosseiros e coroados com as armas reais. (...) sob o nome de São Filipe, no mais antigo mapa em que aparece a região de Sorocaba (...) o que a tradição oral guardou é a localização da segunda Sorocaba no Itavuvu. Lá estão hoje (1970), com casas mais modernas, como que duas ruas em ângulo reto e num dos lados a capela, sucessora de outra que também não é a primeira.” [1]

1646: DO ITAVUVU PARA ONDE?

Ainda existe a capelinha no Itavuvu. Muitos documentos, o principal deles, intitulado “Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, obra de João Mendes de Almeida, na página 115, confirma que é essa a transferida para “matriz de Santana de Parnaíba em 1646, que começa a ser reconstruída e foi finalizada por volta de 1650”. [2]

Portanto, a mesma que Balthazar Fernandes teria construído como “Capela de Nossa Senhora da Ponte” ou "Santa Ana", colocando nela a imagem que trouxe consigo. O que justifica a curiosa citação de Aluísio sobre a aparência da imagem trazida por Balthazar: “tinha feições castelhanas (espanholas), com pele morena”, como a do Itavuvu. [3]

Em 2 de março desse mesmo ano o rei D. João IV oficializa como padroeira do reino a “Visitação”. [4]

Outra evidência de que a Capela de Santa Ana em Parnaíba é a mesma de Sorocaba, “em 21 de novembro de 1654 a primeira missa em Sorocaba teria sido celebrada. A data escolhida para a celebração da nova padroeira da Visitação, mas documentalmente, o padre Francisco de Oliveira estava em Parnaíba”. Como isso? [6]

1660: UMA DOU DUAS CAPELAS?

O culto à “Santa Ana”, a matrona branca que ensina a bíblia na senzala, nem sempre foi aceito pela igreja católica. Aluísio de Almeida, em “Memória Histórica de Sorocaba I”, página 244: “A capela de Nossa Senhora ou igreja é a mesma dedicada a Santa Ana e popularmente chamada de São Bento (...)” [7] E na página 349: “entre esta e a casa, ficou em uso-fruto para o doador a vinha, situada nesse trecho, havendo mata perto da atual rua Santa Cruz, como a havia, e comprida, atrás da capela.” [8]

O mesmo Aluísio, em “Memória Histórica de Sorocaba II”, página 88: “O Provincial em visita, frei Francisco da Visitação, e frei Anselmo Batista, aqui residente desde 1660, vindo de Parnaíba, receberam como doação da Câmara uns pastos a começar na cruz de Nossa Senhora da Ponte, igreja que lhes pertencia e um capão de mato na outra banda do Supirirí”. [9]

Em 21 de abril de 1660, Baltazar Fernandes garantiu a fundação doando aos Monges de São Bento, de sua Parnaíba, a capela de “Nossa Senhora da Ponte” ou da “Visitação” e outros bens. [10]

DUAS IGREJAS E DUAS SEPULTURAS

Lembrando que somente em junho de 1752 foi assinada a provisão de ereção da nova capela de Santo Antônio. E a construção da atual Matriz se iniciou em 1771, como, em 4 de julho de 1667 tinham duas opções para escolher a sepultura de Balthazar Fernandes:

“(...) entre o jazigo, já, pronto, na igreja de São Bento, e a matriz em obras, a escolha da sepultura é tanto mais evidente quanto em São Bento os monges rezavam uma missa por mês por sua alma e, pelo costume, aspergiam (ou deviam fazê-lo) o túmulo real e não o simbólico do pano preto”. [11]

Em julho Francisco da Visitação “chega para tomar posse da igreja doada e o orago da N.S. da Ponte transfere-se para a nova matriz, e a igreja beneditina, daí em diante muda a sua invocação para N.S. da Visitação”. [12]

Em 1678 foi “nomeado o primeiro vigário de Sorocaba, pelo menos o primeiro de que ficou notícia e a igreja do futuro convento deixou de ser de Nossa Senhora da Ponte”. [13] Não se pode saber em que ano chegou a imagem de Santa Ana, uma vez que mesmo os padres não mudaram a escrituração. [14]

Em junho de 1728 é assinado o termo da “Santa Cruz da Composição”, que registra o local escolhido por Balthazar Fernandes para erigir a primeira cruz. [15]

Em 1732 o Mosteiro é registrado como “Nossa Senhora da Visitação da Vila de Nossa Senhora da Ponte”. [16]

MATRIZ NA IGREJA DE SANTO ANTÔNIO

Se em 8 de junho de 1753 “D. Frei Antônio da Madre de Deus Galvão assinou provisão de ereção da nova capela de Santo Antônio”, onde era a primeira capela de Santo Antônio? E quando foi matriz? [18]

ATUAL CATEDRAL

Em 1771 se iniciou a construção da atual igreja matriz. [20] Segundo o jornal “O Sorocabano” outra foi demolida outra no mesmo lugar. [21] Em junho desse de 1772 a Câmara Municipal escreve ao rei: “acha-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Ponte da Vila de Sorocaba destituída de toda a qualidade de ornamentos precisos para a celebração dos Officios Divinos”. [22]

Em março do ano seguinte a requisição é encaminhada ao rei. [23] Em 15 de junho “ordenar-vos informeis com vosso parecer declarando a origem, que teve a ereção desta Igreja. El-Rei Nosso Senhor o mandou pelos conselheiros do seu Conselho Ultramarino”. [24] Em 1782 o Pio VI declarou a Santa Ana “padroeira e protetora de São Paulo”. [25]

Em 1782 D. Manuel da Ressurreição (Bispo da Diocese de São Paulo) autorizou a transferência da Matriz para esta nova construção na praça central. [26]

