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A lenda da República de São Paulo
Posterior a "São João de Piratininga" [18], a São Paulo de Piratininga em 1700, possuía 210 "fógos" e em 1776 um surto: 392 habitações. Nesta altura São Paulo só contava 1516 habitantes. Sorocaba era a principal cidade da capitania, com 1191 prédios e uma população de 5158 almas [15].
Mais tarde, depois da Independência, em 1826, as estatísticas revelam a existência de 2298 casas em São Paulo. Curioso que em 1840 só existem, cadastradas 1834 casas. [11]
Entre as muitas fábulas criadas sobre a origem, o governo e os costumes dos antigos paulistas de São Paulo de Piratininga, destacam-se as dezenas de menções a República de São Paulo, localizada abaixo do trópico de Capricórnio.
A "História Geral Da Civilização Brasileira", sob supervisão de Sergio Buarque de Holanda (1902-1982), registra:
Confusões havia também no próprio campo político, não sendo de todo descabida, aqui, a menção da lenda da República de São Paulo, no século XVIII.
Segundo Joseph Vaissète (1685-1756) "a vila de São Paulo, a principal da capitania, situada imediatamente debaixo do Trópico do Capricórnio, por estar sobre o cume de uma montanha, de um rochedo, só poderia ser submetida pela fome".
Notório também outro trecho dos escritos por Vaissète:
"Os seus habitantes, que se diziam livres, foram governados em República por espaço de dilatado tempo debaixo da autoridade d´el-Rei de Portugal, ao qual eles pagavam um tributo de quase 800 marcos de prata todos os anos pelo quinto do usufruto do seu domínio, onde eles têm minas de ouro, e prata, que são cercadas em roda de altas montanhas, e fechadas por um espesso bosque.
Deve a sua origem a uma tropa de espanhóis, portugueses, índios, mestiços, mulatos, e outros fugitivos, que por se esconderem, e fugirem dos governadores-gerais do Brasil, se ajuntaram neste lugar, e aí se estabeleceram. O seu número se acrescentou de tal sorte, que a cidade continha quatro, ou cinco mil habitantes no princípio deste século, sem contar os escravos, e índios, que se lhe davam."
DUAS "SÃO PAULO"
O padre Pierre-François-Xavier de Charlevoix (1682-1761), quem mais contribuiu a "lenda", diz na sua História do Paraguai:
“Os seus habitantes com socorros dos jesuítas do seu colégio se conservaram algum tempo em a piedade, e os índios do distrito, que estes religiosos impediram fossem maltratados, abraçaram com ânsia a religião católica; mas isto durou pouco, e a colônia portuguesa de São Paulo de Piratininga, sobre a qual os missionários haviam fundado a sua maior esperança, veio a ser um obstáculo às suas conquistas espirituais.
O mal veio primeiramente de outra: A República de São Paulo, foi como a de Platão existente só na idéia do impostor,que lhe deu subsistência. Eles admitiam consigo aventureiros de todas as nações da Europa; porém não permitiam entrada aos estrangeiros na sua república.
Professavam a religião católica, ainda que exercitassem o ofício de piratas; mas finalmente el-rei de Portugal sujeitou esta república a seu domínio imediato, do qual ela hoje depende.” [4]
Em 1797 frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800), é contraditório, pois reconhece a narrativa de Charlevoix sobre as incursões paulistas no Paraguai como exata, muito mais exata do que certos relatos portugueses:
"Impropriamente dizem que a Vila de São Paulo está situada sobre o cume de uma montanha: porque não há serra alguma próxima a esta vila, hoje cidade. Ela demora em lugar alguma cousa elevado, mas não tanto, que seja difícil a sua expugnação, depois de ter chegado o inimigo à borda do campo, 3 léguas distante da cidade." [13]
SOROCABA
São argumentos fortes e não contestados satisfatoriamente! Três "quebra-cabeças" se encaixam, compondo outro: o da vila de São Filipe.
1. São Paulo não consta no primeiro mapa a registrar Sorocaba (imagem 1), ainda "São Felipe", em 1616 [1][2], e até o século XVIII, a cartografia registra-a, ora ao norte, ora ao sul ou exatamente no trópico, e sempre com ícone indicando importância igual, as vezes maior que a capital São Paulo (imagem 2) [12].
2. Em 1628, durante o "período do silêncio" na História de Sorocaba, "havia uma Fazenda São Paulo nas proximidades do Rio Sorocaba ou Sarapuí", sob a qual existem polêmicas, entre Taunay e Belmonte [1] [3]. Luis Castanho de Almeida, "pai da História" sorocabana, deduziu ser moradores do atual bairro Itavuvu [17].
3. Na a obra "New and Accurate History of South America", publicada em 1756 por Richard Rolt, merecem atenção trechos como:
“A República de São Paulo é um pequeno Estado, cercado por inacessíveis montanhas e pela impenetrável floresta de Pernabacaba. Habitam-na espanhóis, portugueses, crioulos, mestiços, mulatos e negros; inicialmente viveram eles sem religião, sem leis, sem fé ou honestidade; mas a necessidade forçou-os a este tipo de governo.
São em número aproximado de 4.000 e consideram-se um povo livre, com o nome de Paulistas, segundo sua capital; isto embora paguem ao rei de Portugal uma espécie de tributo, com os recursos obtidos em minas de ouro, amiúde encontradas nas montanhas e em cuja exploração se empregam numerosos índios escravos.” [9]
E relaciona o autor as minas de ouro encontradas em 1680, ano em que Frei Pedro de Souza escreveu de Sorocaba: "Agora finalmente descobriu-se uma grande cópia de ouro, prata, ferro e ouros metais, até aqui inteiramente desconhecidos (como afirmam todos)".. [5]
Ensinou o padre, escritor e historiador e "pai da História" de Sorocaba, Luis Castanho de Almeida, que:
"em 1803 Martim Francisco visitou a fazenda dos Madureira onde lhe mostraram um poço de exploração abandonado da prata, e que devia datar de 1684 quando certo frei Pedro de Souza, religioso mercenário, tentou encontrar aquêle metal em tôda a zona". [16] |
Fontes/Referências:
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