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A origem do (antropo) topônimo Betim, Jeander Cristian da Silva
2020ver ano
  
  
  1 fontes


3. MetodologiaA metodologia adotada para esta pesquisa consiste em reconstruir a significação toponímica apartir da análise histórica. De acordo com Lima e Pereira (2016, p. 2), a toponímia pode encontrarsuporte para chegar às conclusões que favorecem a motivação e o significado do topônimo com basenas informações adquiridas por meio da História e de outras ciências.Para isso, a revisão na literatura da história do município teve como foco principal o resgate dasseguintes informações: (i) o primeiro fundador da região, fato atestado pela Carta de Sesmaria (de1711), (ii) a oficialização da localidade como arraial, como distrito e município, (iii) os decretos queinstitucionalizaram as denominações anteriores e atual do município. Não estamos considerando aquia história da industrialização da cidade de Betim, bem como a sua história mais recente, entendendoque são fatos que ocorreram após seu processo de emancipação e nomeação atual.Outra análise que contribui para o entendimento da origem do antropotopônimo Betim se tratado estudo da genealogia desse sobrenome. O trabalho de Jacyntho José Lins Brandão, Um neerlandêsem São Paulo, de 1975, tem como objetivo comprovar a nacionalidade neerlandesa de GeraldoBetting, considerado o tronco de uma das mais ilustres famílias paulistas. Esse trabalho também atesta arelação de parentesco entre ele e Joseph Rodrigues Betim.Passemos, assim, para a discussão dos dados feita na seção 4.4. O topônimo BetimPodemos dizer que o estudo da história do município permite a análise da significaçãotoponímica, uma vez que, por meio das fontes consultadas, foi possível o resgate de informaçõesacerca da origem do nome investigado, bem como a reconstrução de denominações oficiaisanteriores.Do ponto de vista sincrônico, a origem do nome Betim se encontra apagada da memóriacoletiva. Assim sendo, esse nome, utilizado, atualmente, para fazer referência direta ao município deMinas Gerais, tem seu sentido etimológico opaco e esvaziado, fato que corrobora as ideias supracitadasde Dick (1990b, p. 6) e Seabra (2006, p. 1955-1956).Somente um estudo diacrônico permite evidenciar que a origem do topônimo está relacionadaao nome do sertanista Joseph Rodrigues Betim, o sesmeiro e, portanto, primeiro dono das terras quecompreendiam a região no século XVIII, o que faz desse topônimo um indicador da história dacomunidade. [p. 13 do pdf]

Outra análise que poderia ser feita com esses nomes é a da presença / omissão do elemento querepresenta o tipo de acidente geográfico (DICK, 1990b, p. 10). Nos decretos de 1754 e 1801,observamos que esses elementos se fazem presentes, sendo respectivamente formados pelos itenslexicais arraial e distrito. Nas denominações que sucedem esses decretos, percebemos a omissão desseelemento; todavia, o mesmo pode ser reconstruído por meio da história, sendo paróquia/freguesia nonome decretado em 1851 e município na denominação de 1938. Apesar de não encontrarmos essamesma informação para a denominação de 1923, a constatação desse fato permite levantar a hipótesede que a presença desse elemento poderia estar relacionada à intenção do nomeador de, naqueleperíodo, conferir certo status ao espaço geográfico que passava da condição de um simples povoado àcondição de arraial, e da condição de arraial à de distrito. Assim sendo, nos períodos posteriores, podeser que não se teria relevância a presença desse elemento e isso explicaria a sua omissão.Apesar das análises feitas aqui terem permitido apenas o levantamento de hipóteses, consideramosque, com base nas fontes pesquisadas, foi possível o resgate das suas denominações anteriores eprováveis motivações, mostrando como a Toponímia é “um imenso complexo línguocultural, em queos dados das demais ciências, como a História, se interseccionam necessariamente e, não,exclusivamente” (DICK, 1992, p. 119 apud LIMA; PEREIRA, 2016, p. 2).A seção seguinte, ainda destinada à continuidade da análise, dedica-se à investigação da origemdo antropônimo Betim.O antropônimo BetimFranco (1953, p. 71) registra o antropônimo Joseph Rodrigues Betim com uma alteração gráficaem seu prenome - José - e traz informações biográficas que permitem constatar a nacionalidadebrasileira do bandeirante, o fato de ter sido dono das terras que deram origem ao atual município deBetim, seu estabelecimento em Pitangui e nos revela a sua filiação:BETIM, José Rodrigues - Paulista, filho de Garcia Rodrigues Velho e de sua mulherMaria Betim, andou sertanejando nas Minas-Gerais, juntamente com Antônio PereiraTaques, tendo descoberto as minas de ouro chamadas do Betim, onde hoje fica a cidadede Capela Nova. Estabeleceu-se depois nas minas de Pitangüi e tomou partido dogoverno no levante de 1719, ao lado de seu sogro Francisco Bueno de Camargos [...].

