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“ATÉ TÚ, ALUÍSIO?” A DIFÍCIL HISTÓRIA DE SOROCABA
30/01/2022 20:38:30

“É vital o historiador lutar contra a mentira. O historiador não pode inventar nada, e sim revelar o passado que controla o presente às ocultas” Eric John Ernest Hobsbawm (1917-2012)

“Historiador não é o que sabe, mas o que procura” Lucien Paul Victor Febvre (1878-1956)

Data de 1783 a conclusão das obras da atual Catedral Metropolitana de Sorocaba. “A igreja matriz de Nossa Senhora da Ponte, espaçosa e bela, regulando talvez o tamanho da catedral de São Paulo, a qual foi benta a 9 de fevereiro de 1783, e reedificada em 1837 pelo padre Francisco Theodosio de Almeida Leme (hoje conego honorário da capela imperial), que, com seus esforços, sacrifícios e esmolas que pediu, com seu respeitável pai o comendador José de Almeida Leme (já falecido) conseguiu a conclusão da grande obra”. [4]

Em 1819 Antônio Bernardo de Azevedo Camelo e Joaquim Lustosa, santista, terminaram a torre da Matriz. [5] Em 1840 Francisco Lopes doa relógio à Igreja Matriz. [9] Em 1912 teve a sua nova fachada realizada sob orientação do Padre Francisco Cangro, no qual também foram fundidos novos sinos e instalado novo relógio nos quais ainda permanecem atualmente na igreja. [11]

Uma das pessoas que mais estudou a história de Sorocaba, Aluísio de Almeida, codinome de Luiz Castanho de Almeida, escreveu em 1967 na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de S. Paulo, sob o título “Nossos Bandeirantes - Baltazar Fernandes”:

“Já antes a 20 de abril de 1660, reunidos no Apotribú, casa de Bezarano, o padre Fraticisco Fernandes e o presidente do Mosteiro beneditino de Parnaiba, frei Tomé de Jesus. Baltazar Fernandes entregou à Ordem de São Bento a capela já construida de Nossa Serihora da Ponte e um grande patrimônio em terras e comeqo de gado e dois escravos.

A igreja de São Bento em linhas essenciais é a mesma ainda existente. Fez-se mais tarde o convento. Os monges adotaram Santana como padroeira. Para Nossa Senhora da Ponte construiu Baltazar ainda outra igreja, depois matriz, hoje catedral. É um título notavel e único no Brasil e em Portugal.

Onde se fez a igreja a que trouxeram uma imagem de Nossa Senhora. Esta imagem podia ser a Nossa Senhora cie Montesserrale, orago do Ipanema, ou outra do próprio Baltazar e é provavel que já se chamasse Nossa Senhora da Ponte antes da mudança do pelourinho para o atual lugar, pois o Itavovú é à beira-rio e tinha provavelmente a primeira ponte. Em 1652 havia morrido a segunda mulher de Baltazar, Isabel de Proença. Ele morreu mais, que octogenário anos de 1667 e depois de 1662”. [12]

Dois anos depois, na página 352 de “Memória História de Sorocaba II”, Aluísio de Almeida confirma a existência de duas edificações:

“Baltazar Fernandes já era falecido em 1667, éis tudo o que restou em documento por mão de seu filho Manuel Fernandes de Abreu. Como o seu inventário foi o primeiro aqui feito, a morte se deu mais perto de 1661 do que de 1667 e entre o jazigo, já, pronto, na igreja de São Bento, e a matriz em obras, a escôlha da sepultura é tanto mais evidente quanto em São Bento os monges rezavam uma missa por mês por sua alma e, pelo costume, aspergiam (ou deviam fazê-lo) o túmulo real e não o simbólico do pano preto.” [2]

FALECIMENTO DE ISABEL DE PROENÇA

Desde 1960 (quanto foi encontrado o documento) sabemos que Isabel de Proença, a segunda esposa do fundador de Sorocaba, faleceu no final de 1654, em Santa Ana de Parnaíba. O próprio Aluísio confirma a informação na página 343 de “Memória Histórica de Sorocaba” Parte I.