CAPELAS ANÔMALAS EM 1819

Em 1819 o Mosteiro de São Bento doou o terreno ao lado da igreja, atual Praça Carlos de Campos, o primeiro cemitério a céu aberto de Sorocaba. Era fechado com grades, tendo em seu interior uma capela dedicada à Santa Cruz. Foi conhecido como “Cemitério dos Bexiguentos”, na época da epidemia da “cólera morbus” e foi utilizado até 1863. [28]

Em 1819 o francês August Saint-Hilaire registra em Itu a “Nossa Senhora” perto de uma ponte: “Em cada extremidade da ponte existe uma venda, tendo ao lado um pequeno rancho, e um pouco mais abaixo, à direita do rio, vê-se a capela de Nossa Senhora da Ponte, com a casa do vigário”. [29]

Em 1833 é construída uma capela a Capela de Santa Cruz, na rua Santa Cruz. [30] Em 21 de novembro de 1925 foi celebrado o último dia de Nossa Senhora da Apresentação. [31]


Capela “Nossa Senhora da Ponte”

Catedral / Igreja Matriz

Capelas/Ermidas

Balthazar Fernandes

Pela primeira vez

Mosteiros de São Bento

Mosteiro de São Bento

Capela de Santa Ana de Sorocaba

Nossa Senhora da Visitação

Bandeirantes

“Sorocabanos” históricos

Bairro Itavuvu

Câmara Municipal de Sorocaba

Nossa Senhora do Rosário

Capela de Santa Ana

Fernão Dias Paes Leme

Frei Agostinho

Beneditinos

Nossa Senhora da Apresentação

Conventos

Capela “Santa Cruz”

Cemitérios

D. José I

Santo Antônio

Padre Francisco Fernandes de Oliveira

Salvador de Oliveira Leme

Nossa Senhora da Piedade

Convento/Galeria Santa Clara

Primeira Matriz

Santa Ana

Gabriel de Lara

André Fernandes

Auguste de Saint-Hilaire

Capitania do Espirito Santo

Diogo Gonçalves Lasso

Rio São Francisco

Vinho

Afonso Sardinha, o Velho

Martim Correia de Sá

Diamantes, ouro e prata

Manuel Fabiano de Madureira

Fazendas

Escolas em Sorocaba

Cláudio Furquim de Camargo

Vila da Parnaíba

Nossa Senhora do Desterro de Santana de Parnaíba

Fr. Anselmo da Anunciação

Nossa Senhora do Pilar

Habitantes

Escravizados em Sorocaba

Minas de Paranaguá

Cachoeiras

Bairro de Aparecidinha / Aputerebi

Francisco de Sousa

Capitania de São Vicente

Nossa Senhora de Montserrate

Manoel Fernandes de Abreu “Cayacanga”

João IV, o Restaurador

Pelourinhos

Rua Barão do Rio Branco

Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte

“Índios”

[1] Memória Histórica de Sorocaba p.339 - "SP na órbita do império dos Felipes" José Carlos Vilardaga p.142 - Anaes da biblioteca nacional (1885 - 1886) p.159 / geneall.net / “Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX” (1886) João Mendes de Almeida (1831-1898) p.114 / Memória Histórica de Sorocaba p.341 / Metropolitana de Sorocaba e também a Secretaria de Turismo de Sorocaba

[2] Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária Colonial p.247

[3] "Culpado ou Inocente?" p. 69; 130 / Memória Histórica de Sorocaba - Parte I p. 345 / https://www.genearc.net/ - Revistado do IHGSP p.212 / mosteirosorocaba.org/o-mosteiro

[4] "Questões Pedagógicas" - Revistas.Usp.Br

[5] Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária Colonial p.247 / “Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX” (1886) João Mendes de Almeida (1831-1898) / IHGSP

[6] Memória Histórica de Sorocaba I p.345

[7] "Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?" p.30 / p. 75 / Memória Histórica de Sorocaba I p.344 / treinamento24.com

[8] Aluísio de Almeida

[9] Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária Colonial p.274 / Memória Histórica de Sorocaba II p.88

[10] "Balthazar Fernandes: Culpado ou Inocente?" p. 130/132 - memória histórica de sorocaba (I) p.350 / Quando os Monges eram uma civilação

[11] "Culpado ou Inocente?" p. 93; / “Memória História de Sorocaba II” Aluísio de Almeida p. 352

[12] "Culpado ou Inocente?" p. 132

[13] "Memória Histórica de Sorocaba (II)" Aluísio de Almeida p.89

[14] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=23957

[15] Jornal Diário de Sorocaba (15/08/2016)

[16] "Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?" p. 95

[17] Aluísio de Almeida, 1969, p.162

[18] ALMEIDA, 2002, p.76; "A idéia da cidade"

[19] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=6116

[20] arquidiocesesorocaba.org.br / turismo.sorocaba.sp.gov.br (Última atualização: 06/2018)

[21] Gazeta de Campinas/SP (12/06/1870) p.2

[22] Arquivo Nacional - Documentos Históricos Vol. II

[23] Arquivo Nacional - Documentos Históricos Vol. II

[24] Arquivo Nacional - Documentos Históricos Vol. II

[25] "Mãe, mestra e guia: uma análise da iconografia de Santa’Anna" Maria Beatriz de Mello e Souza

[26] catedraldesorocaba.org.br

[27] Diario de S. Paulo (SP.06/10/1865) p.2 / arquidiocesesorocaba.org.br

[28] Textos de Aluísio de Almeida / Jornal Cruzeiro do Sul (23/07/12)

[29] “Viagem á Província de São Paulo Paulo” August Saint-Hilaire p.249

[30] Diário de Sorocaba (28/06/2014)

[31] Memória Histórica de Sorocaba - Parte I p. 345



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