No que concerne à filiação do bandeirante, Brandão (1975) informa que o genealogista Pedro Taques de Almeida Pais Leme cita Maria Betim como filha de Geraldo Betting. Esta foi casada com Garcia Rodrigues Velho e tiveram sete filhos, dentre eles Maria Garcia Betim22, esposa do bandeirante Fernão Dias Paes, e José Rodrigues Betim.

D. Maria Betim e Garcia Rodrigues Velho foram pais de Miguel Rodrigues Velho, Maria Garcia Betim (mulher do bandeirante Fernão Dias), Jorge Rodrigues Velho, Antônio Rodrigues Velho, Anna Maria Rodrigues Garcia, Coronel Garcia Rodrigues Velho, Custódia Dias e José Rodrigues Betim (BRANDÃO, 1975, p. 772-773, grifo nosso).

Portanto, esse trabalho atesta que Joseph Rodrigues Betim era neto de Geraldo Betting. Aprocedência estrangeira do ascendente-mor dessa família fez surgir hipóteses de que sua naturalidadeseria alemã ou neerlandesa. Um documento encontrado na década de 1970, localizado no arquivo dacidade de Doesburg (Esse documento, datado de 14 de dezembro de 1614, é uma procuração na qual Geraldo Betting autorizava a transferência de sua herança aos seus procuradores, Johan Stenderingh Lambers, Johan Dunsberch e Wolter Schaep._, segundo Brandão (1975, p. 770), “prova a naturalidade de Geraldo Betting: realmente ele é holandês, de Doesburg, na Gueldrie. O documento revela ainda que ele continuou,mesmo de São Paulo, a manter relações com seus conterrâneos - de outra maneira não se explica osseus negócios de lá.” O autor conclui essas informações a partir de uma carta particular enviada do sr.Van Petersen, na época, arquivista-chefe de Doesburg que também elucida: “Geraldo Betting era filhode Thoenis (ou Thonis) Bettinck, falecido em Doesburg a 29 de junho de 1584, e de Merrie”(BRANDÃO, 1975, p. 771).

Tendo por base essas informações, constatamos que a origem do nome Betim seja neerlandesa(ou holandesa) e seu étimo24 estaria ligado ao suposto sobrenome do pai de Geraldo. Assim sendo, aetimologia desse nome, ou seja, “o percurso entre o étimo ou a origem e a palavra investigada”(VIARO, 2011, p. 106) pode ser expressa da seguinte forma:(2) *Bettinck > BetimA fórmula indicada no exemplo (2) indica que o nome Bettinck, datado no século XVI, setransformou em Betim, nome encontrado na sincronia atual. A utilização do asterisco no étimoinforma que este se trata de uma possível reconstrução desse nome no passado, ou seja, uma hipótese. [Páginas 16 e 17 do pdf]

Sobre a vinda de Geraldo Betting para o Brasil, Franco (1953, p. 71) salienta que ele “veio paraSão Paulo [...] com o governador d. Francisco de Sousa, que o trouxe do reino com o fito de mandarconstruir engenhos de ferro na capitania”.Segundo Brandão (1975, p. 773-774), a data de sua chegada deve ser posterior a 1591, ano emque D. Francisco assume a posse do governo. Acredita-se que Betting tenha passado primeiramente aPortugal, com ou sem intenção de vir à capitania, esteve na Bahia (com o governador) até o ano de1600 e, depois, seguiu para São Paulo.