Se o autor não fosse Aluísio de Almeida, poderíamos desconfiar se tratar de um erro. Mas não! Seria este o primeiro erro de Alúisio de Almeida? [7]

ABANDONO DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATE

Faz sentido a imagem ser a de Nossa Senhora de Monserrate, também conhecida como “La Morenita”, por ter pele escura e ser “castelhana”, como afirma Aluísio. Porém, imediatamente surgem novas dúvidas. Ora, o Itavuvu não foi abandonado em 1611?

QUAL CAPELA BALTHAZAR DOOU AOS BENEDITINOS?

Como citado acima, Aluísio afirma que “já antes a 20 de abril de 1660 (...) Baltazar Fernandes entregou à Ordem de São Bento a capela já construida de Nossa Serihora da Ponte (...)”.

Porém, em setembro de 1973 ocorreu o VII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História. Um dos registros gerados nesse evento está na página 1490 do texto organizado pelo Prof. Eurípedes Simões de Paula:

Se referindo a Sorocaba, “em 1661, Baltazar Fernandes - o fundador de Sorocaba - manda construir a Igreja de Nossa Senhora no local onde hoje é o mosteiro de São Bento, legando-a aos padres Beneditinos do Parnaiba, pois ele era bandeirante que com toda sua família e escravos veio do Parnaiba para Sorocaba. A nova matriz teve o início de sua construção em 1770”. [11]

“IMAGEM DE N. SENHORA DA PONTE NÃO É A ORIGINAL”

Foi o que publicou o jornal Cruzeiro do Sul em 3 de abril de 1982. Segue alguns trechos do texto que levanta dúvidas, até mesmo quanto a credibilidade dos escritos por Aluísio de Almeida:

A imagem de Nossa Senhora da Ponte, que se encontra atualmente no Mosteiro de São Bento de Sorocaba, não é realmente aquela que foi trazida por Balthazar Fernandes e as provas parecem surgir a esse respeito com certa facilidade.

Agora, resta saber onde se encontra a original e estudos já começaram a ser feitos no Museu de Arte Sacra de São Paulo, por orientação do Padre Jamil Abib Nafif, estudioso do assunto, para o qual, uma das peças que se encontra naquele local é a Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba.

Padre Jamil faz sua afirmação, baseando-se no fato de que “no século XVII não era possível pintar uma imagem de roca e aquela que se encontra no Mosteiro de São Bento é de roca”.

Analisando livros de Aluísio de Almeida, o padre Jamil foi fazer uma checagem no Livro Tombo da Catedral, onde o historiador afirmava que havia registrado em 1783 quando a nova imagem, que hoje se encontra na Catedral, chegou o envio das coroas da primeira para serem refundidas e feitas novas para a peça de madeira.

Só que, além de padre Jamil não encontrar qualquer citação no Livro Tombo, ainda ficou sem constatar, na cabeça da imagem que se diz ser primeira, os furos para afixação da coroa. Aí está mais um ponto que o faz crer na falsidade da peça existente no Mosteiro. [18]


SILÊNCIO

Causa estranheza aos historiadores “os registros de Sorocaba silenciarem” de 1611, quando os moradores se transferem para o Itavuvu, até 1645. Segundo Aluísio de Almeida: “Em 1646, ele, os genros e os filhos se transportaram para o lugar chamado Sorocaba, a légua e meia do Itavuvu ou São Felipe, para onde em 1611 D. Francisco de Sousa permitira se transportasse o pelourinho que em 1600 erguera na Araçoiaba”. E o sistema Genearc registra que “Balthazar funda uma capela sob a invocação de “Nossa Senhora da Ponte”.

Ainda, não sei o motivo, mas tenho certeza que eventos importantes da história sorocabana foram registrados como ocorridos em Santa Ana de Parnaíba. Importante lembrar que NESSE MOMENTO SOROCABA NÃO EXISTIA, AQUI ERAM TERRAS CHAMADAS, SIM, DE SANTA ANA DE PARNAÍBA.

