Patrícia Rehder Galvão, a "Pagu", e o Caso “Sacco e Vanzetti”
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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No dia 9 de junho de 1910 nasceu Patrícia Rehder Galvão, conhecida como "Pagu", na cidade de São João da Boa Vista, estado de São Paulo.
O Caso “Sacco e Vanzetti”, ocorrido em 14 de abril de 1920 nos EUA, quando Pagu tinha apenas 10 anos de idade, 11 anos depois, em 23 de agosto de 1931, causaria a sua prisão (imagem 3).
O CRIME
No dia 15 de abril de 1920, em Braintree (Massachusetts), ocorreu um assalto a uma sapataria, seguido por dois homicídios.
Os suspeitos principais eram Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, que foram inicialmente acusados apenas de porte ilegal de armas, apesar de essa ser uma prática comum entre os americanos, e posteriormente do duplo assassinato.
O contador e seu segurança estavam com US$ 15 mil na hora do crime, dinheiro que foi levado pelos assaltantes, num carro roubado.
A polícia suspeitou que italianos tivessem perpetrado o crime para financiar suas atividades.
Com Sacco e Vanzetti encontraram armas e munições; no entanto, a prova de balística foi inconclusiva, não ficando claro se as balas que mataram o contador e seu segurança haviam partido da arma que encontraram com os italianos.
As declarações das testemunhas também eram confusas e contraditórias.
De todo modo, alguns dias depois, em 5 de maio, Sacco e Vanzetti são acusados e, quatro meses depois, em 14 de setembro, indiciados.
O O JULGAMENTO
O julgamento do processo de Sacco e Vanzetti foi marcado por contradições, incoerências e xenofobia. A grande quantidade de testemunhas e seus depoimentos, às vezes maçantes, foi uma das causas da fadiga do júri.
As testemunhas de defesa, muitas das quais recentemente imigradas e que não falavam bem a língua inglesa, não tinham tanta credibilidade por parte do júri.
A dificuldade de tradução, a má interpretação e a própria vontade, por parte da acusação, de provocar confusão nas testemunhas de defesa tornavam os depoimentos conflituosos e pouco críveis.
Uma das testemunhas principais, Dominick Ricci, que provava que Sacco não estava na cidade no dia do crime, perdeu sua credibilidade quando o promotor o fez entrar em contradição, citando várias datas consecutivamente, com o objetivo de confundir a testemunha.
O mesmo promotor voltou a usar essa tática com outras testemunhas. Uma outra testemunha da defesa, o funcionário consular Giuseppe Adrower, em seu depoimento, disse se lembrar de Sacco, no consulado, no dia do crime, pois ele lhe chamara a atenção por pretender tirar passaportes para ele, sua mulher e seu filho, mas foto que levara era grande demais.
O promotor novamente fez o mesmo jogo, pedindo que Giuseppe falasse sobre as pessoas que vira no consulado, em outras datas, o que a testemunha não conseguiu.
Assim, o promotor sustentou ser também impossível que o funcionário lembrasse exatamente de Sacco.
Depois de 27 dias de audiência, foram ouvidas as testemunhas de acusação. Uma série de acontecimentos levou a adiamentos para a retomada as audiências, o que deixou os jurados impacientes, por terem que permanecer mais tempo isolados e impossibilitados de voltar para suas casas.
No depoimento de Vanzetti, este já mostrava os efeitos da prisão: parecia muito mais velho e permanecia sem demonstrar emoção.
Ao longo de seu depoimento, ele menciona seu posicionamento anarquista e conta também como havia fugido para o México, para não ir à guerra, o que desagrada muito o júri. A partir desse momento, o interrogatório começa a desandar.
Vanzetti começa a ficar agitado e nervoso pois não entende bem as perguntas do promotor, que continua a inquiri-lo.
A confusão se abate sobre Vanzetti, pois, além de não conseguir se expressar bem em inglês, o caminho que percorria o procurador prejudicou muito seu depoimento
Os depoimentos das testemunhas de acusação também foram cheios de falhas e contradições.
