'D. Pedro II era republicano? - 04/06/1891 Wildcard SSL Certificates


D. Pedro II era republicano?
    4 de junho de 1891, quinta-feira
    Atualizado em 26/10/2025 00:01:42

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Em junho de 1891, já no exilio, o imperador anotou à margem de um livro que estava lendo:

“Desejaria que a civilização do Brasil já admitisse o sistema republicano que, para mim, é o mais perfeito, como podem sê-lo as coisas humanas.

Creiam que eu só desejava contribuir para um estado social em que a república pudesse ser ‘plantada’ por mim e dar sazonados frutos.”

Alessandra B. F. Fraguas (15/11/2017) - A pergunta já abordada por importantes veículos de comunicação no país pode parecer paradoxal, para não dizer estapafúrdia, em um primeiro momento, mas para surpresa de muitos, pode-se dar a ela uma resposta afirmativa.

Aliás, este questionamento pode ser solucionado sob duplo aspecto.

Em sentido estrito, d. Pedro II acreditava, sim, ser a república a mais apurada forma de governo, embora declarasse que o Brasil ainda não estava pronto para ela.

Esta concepção vincula-se ao Iluminismo, especialmente a Montesquieu, para o qual, se a população é voltada para a causa pública – a virtude cívica – a ordem deveria ser a republicana.

Ainda assim, o próprio Montesquieu defendera a monarquia constitucional moderna como a mais adequada dadas as condições históricas do seu tempo.

Esta linha de pensamento não era estranha a d. Pedro II, como podemos exemplificar a partir de um fragmento de seu diário[1], escrito já no exílio, em 5 de janeiro de 1890, portanto, logo após os acontecimentos do 15 de novembro.

Ao comentar a opinião de Carlos Leôncio da Silva Carvalho, que havia sido ministro, ocupando a Pasta dos Negócios do Império no Gabinete Liberal de 1878 a 1880, d. Pedro nos permite entrever o seu posicionamento diante dos fatos que levaram à sua deposição:

[…] Confessa Leôncio de Carvalho que não queria já a república porque o imperador criterioso e verdadeiramente amigo do país aceitava a federação das províncias como disse Saraiva e porque para a república ser o governo do povo pelo povo era preciso primeiro educar e preparar os cidadãos (Minha opinião ficou bem clara quando tratei disso com Saraiva).

O ex-imperador … favorecia com inexcedível generosível [sic] generosidade a educação popular.

Os fatos cuja responsabilidade pertence aos maus amigos e conselheiros da Coroa precipitaram os acontecimentos.

[1] Os diários de d. Pedro II integram o Arquivo da Casa Imperial do Brasil (POB), pertencente ao acervo do Arquivo Histórico do Museu Imperial/Ibram/MinC. Ver BEDIAGA, Begonha (Org.).
Diário do Imperador D. Pedro II: 1840-1891. Petrópolis: Museu Imperial, 1999.

Em 7 de abril de 1890, o ex-imperador completaria: “Abdicara [sic] como meu Pai se não me achasse ainda capaz de trabalhar para a evolução natural da república.”

No ano seguinte, em 4 de junho de 1891, revelou: “(…) não duvidaria aceitar a presidência da república, se tivesse certeza de que não me suspeitariam de atraiçoá-la.

Só aspiro a servir minha pátria com devoção, palavra que melhor exprime o que sinto do que dedicação.”

Deste trecho, destacamos a palavra cujo significado ajudaria a entender por que, em sentido lato, d. Pedro II também era um republicano: devoção.

No nosso entender, a devoção, aqui, reporta-se ao ascetismo laico, quer dizer, ao cumprimento dos deveres independentemente das vontades pessoais.

Devoção, neste sentido, finalmente, remete ao ethos burguês que, entre outros tópicos, pressupõe a separação entre as esferas pública e privada da vida social.

É fundamentalmente nesta perspectiva que d. Pedro II tornou-se de fato um republicano, ou seja, no que tange à sua maneira de lidar com a coisa pública (res=coisa; pública=pertencente à coletividade).

