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Sorocaba em 1722
Miguel Sutil chegou á Cuiabá
1 de outubro de 1722ver ano
  
  
  1 fontes


• 1° fonte: 01/01/1940
“Viagem à provincia de São Paulo e Resumo das viagens ao Brasil, provincia Cisplatina e missões do Paraguai”. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853)

No ano de 1722, o de nome JosÉ SÚTIL, ao fazer uma plantação nas margens do rio Cuiabá, teve fome e mandou dois indígenas, seus servidores (camaradas), procurar mel nos troncos das árvores. Os selvagens voltaram à tarde, não tendo encontrado mel, mas trouxeram a seu senhor grãos de ouro envolvidos em folhas, encontrados à flor da terra e que orçavam em cerca de 120 oitavas.

No dia seguinte, de madrugada, Miguel Sútil e seu compadre João Francisco, conhecido pela alcunha de Barbudo, dirigiram-se, acompanhados de todos os seus escravos, para o local onde tinha sido feita a preciosa descoberta. SÚTIL voltou ao acampamento com meia arroba de ouro, e Barbudo com mais de 400 oitavas. Toda a colónia precipitou-se para o locai onde tamanha riqueza se encontrava, e, sem necessidade de fazer profundas excavações, foram retiradas da terra, no espaço de dois meses, 400 ar- robas do valioso metal. No local desse descobrimento é que, atualmente, está situada a cidade de Cuiabá. No decorrer do ano em que Miguel SÚTIL fez essa brilhante descoberta, chegou a São Paulo o governador Rodrigo Cesar de Menezes, a quem já me referi. Seu primeiro cuidado foi providenciar no sentido de fazer com que fosse pago ao reino o imposto do quinto sobre o ouro extraído das minas de Cuiabá. Quando os postugueses se ocupavam do Brasil, era, o mais das vezes, para arrancarIhe as riquezas. Dois homens poderosos foram escolhidos por Menezes para agentes do fisco real na recém-fundada colónia. Um deles —Lourenço Leme — para ali partiu com o título de procurador do imposto do quinto ; o outro — JoÃo LEME —, irmão de Lourenço, com o mestre de campo das minas de Cuiabá. Menezes não era desprovido de méririto, mas não conhecia o país, por isso julgou que não podia ser melhor representado do que por dois personagens aos quais os paulistas, patrícios dos mesmos, prodigalizam o máximo respeito. Ignorava que unicamente o temor motivava as manifestações de deferência de que eram alvo os Lemes, o que estes só faziam uso de suas riquezas para violar impunemente as leis e oprimir os fracos. Quando os dois irmãos chegaram a Cuiabá vendo-se longe de toda a vigilância, não tiveram mais limites a sua insolência e audácia. Entregaram-se a todos os caprichos, cometeram os mais absurdos atos de violência, e pretenderam, mesmo, expulsar das minas todos aqueles que não fossem paulistas e seus apaniguados. O capelão da nascente colónia opós-se, corajosamente, contra semelhante injustiça; ordenaram, então, os Leme, que fosse o mesmo arcabuzado. Um colono de nome Pedro Leitão teve e desdita de lhes excitar a inveja, razão pela qual fizeram-no maltratar, da maneira mais bárbara, ao pé do altar, na ocasião em que assistia o ofício divino da missa. Menezes soube, afinal, do que ocorria em Cuiabá, e, querendo livrar a região dos desmandos dos dois monstros que para ali enviara como representantes de sua autoridade e cuja tirania tornara-se intolerável, ordenou a ura oficial superior que os prendessem remetendo-os para São Paulo. Os dois [“Viagem à provincia de São Paulo e Resumo das viagens ao Brasil, provincia Cisplatina e missões do Paraguai”. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853). Páginas 53 e 54]




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