O advogado de defesa censurou uma das testemunhas, uma mulher chamada Splaine, trazendo à tona as contradições de seu depoimento. Outra mulher que depôs, chamada Devlin, parecia ter sido muito influenciada pelos promotores.
No trigésimo-sétimo dia, houve o último ato do julgamento: a sala de audiências ficou lotada de amigos dos acusados, membros da comissão, a esposa de Sacco e seu filho Dante, membros da advocacia juntos aos advogados dos acusados, os quais aparentavam absoluta calma.
O juiz presidente Thayner tem um último ato, no qual faz evocação da lei e um resumo da causa, e se aproveita da repercussão do caso para fazer um discurso especial.
Chega a hora do veredito, e os italianos são considerados culpados de assassinato em primeiro grau.
CONDENAÇÃO, EXECUÇÃO E COMOÇÃO
Mesmo antes do julgamento, notícias do caso já haviam chegado a Europa, como mostra a imagem 6, uma manifestação ocorrida em Londres, na Inglaterra.
Já em 1921, apenas em um ano após a prisãoOs réus foram considerados culpados, mas não foram de imediato condenados à morte.
Sacco e Vanzetti passam seis anos na prisão, esperando o andamento do feito e seu resultado.
Durante estes seis anos, seus advogados tentaram por todos os meios processuais possíveis a revisão do caso, e, ao final, buscaram até mesmo o perdão da pena.
Os partidários de Sacco e Vanzetti conseguiram desenvolver diversas atividades para manter viva a comoção da população em razão da condenação e prisão dos italianos, alegando que chegava a ser desumana pela duração, salientando que eles não admitiam a própria culpabilidade.
A condenação à morte causou comoção internacional e políticos europeus enviaram mensagens para Casa Branca, para o governador Fuller e para o secretário de Estado, solicitando o perdão.
Os advogados tentaram em vão ações jurídicas à Suprema Corte, o que resultou num novo adiamento. Faltando minutos para a execução de Sacco e Vanzetti, Fuller adiou-a por mais doze dias.
Ao final, Fuller nega o pedido de perdão, e os dois são executados, na cadeira elétrica, em 23 de agosto de 1927. Vanzetti contava 39 anos; Sacco, 36.
PRISÃO EM SANTOS
Era um domingo, 23 de Agosto de 1931, quando a Polícia ocupou os principais pontos de Santos, para impedir a manifestação convocada pelo Socorro Vermelho Internacional e pela Federação Sindical de Santos para homenagear os italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti.
Na praça da República, o conflito entre populares e a repressão rapidamente tomou grandes proporções.
Entre os estivadores que participavam dos protestos estava o ensacador de café Herculano de Sousa.
Atingido por um disparo da polícia, ele tombou agonizante e morreu nos braços de Pagu (a escritora Patrícia Galvão). Ela e Guiomar Gonçalves acabaram presas.
Pagu foi encarcerada primeiramente na Cadeia Velha de Santos. Depois, foi transferida para a Imigração do Porto de Santos, onde ficou um mês incomunicável. Foi libertada quase três meses depois.
ABSOLVIÇÃO TARDE DEMAIS
Os professores Louis Joughin, da New School for Social Research, e Edmund M. Morgan, da Harvard Law School estudaram o processo e o julgamento de Sacco e Vanzetti durante vários anos.
E 21 anos após a execução, em 1948, chegaram à conclusão de que foi cometido um erro judicial.
Segundo os autores, Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram vítimas de uma sociedade doente, na qual o preconceito, o chauvinismo, a histeria e a má-fé eram endêmicos.
Patrícia Rehder Galvão não viveu para presenciar esse momento. Faleceu aos 52 anos, no dia 12 de dezembro de 1962, em Santos/SP.
Se passaram mais 15 anos e, somente em 23 de agosto de 1977, cinquenta anos após a execução de Sacco e Vanzetti, o governador de Massachusetts, Michael Dukakis, reconheceu formalmente a injustiça cometida pelo tribunal e reabilitou o nome dos dois italianos.
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1987
Hitler: propaganda da W/Brasil para a Folha de S. Paulo (1987)
Atualizado em 02/04/2025 00:10:21
É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Como a "História" de
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