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Sorocaba: no limite de Tordesilhas
29/07/2022

Enquanto os espanhóis imprimiam bíblias em tupi, a autorização para isso chegou na parte portuguesa somente em 1808, junto a família real, que fugia de Napoleão Bonaparte. Sorocaba e seu fundador nasceram por ambas as culturas.

O próprio fundador de Sorocaba, um dos primeiros a casar-se com uma castelhana, Maria de Torales, viveu "entre a cruz e a espada". Nessa época existem referências á "cidade logo abaixo do trópico de Capricórnio", este, tão familiar aos Sorocabanos. Em 1940 ainda eram visíveis as ruínas de uma fortaleza defensiva no bairro Itavuvu. O motivo foi descrito por Aluísio de Almeida:

"A vila de São Felipe (1611-1661), atual Itavuvu, possuía um nome popular: é o bairro dos Quartéis, por causa de umas ruínas até hoje existentes. Era de fato aquele povoado o mais próximo, então dos castelhanos e dos imensos povos de nativos contra quem era mister previdência, tal como Piratininga foi também fortificada." [11]

Evento notável ocorre ao final de 1611, quando o ilustre bandeirante Pedro Vaz de Barros indo à região do Guairá e assaltando uma redução jesuítica, apresando 500 nativos para trabalhar nas minas.

Trazia os índios para São Paulo quando foi atacado pelo militar espanhol D. Antonio de Añasco, que lhe retomou a presa. Pedro Vaz e Antonio de Añasco se encontraram em Itanguá-Mirim, próxima à atual Sorocaba. Curioso como Añasco praticamente chegou às portas da vila de São Paulo, justo na região das minas de Montesserrate e Araçoiaba. [7]

Outra prova registrada em 1612, quando Bartolomeu de Torales, pai de Maria de Torales, seguiu até as "portas de São Paulo" o temido bandeirante Sebastião Preto, que havia levado cinco caciques com muitos índios para a dita vila. E conseguiu trazer alguns deles de volta, para serem reduzidos à aldeia de Piquiri, distante oito léguas (38,6 km) de Ciudad Real.

O que é confirmado por carta do espanhol Pedro Fernandes, calculando o número de nativos em 3.000 e que essas pobres almas não se percam e morram na montanha. [8]

Curiosíssimo que Pedro Fernandes é o primeiro marido da primeira esposa de Balthazar Fernandes, Maria de Torales, acima citada. Pois, Maria seria viúva de Pedro. Aliás discordam genealogistas quanto a paternidade de sua filha, entre Balthazar e Pedro. Centenas de sorocabanos descendem Maria de Torales!

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Fontes/Referências:

[1] Na Capitania de São Vicente p.349 / "SP na órbita do império dos Felipes" José Carlos Vilardaga p.117 / Povoadores de S.Paulo – Domingos Luís Grou / Correio Paulistano/SP (25/7/1942) p.5 / O mito indígena da Lagoa Dourada e as bandeiras do Brasil Central. Ferreira, Manoel Rodrigues (28.02.1994) / Correio Paulistano/SP (11.09.1960) p.10

[2] Atas da Câmara de São Paulo (7.12.1589) p. 374 e 275

[3] "Bandeiras e Bandeirantes de SP" de Carvalho Franco (1940) p.30;31 / carapicuibaconectada.blogspot.com / Boigy "Cadernos da Divisção do Arquivo Histórico e Pedagógico Municipal" / S. Paulo nos primeiros annos (1554-1601)

[4] "Bandeiras e Bandeirantes de SP" de Carvalho Franco (1940) p.31

[5] Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, 1969. Página 59 e 60

[6] Sorocaba e os castelhanos. Diário de Notícias, 01.09.1940. Página 13. Aluísio de Almeida

[7] "As era das bandeiras" Afonso de Taunay p.90 / Wikipedia / Anais do Museu Paulista, Tomo I, 2ª Parte, 1922, p.153.

[8] Washington Luís p.350 / “Carta de Bartolomeu de Torales a Diego Marin Negron”. Anais do Museu Paulista, Tomo I, 2a Parte, p.158.

[9] “Peabiru” de Hernâni Donato do IHGSP (10/1971) p.14 / IBGE

[10] Ensaios Paulistanos, p. 634. / "Os Tupi de Piratiinga. Acolhida, resitência e colaboração" Benedito A. G. Prezia (2008)

[11] Sorocaba e os castelhanos. Diário de Notícias, 01.09.1940. Página 13. Aluísio de Almeida

[12] Os transportes em São Paulo no período colonial, 30.09.1959

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SENHA


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