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REGISTROS DE FÁBRICAS NO IPANEMA
10/01/2022 15:26:06

A última fábrica de ferro construída no Ipanema foi criada em 4 de dezembro de 1820 como Companhia Montanística das Minas Gerais de Sorocaba, empresa responsável pela fundição de Ipanema, como uma sociedade de capital misto, com treze ações pertencentes à Coroa Portuguesa e 47 a acionistas particulares de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia. [13] Não foi a primeira.


Em 1753 um herdeiro e descendente da Condessa de Vimieiro vendeu para a capitania de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém a Coroa Portuguesa, e esta a anexou à Capitania de São Paulo. [1] Em 6 de janeiro de 1765 a Capitania de São Paulo foi restaurada por Dom José I. [2]

No dia 17 Carta Régia nomea governador para a Capitania de São Paulo, Luís António de Sousa Botelho Mourão, o 4.º Morgado de Mateus, de 43 anos. [3] Dia 26 carta Régia autoriza o governador de São Paulo a povoar os sertões do Sul, criando vilas e postos militaes, e abrir caminhos ao comércio. [4]

Em 28 de fevereiro Domingos Ferreira Pereira construiu uma fábrica de ferro no Araçoiaba, cerca de 3 km do engenho dos Sardinha. [5]

Em 23 de julho ao desembarcar em Santos, foi encarregado de analisar a situação da Capitania de São Paulo e desesperou-se com inúmeros obstáculos à administração: uma capitania sem recursos, sem produção econômica, desorganizada, com uma população dispersa e “selvagem”, fatores que se apresentavam como impedimento ao uso da população para a militarização”. [6]

SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO, O GRANDE MARQUES DE POMBAL

Em 9 de dezembro de 1765, ofício do governador e capitão-general da capitania de São Paulo, D. Luís de Antônio de Sousa Botelho Mourão, Morgado de Matheus, para o ministro e secretário de estado dos negócios do reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, dando-lhe conhecimento do envio da amostra do primeiro ferro extraído por Domingos Ferreira Pereira da mina junto à vila de Sorocaba e manifestando o desejo que o ferro seja o suficiente para o trabalho dos mineiros. [7]

Após um tempo “desaparecido”, o Mestre ferreiro de Domingos Ferreira, chega preso em Santos em fevereiro de 1767. [8]

Em 14 de maio Botelho Mourão concedeu sesmaria no morro de Biraçoiaba a Domingos Ferreira Pereira. [9] Em a 1 de junho inicia o funcionamento de uma fábrica no Ipanema. [10]

A 2 de janeiro de 1768, em dois ofícios, N.º 2 e N.º 3, do governador e capitão-general da capitania de São Paulo, D. Luís Antonio de Sousa Botelho Mourão, Morgado de Matheus, para o ministro e secretário de estado dos negócios do reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, sobre a fábrica de ferro de Sorocaba registra-se:

Informado, no primeiro, não ter a fábrica de ferro dado, até o presente, o rendimento desejado. Dá conta do que tem feito Domingos Ferreira Pereira, vindo para a capitania com poder de minerar ferro e chumbo o qual passou ao morro de Araçoiaba, no distrito da vila de Sorocaba, para fazer as primeiras experiências; e das sociedades que tentou organizar para a criação destas fábricas e do contrato de sociedade que, por fim, se estabeleceu com o capital de dez mil cruzados.

Apesar dos trabalhos e gastos despendidos, não se tem conseguido acertar com a caldeação do ferro. Por isso, remete alguma pedras para ser examinada no reino a fim de saber se se o defeito procede da pedra, se da imperícia do mestre, João de Oliveira de Figueiredo;

No segundo informa que João Fitzgerald, vice-cônsul deputado da Inglaterra, em Lisboa, fazia parte da sociedade de que Domingos Ferreira Pereira estabeleceu para fundar a fábrica de ferro, o que o levou a fazer uma junta para o excluir do contrato. [11]

DESCONFIANÇAS E FORNOS BISCAINOS

Para não alongar o texto, em 3 de março de 1768, D. Luiz Antonio Botelho resume a sitaução ao Conde de Oeyras, o grande Sebastição José de Carvalho e Mello:“A Fábrica de Ferro é uma das coisas que tem me dado maior trabalho, sem que até agora conseguisse o desejado fruto, ou seja pela pouca experiência do Mestre ou por demasiada malícia dele, porque para tudo pode ter lugar a suspeita.

Sendo S. Magestdade que Deus Grande Servido dar faculdade a Domingos Ferreira Pereira para poder nesta capitania ao Morro do Hibarassoyaba, no distrito da vila de Sorocaba, a fazer as primeiras experiências e em uma pequena forja, que, para isso erigio com o mestre de caldear o ferro, João de Oliveira Figueiredo, tirou as primeiras amostras que em 9 de dezembro de 1765 remeti a vila de Santos a V. Excelência.

Passado pouco tempo, voltou o dito Domingos Ferreira Pereira com o Mestre para o Rio de Janeiro, dizendo que ia ajustar a Sociedade desta negociação entre as pessoas com que estava contratado; e partindo-se demorou mais de um amo, sem formar a dita Sociedade, nem os Sócios lhe aprontaram os meios necessários para a criação destas Fábricas.

