“OS NATIVOS ORIGINAIS DO QUE VIRIA A SER O BRASIL CONHECIAM ESSE TERRITÓRIO COMO A PALMA, REPITO, A PALMA DA MÃO DELES!”. [12]
Sérgio Buarque de Holanda conta a história de um explorador europeu que, por volta do século XIX, perguntou a um nativo da região amazônica a localização de determinado rio.
O nativo pegou um graveto e desenhou na areia toda a bacia amazônica! Registram-se vários outro casos. Por exemplo o nativo de São Vicente que, na década de 1560, foi sequestrado e levado para Salvador onde foi escravizado. Fugiu e voltou para São Vicente se orientando apenas pelas estrelas! [12]
Ainda em 1819 a maioria dos moradores de Sorocaba, os europeus, “denominavam o Sorocaba como Rio Grande, por ser o maior que conheciam” [8]. Aparenta ter passado 200 anos e muitos ainda não sabiam onde nascia este rio.
Surpreende a quantidade de documentos que mencionam a região desde 1500 até 7 de março de 1608, quando a palavra “Sorocaba” é registrada pela primeira vez. No documento que registra a concessão de terras a Diogo de Onhate no campo caminho da aldeia de Tabaobi (...) rio Nharbobon Sorocaba e sendo caso que do rio Pirayibig para a banda do campo não houver a legua de matos (...)”. [3]
A data da fundação e também o fundador de Sorocaba foram instituídos oficialmente na década de 1950 baseados no testamento de sua segunda esposa Isabel de Proença, registrado em 28 de novembro de 1654, até então, a mais antiga referência a palavra "Sorocaba". Claramente este documento não registra “Sorocaba”, mas “Sorocava” e “Sorocabua” em seu verso. [4]
Assim a História conta que Balthazar Fernandes fundou Sorocaba 46 anos após Diogo de Onhate. Sobre Balthazar “surpreende é a falta de informações documentadas sobre os locais e datas de nascimento e morte do "fundador" de Sorocaba (...) as informações divergem de autor para autor e são sempre imprecisas. Teria nascido no Ibirapuera ou em Parnaíba (...) sua lápide, fria e muda, não fala em morte. Nem se sabe quando ele nasceu. E se nasceu... quando morreu”. [1]
Sabemos que Diogo de Onhate morava nesta capitania haviam 40 anos, tem 11 filhos, sendo 7 filhas, 5 solteiras para casar, e que não tem terras para fazer seus mantimentos, e por esta causa padece grandes trabalhos e necessidades, e que eles haviam ajudado a defender os inimigos que a eles vinham, franceses, ingleses e holandeses, e contra os nativos rebelados nas guerras muitos trabalhos e necessidades, recebendo em seu corpo muitas flechadas e feridas de que o dito Diogo de Unhate ficára manco e aleijado do braço e mão direita, e derramara o seu sangue muitas vezes sem ter tido remuneração alguma; e porque a 15 léguas desta vila de Santos, na Ilha de São Sebastião, na terra firme defronte dela e toda a costa até o Rio de Janeiro eram todas as terras desabitadas e devolutas, e ainda que era tão longe pediam para ambos dois pedaços de terras de matos bravos que começavam defronte da Ilha de São Sesbatião nos arrecifes. [3]
Rio Sorocaba
Os paulistas, os sertanistas bandeirantes paulistas, tinham absorvido muito rapidamente todo o conhecimento geográfico dos nativos, que era espantoso. Eles sabiam tudo de tudo, eram capazes de desenhar as bacias hidrográficas, a altura dos morros, tudo! Devem inclusive ter dito pra eles pra onde ia o rio Tietê. [10]
Quase no final do século de 1500, o sertanista Afonso Sardinha, não há dúvidas, utilizou o caminho aberto pelos nativos, passando por Cotia e Ibiúna. As minas de Biraçoiaba ou Araçoiaba, estavam localizadas justamente nas proximidades de um dos trechos do Peabiru que circundavam o morro. [11]
Afinal um caminho de São Paulo á Itu só começa a ser utilizado a partir de 1604. [2]
São muitos e importantes os documentos que indicam a confusão nas denominações ou limites territoriais. Foi o sorocabano Gabriel Antunes Maciel que, em 1721, ofereceu-se ao governador para abrir um caminho até Cuiabá [5]. Pensava que não era muita a distância.
Até 1755, ainda se acreditava que os rios da esquerda nasciam nos campos de Sorocaba, que compreendiam Botucatú [6]. Em 1766, estando em Porto Feliz, o texto de um europeu demonstra a inferioridade do conhecimento geográfico europeu:
Os rios que fazem barra neste de que se trata são dignos de notícia e por isso declaro por seus nomes e com algumas circunstâncias dos seus efeitos.
O primeiro de que se encontra no começo da navegação é o Capivary, pelo qual se fazem as canoas que compram os comerciantes das ditas minas, cujo rio é pequeno por ter perto as vertentes, procurando ao norte, e é distante do porto da referida freguezia dia e meio de viagem ao lado do Tietê.
Abaixo deste, quase duas léguas, do lado esquerdo, está o rio Sorocaba, cujas vertentes também manam das serras da costa do mar, nas alturas da vila de Iguape ou Cananéa (na serra do Paranapiacaba; contraverte com os afluentes da Ribeira de Iguape), e passa pela vila de Sorocaba, donde teve este nome, e tem a largura mais ou menos de 8 braças. [7]
Durante a História, frequentemente, algum político utiliza essas inspirações, ou confusões, "históricas" em suas denominações, ou até ações. Como exemplo o rio denominado "Sorocaba", em Iguape a partir do século XVII. Em 28 de março de 1854 a Câmara Municipal da Cidade de Iguape registra (...)
O orçamento com as despesas provável dos necessários reparos com a estrada desta cidade para a vila de Xiririca. (...) Com a fatura de sete pontes, a saber uma no rio Sorocaba contendo 150 palmos e outras nos Rios Sabauma, Seriguais e Canho e seus adjacentes - 440$000. [9] |