Por exemplo, destacamos a carta escrita pelo imperador ao ministro plenipotenciário do Brasil em Lisboa, Miguel Maria Lisboa, barão de Japurá, solicitando que fossem dispensadas as honras com que pretendiam recebê-lo, por ocasião da sua primeira viagem à Europa, em 1871, cujo excerto copiamos:

Snr. Lisboa,

Minha viagem é em caráter inteiramente particular, e chamo-me como designo-me. (…) Vou para hotel e hei de alugar trem.

(…) Tendo provavelmente de haver quarentena, irei para o lazareto e muito me afligirei se qualquer exceção a meu respeito contrariar o intuito da legislação portuguesa. (…) Seu affeiçoado patrício, D. Pedro d’Alcantara[2]

[2] Trecho de carta escrita por d. Pedro II a Miguel Maria Lisboa, barão de Japurá (1809-1881), enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em Lisboa, Portugal. Lisboa, 12/06/1871. Maço 206 – Doc. 9380 – Arquivo da Casa Imperial do Brasil (POB). Museu Imperial/Ibram/MinC

Exemplos como este são muitos na extensa documentação que forma o arquivo pessoal de d. Pedro II.

As escritas de si nos ajudam a refletir sobre o deslocamento do imperador que, paulatinamente, descola-se da imagem aristocrática e cunha, ele mesmo, a representação do cidadão que serve com devoção ao país.

Sobre este aspecto, o estudo da complexa trajetória de d. Pedro II nos permite afirmar que, sobretudo a partir do final da década de 1850, o imperador afasta-se do conservadorismo e dos fundamentos patrimonialistas da sociedade brasileira, e passa a defender claramente não só os ideais liberais como a forma de governar burocrático-racional, em sentido lato, republicana.

Se este desajuste entre o seu modo de pensar, sentir e agir – o seu ethos – e a estrutura social brasileira – patriarcal, agrário-escravista – foi um dos fatores que levaram ao esgotamento do seu governo, é uma questão que precisa ser aprofundada pela historiografia.

No entanto, não há dúvida de que, às vésperas da Proclamação da República, o imperador se aproximava muito mais dos filhos bacharéis do que dos pais senhores de escravos.

Por isso, cabe a nós perguntarmos, inspirados em seu contemporâneo Machado de Assis: seria o menino o pai do homem?[3]

[3]Ver “O menino é o pai do homem”. In: ASSIS, Machado de, (1839-1908). Memórias Póstumas de Brás Cubas.
São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 30-33. A frase original é do poeta inglês William Wordsworth.

Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, Associada Titular, Cadeira nº 27 – Patrono José Thomáz da Porciúncula / Tribuna de Petrópolis, 15/11/2017



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D. Pedro II e o Conde da Mota Maia
Data: 01/07/1888
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/07/1888


ID: 3367


Dom Pedro II aos 23 anos
Data: 01/01/1848
Créditos/Fonte: Domínio público
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ID: 7296


Princesa Isabel e D. Pedro II*
Data: 01/01/1872
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
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ID: 7301


Leopoldina, D. Pedro II, Teresa Cristina e Isabel
Data: 01/01/1863
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1863


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D. Pedro II aos 40 anos de idade
Data: 13/04/1865
Créditos/Fonte: Joaquim José Insley Pacheco (1830-1912)
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ID: 7302


Dom Pedro II, aos 46 anos, no Egito
Data: 01/01/1871
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1871


ID: 2846


Família Real
Data: 01/01/1889
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1889


ID: 3369


Ultima fotografia de Dom Pedro II no Brasil
Data: 15/11/1889
Créditos/Fonte: Reddit
Horas depois de receber a notícia da expulsão da Família Imperial do País (vr)((horse)


ID: 10415


Dom Pedro II na França
Data: 01/01/1890
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1890


ID: 3368


Rei Carlos I de Portugal e D. Pedro II
Data: 01/01/1890
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1890


ID: 3366


Princesa Isabel e Dom Pedro II
Data: 01/01/1886
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1886


ID: 3365


D. Pedro II aos 66 anos
Data: 01/01/1891
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1891


ID: 3370


D. Pedro II aos 66 anos
Data: 01/01/1891
Créditos/Fonte: Crédito/Fonte: Félix Nadar
01/01/1891


ID: 3371



EMERSON


04/06/1891
ANO:71
  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.