Uma “nova capela foi construída em 1646 pelos bandeirantes em Santa Ana de Parnaíba” sob a sua invocação favorita: A Santa Ana. Minha certeza é quase completa de que se trata da “dita e procurada” capela construída pelo fundador de Sorocaba. E mais, a imagem de Santa Ana encomendada para esta nova capela foi feita em terracota por Frei Agostinho de Jesus, o mesmo autor da imagem trazida por Balthazar para Sorocaba. Seria ela? [1]

ATUAL CATEDRAL METROPOLITANA

Em 1767 O Visitador diocesano manda construir nova matriz e que se “trasladasse o Santíssimo para a capela do Rosário depois de acabada e benta”. Perto de 1770 fêz-se a mudança, e a capela, sem o convento de Santa Clara, aliás, foi matriz provisória até 1783. [4]

Como explicar que “em 1772 começou a obra da Matriz atual, tendo sido demolida outra no mesmo lugar”? [5]

Em 1819 Saint-Hilaire esteve em Sorocaba e além de registrar uvas em Sorocaba pela primeira vez “quando as comeu da parreira” de Manuel Fabiano”, registra uma capela de Nossa Senhora, perto e sob a invocação de “uma Ponte”:

“Em cada extremidade da ponte existe uma venda, tendo ao lado um pequeno rancho, e um pouco mais abaixo, à direita do rio, vê-se a capela de Nossa Senhora da Ponte, com a casa do vigário”. Mais esquisito ainda é o fato de, acreditem, ele estar se referindo a vizinha cidade de Itu. Mais um mistério? [8]

Em 3 de março de 1962 publicou o Correio Paulitano: “O Bairro Itavuvu, se estacionário ficou povoado, em 1654 decaiu completamente. É que, nesse ano, Balthazar Fernandes fundou um povoado numa colina na margem esquerda do mesmo Sorocaba. Pelo Livro Tombo sabe-se, e exatamente, que, desde 1646 se concentraram moradores onde hoje está Sorocaba.

Eram eles, a citar os mais destacados, Balthazar Fernandes (...) Foi em 1654, conforme se depreende de documentos dos padres beneditinos de Sorocaba, que Balthazar fez erguer a Igreja de Santa Ana (padroeira de Parnaíba), mais tarde doada aos monges de São Bento, de Parnaíba. A ereção desse templo é que marca, inequivocadamente, a fundação da cidade”. [15]


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[1] "Culpado ou Inocente?" p. 69; 130 / Memória Histórica de Sorocaba - Parte I p. 345 / https://www.genearc.net/ - Revistado do IHGSP p.212 / mosteirosorocaba.org/o-mosteiro

[2] Textos de Aluísio de Almeida / "O Tupi na Geografia Nacional" Teodoro Sampaio p.310

[3] "Culpado ou Inocente?" p. 93; / “Memória História de Sorocaba II” Aluísio de Almeida p. 352

[4] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=24100

[5] Gazeta de Campinas/SP (12/06/1870) p.2

[6] Diario de S. Paulo (SP.06/10/1865) p.2 / arquidiocesesorocaba.org.br

[7] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=6610

[8] Viagem a provincia de São Paulo e resumo das viagens ao Brasil, Provincia Cisplatina e Missões do Paraguai (1819) Auguste de Saint-Hilaire p.249 / 227

[9] Textos de Aluisio de Almeida

[10] História Sem Fronteira

[11] biblioteca.ibge.gov.br

[12] História Sem Fronteira

[13] “Memória Histórica de Sorocaba” Parte I (Aluísio de Almeida) p. 343

[14] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=24437

[15] Correio Paulistano/SP (03.03.1962) página 10

[16] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=24432

[17] Anais do VII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História (09.1973) Organizado pelo Prof. Eurípedes Simões de Paula. Página 1490

[18] Jornal Cruzeiro do Sul (03.04.1982) página 7



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