Voltando segunda vez a capitania, sem concluir coisa alguma lhe procurei fazer nesta cidade uma Sociedade, fazendo vir a minha presença os homens de negócio, que me pareceram mais capazes, e propondo-lhes as utilidades que podiam resultar ao publico e ao Real Erario.

Com efeito se ajustaram na forma que pedia o dito Domingos Ferreira Pereira, cedendo este aos Sócios a metade de tudo o que lhe pertencia nesta negociação, em virtude da graça que obteve de S. Magestade de que fizeram segurança de escritura, obrigando-se os sócios a concorrer logo com dez mil cruzados principio da primeira Fábrica, tanto se saber a Arte do Mestre, como tão bem para se fazerem as experiências sobre o rendimento da pedra, e da conta que fazia, e tão bem se obrigaram os mesmos sócios a erigir todas as mais Fábricas que se julgasse precisas para sustentar o ferro com abundância, não só esta capitania, mas tão bem as mais deste Brasil, concorrendo toda a Sociedade para fazer os mais gastos, que acrescessem depois de acabados os dez mil cruzados que entraram para a fundação da primeira fábrica.

Porém, como o Mestre de caldear o ferro João de Oliveira de Figueiredo tinha ficado no Rio de Janeiro com a intenção de ir a Angola, como se dizia, e sem ele, não se podiam por em prática as experiências, escrevi ao Conde da Cunha, Vice-Rey para que o fizesse vir, o que ele prontamente executou, remetendo-o preso em dias de Fevereiro de 1767.

Logo que chegou o Mestre, achando-se já estabelecido o contrato da Sociedade, na forma que a V. Excelência tenho referido, foram dar principio a primeira Fábrica em dias de junho do referido ano de 1767, e depois de examinarem e conhecerem aquela situação, que na distância de duas léguas em quadra é continuada a mina de pedra férrea, com abundância de lenha e agora (água?) para sustento das fábricas, entraram logo em construção da primeira, ponto em prática as experiências de caldeação de ferro e aço, e modo de estende-lo.

Nestas obras se tem trabalhado desde aquele tempo até o presente, com grande despendio dos acionistas em fazer fornos grandes, e pequenos por diferentes modos, safras, martelos, malhos, rodas e engenhos para os mover, e tudo o necessário tenho mandando lá assistir pessoas Engenhosas e experientes, e não é possível acertar-se com a caldeação do ferro nem fazê-lo igual ao da primeira amostra, que a V. Excelência remeti.

Nestes termos ou isto é insuficiência do Mestre, o que pode ser, por ele não ter nunca trabalhado em Fábrica, nem visto as de Biscaya, ou será compra de pessoas mal intencionadas, que pelos meios dele se fazer ignorante, pretendam inutilizar a Fábrica.

Artifice que cá se ache, e juntamente se pode haver algum segredo que se remedie qualquer defeito, que possa ter a a mesma pedra, para se haver de tirar ferro de qualidade, daquele que enviei ao sr., e que não podia haver melhor, nem mais perfeito, e foi tirado desta mesma pedra, de que não há dúvida.” [12]

CURIOSIDADE

Em agosto de 1977 foram descobertas as ruínas dos, supostos, fornos dos Sardinha, e, surpresa, eram fornos eram biscainhos. [14]


Luís António de Sousa Botelho Mourão
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[1] Calixto, Benedicto (1927). Capitanias Paulistas 2ª ed. São Paulo: Casa Duprat e Casa Mayença (Reunidas). 310 páginas. Cópia arquivada em 12 de setembro de 2014

[2] Revista do IHGP - Vol.13

[3] Revista do IHGP - Vol.13

[4] HPQ - pág. 26/27, volume I.

[5] smetal.org.br / Revista do Instituto Histórico e Geografico de SP (1904) p.42 / Bellotto, Op. Cit., 211

[6] A utilização dos “vadios” na administração do Governador e Capitão-General Dom Luís Antonio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, na Capitania de São Paulo (1765-1775) Gustavo Brambilla p.3

[7] Arquivo Histórico Ultramarino (digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1206911)

[8] Carta de Luís António de Sousa Botelho Mourão a Sebastião José de Carvalho e Melo (3.1.1768) Revista do Instituto Histórico e Geografico de SP (1904) p.44

[9] Memória Histórica Sobre a Fundação da Fábrica de Ferro de S. João de Ipanema (1822) Nicolau P. C. p.9

[10] Carta de Luís António de Sousa Botelho Mourão a Sebastião José de Carvalho e Melo (3.1.1768) Revista do Instituto Histórico e Geografico de SP (1904) p.44

[11] Arquivo Histórico Ultramarino (digitarq.ahu.arquivos.pt/details?id=1207005)

[12] Revista do Instituto Histórico e Geografico de SP (1904) p.44, 45

[13] História Da Civilização Brasileira (1997) / Coleção de Leis do Império do Brasil - 1811, Página 69 Vol. 1

[14] JCS - Giuliano Bonamim (15/08/2011) / Eduardo Tomasevicius Filho



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