Em 5 de maio de 1599 o 7o. Governador-Geral do Brasil chegou a São Paulo [7]. Dias depois, “acompanhado de grande e imponente séquito, constituído de fidalgos coloridamente trajados, técnicos, infantes e nativos, sob o som de música marcial, partiu rumo ao Araçoiaba, ali permanecendo, desta feita, 7 meses” [8].
Sorocaba teve a primeira e maior ponte que existiu em todo o sul do Brasil até o Senhor D. Pedro I [20] e, por somente um Governador tinha gente e dinheiro para construir uma neste sertão, datam de 1599 notável construção [21].
Por qual caminho subiram a serra?
Antes da chegada dos europeus havia um ou mais caminhos que, partindo do litoral, atravessavam a Serra. Um deles, o pior, partiria de São Vicente, é o chamado do "Padre Anchieta", "Mar", "Paranapiacaba", "Cubatão", "Lorena" e da "Maioridade", percorrido pela imensa comitiva de D. Francisco. [1]
Discordo que esse caminho existia antes de 1500! Registros que indicam abertura desse caminho pelos europeus entre 1553 e 1560.
Por que D. Francisco “subiu esse péssimo caminho em rêde” e somente nos arredores de São Paulo cavalgado [8].
Um ano antes ele mandara melhorar o caminho aberto pelos europeus, mas nem assim podiam transitar por ele as cavalgaduras [6]. Meio século depois, em 1656, “não era caminhando que se fazia a maior parte; era de rastros sobre as mãos e os pés, agarrando-se às raízes das árvores, em meio de rochedos ponteagudos e de tão terríveis precipícios, que tremiam quando olhavam para baixo”. [11]
Cavalos
Se cavalos não subiam esse caminho, por onde a primeira leva desses animais subiu a serra em 1534 [2]? Em 1553 haviam gados em São Paulo [3]. Em 1592 “haviam muitas cavalgaduras” em São Paulo [7], porém ainda em 1699 não haviam cavalos em Santos [12].
Foi somente em 1792 que esse caminho foi calçado e nomeado “Calçada do Lorena” [13]. Em 1822 o príncipe regente D. Pedro I, com mulas e cavalos, entrou em território paulista por Bananal, ou seja, não subiu a dita serra [15].
Em 1841 João Bloem trouxe 200 pessoas da Alemanha para melhorar esse caminho, tendo o novo traçado recebido o nome de Estrada da Maioridade, em homenagem à maioridade antecipada do Imperador Dom Pedro II [17].
Mas em 1852, sobre o transito de cavalos por esse caminho, Carl Hermann Conrad Burmeister diz:
“Tive ocasião de ver um animal desses, vivo ainda, coberto com uns ramos, tentando, em vão esforço, levantar a cabeça de quando em vez. Os brasileiros costumam deixar as pobres bestas no próprio lugar em que tombavam, sem se importarem com a morte delas, sem tirá-las do caminho.
Um vez caído o animal, aliviam-no da carga a fim de lhe facilitar os movimentos; se, mesmo assim, não consegue por-se de pé, sinal evidente de sua fraqueza e inutilidade e, mais ainda, de sua morte próxima, abandonam-no.
Ninguém se incomoda mais com a pobre besta; a carga é posta num dos outros animais, que, sempre em grande número, acompanham a tropa, e o vencido é coberto com alguns ramos. Eis o cuidado único que se toma para advertir as outras tropas que passam, pois tanto as mulas como os cavalos tem uma grande aversão pelos cadáveres dos companheiros, e nada os faria passar junto de um lugar desses”. [18]
É estranha essa falta de cavalos, em São Paulo, depois da metade do século XVIII e mais ainda no XIX. Em 1854, a criação de uma companhia de cavalaria em São Paulo não se realizou pela falta desses animais, sendo que que só no ano de 1751 passaram pelo registro de Curitiba, importados do extremo-sul e naturalmente com destino à feira de Sorocaba, nada menos de 6559 deles. [15]
Afinal
Como citado acima, existia outro caminho que atravessava a Serra, cuja denominação varia entre "de Cubatão", "do Mar", "de Paranapiacaba" ou "Geral" [1], os documentos registram 3 rios "Cubatão" e os antigos mapas registram a serra "do Cubatão" em locais diferentes.
Os motivos e as consequências na História do Brasil não caberiam aqui. Teria esse caminho sido a causa da primeira expedição colonizadora em 1532 e da primeira guerra do Brasil, "vencida" pelo misterioso Bacharel de Cananéa [16].
Em 1560 Mem de Sá ficou “encantado com esse caminho, inteiramente calçado, que ia de São Vicente à planície de Piratininga, e ordenou a destruição da aldeia de Santo André da Borda do Campo a mudança de Piratininga” [4]. |