O primeiro mapa a registrar uma capela, ou igreja, está na obra “Speculum Orbis Terrarum”, de 1578, que traz o mapa de Jan Van Deutecum. Próxima ao trópico de Capricórnio, sob a invocação de Santa Ana, essa capela, foi originalmente construída sob a invocação de Santo Antônio, pelos fundadores de Sorocaba. [2]
A PRIMEIRA CAPELA: QUANDO E ONDE?
Em 1578 Affonso Sardinha, considerado o “primeiro homem branco” em Sorocaba, descobre alí metais preciosos, especificamente na “Sagrada Montanha do Araçoiaba”. [3]
10 ANOS DEPOIS: 1588
Em 7 de fevereiro de 1588 “Pedro Nunes assinou junto com os demais oficiais aprovando a construção da primeira Igreja Matriz de São Paulo, aguardando somente a provisão do governador.”
Os anos sucederam aos anos e, apesar de já ter vigário, não podia São Paulo gabar-se de possuir matriz. Afastavam-se os projetos já antigos e os desejos veementes dos seus habitantes para o plano do dificilmente realizavel. Um decenio decorreu sem que se concretizasse a aspiração revelada pela ata de 1588. [4]
Em 1598, após um mameluco informar D. Francisco de Souza, Governador-Geral do Brasil, da existência de metais preciosos, ele decide viajar da Bahia a São Paulo e visitar o local: os “Montes de Sabaroason”. [5]
E, 10 ANOS DEPOIS: 1598
O mapa de Johannes Metellus registra três capelas próximas ao trópico de Capricórnio. Uma delas, estranhamente, denominada “Cananéa”, não no litoral, mas no sertão paulista. Publicado pela primeira vez em 1597, que apareceu no atlas de Wytfliet, o primeiro atlas inteiramente dedicado às Américas e foi extremamente influente no mapeamento da maior parte da América nas décadas seguintes. [6]
Em 1 de maio a possível chegada do governador e de sua comitiva mobilizou as autoridades locais. A igreja matriz, iniciada em 1588, e a vinda do governador se tornou um pretexto. [7]
Em 30 de maio “auto de concerto que fizeram os oficiais da câmara com Domingos Luiz e Luiz Alvares” para fazerem "corpo de igreja" e capela matriz. Obrigaram-se esses empreiteiros a executar “obra de taipa de pilão a razão de quatro reais o taipal, com tal condição que os taipaes fossem de cutelo ou pedaço para serem também contados.” [8]
Em 14 de junho Convocaram os paulistanos para que ouvissem o público pregão de que se pagariam quatro reais pelo serviço da igreja: “Se houvesse quem o fizesse mais barato; dissesse que era caro o dito preço”, apregoou alto e detidamente o meirinho.” [9]
Em 14 de novembro declarava a Câmara que sabia pensarem os empreiteiros abandonar a obras, intimando-os a que “dela não largassem sob pena de multa de seis mil réis.” [10]
ANTONHY KNIVET
D. Francisco só chegaria a São Paulo em 5 de maio de 1599, com grande comitiva. E partiria dia 23 para as minas de Bacaetava, Vuturuna e Jaraguá, na Serra de Biraçoiaba onde passa 6 meses e erige uma pequena ermida, a qual seria a primeira capela e matriz de Sorocaba.
Porém, antes disso enviou uma expedição comandada por Martim Correia de Sá, na qual fazia parte o pirata inglês Anthony Knivet, em busca da "Sabaroason". Knivet teria chegado a essa "montanha de todos os metais", antes de D. Francisco.
JAPONESES, TAMOIOS, CRUZES E CAPELA
A intenção de Knviet era a mesma dos dois japoneses que aportaram com ele anos antes, em Santos: seguindo a rota do Peabiru que passava por Sorocaba, chegar as riquezas da "Montanha dos Metais".
Depois de atravessarem essa região, chegaram os retirantes “a um rio que corria do Tucuman para o Chile”, expressão esta que equivale a dizer: “correndo de leste para oeste”, rio, que é o mesmo Tietê, no trecho a jusante do Salto de Itú, onde detiveram quatro dias, "fazendo canôas para o atravessarem, pois havia tantos jacarés, que ninguém atrevia a passa-lo a nado"
Passado o Tietê, Knivet e seu séquito encaminharam-se para a "montanha de todos os metais", que é o muito conhecido "Morro de Araçoyaba", já a esse tempo explorado, e onde, havia, conforme o narrador "diversas qualidades de metais, cobre, ferro, algum ouro e grande porção de mercúrio".
Nessa montanha, descrita então como muito alta e toda despida de árvore, é que Knivet encontrou uma cruz alí assentada por Pedro Sarmiento, com uma inscrição assinalando a posse do rei de Espanha e uma pequena capela com duas imagens, uma de Nossa Senhora e outra de Cristo Crucificado, fato que muito aterrou os tamoyos, os quais julgaram ver nestes sinais, a vizinhança de alguma povoação portuguesa, e portanto, o perigo iminente de caírem em poder doas seus inimigos tradicionais.
A capelinha e a santa cruz que, no local, encontraram decerto de alguns anos antes, talvez da época de Afonso Sardinha. Acalmados os tamoyos e persuadidos por Knivet a prosseguirem na jornada para o mar, tomaram os retirantes o rumo proximamente do sul, procurando as terras auríferas do vale do Sarapohy, e vizinhanças da atual vila do Pilar. [11]
AS PRIMEIRAS?
Os registros confirmam que, erroamente, é “ensinado” aos sorocabanos que a primeira capela de Sorocaba, “não-cristã”, pois estava sob a invocação de Santa Ana, então herética, foi construída em 1646 pelo “fundador”, Balthazar Fernandes no Largo de São Bento e a primeira cruz “cristã” erigida, também por ele, em outro local, na praça na “Mão Inglesa”. [12] |