Fazendo menção à obra de Affonso d’Escragnolle Taunay, História Geral das Bandeiras Paulistas(1924), o autor confirma que os dois estavam acompanhados também de Jacques Oalte. Betting eraengenheiro prático e Oalte, mineiro; portanto, “eram os auxiliares indispensáveis para os planos que ogovernador tinha em mente: as pesquisas minerais.” (BRANDÃO, 1975, p. 774). Em 1602, terminouse o mandato de D. Francisco, mas Geraldo, já fixado na terra paulista, nela continuou o seu trabalho.Não existem referências a respeito do seu falecimento, mas acredita-se que tenha sido em São Paulo. Aseguinte passagem encontrada na obra de Taunay vem confirmar essas informações:

Trouxera o governador, grandioso como sabia ser, ‘hua companhia de soldados einfantes do prezidio da Bahía, e com o capitão deli a Diogo Lopes de Castro e seusofficiaes’. Também mo acompanhava o cirurgião José Serrão, médico… Doisespecialistas indispensáveis para a empresa angariara ‘hum mineiro alemão Jaques deOalte e hum engenheiro tão bem alemão Giraldo Betink, vencendo cada um deordenado 200$ por anno. (TAUNAY, 1924, p. 147 apud BRANDÃO, 1975, p. 774)

Sobre as grafias do nome do ascendente dos Betim, Brandão (1975) afirma que:Em diversos lugares encontramos Gibaldo, Giraldo, Geraldo; Bettink, Betimk, Betting,Beting, Betim. É natural que um nome estrangeiro seja aportuguesado, às vezes pelopróprio dono. No nosso caso, enquanto isso não ocorreu definitivamente, duas geraçõesmais tarde - transformou-se em Betim - flutuou entre as diversas grafias citadas.(BRANDÃO, 1975, p. 767, grifo nosso)Com base nessa passagem, é possível constatar variações gráficas tanto no prenome – Geraldo,Gibaldo, Giraldo – quanto no sobrenome – Bettink, Betimk, Betting, Beting, Betim – em decorrência deum possível aportuguesamento. Por outro lado, tendo em vista a naturalidade holandesa de GeraldoBetting, o documento de 1970, encontrado no arquivo de Doesburg, elucida também as grafiasestrangeiras Gerhart e Gerrit. [p. 18 do pdf]

Exemplificamos a ocorrência dessas grafias citando passagens da pesquisa de Brandão (1975).Com o intuito de explicar os envolvidos no processo de transferência das propriedades de Geraldo,Brandão25 faz uma citação do referido documento e apresenta uma ocorrência da variante Gerrit:conforme a citação, a venda da herança se deu em 1611, “por Peter van Belheeim, em nome domencionado Gerrit Bettinck, por uma certa soma de moedas nas mãos de Art Baerken e Evert VanMiddachten”. Em outra passagem, Brandão26, ao justificar a escolha da variante Geraldo Betting em suapesquisa, comprova que a variante Gerhart também é possível de ser encontrada: “Parece-nos aindaperfeitamente razoável que o nome holandês Gerrit (ou Gerhart) fosse traduzido pelo próprio donopara Geraldo; e que o sobrenome Bettinck, se modificasse em Betting, Pelo (sic) que adotamos essagrafia no presente trabalho”.

Considerando as informações genealógicas, podemos concluir que Joseph Rodrigues Betim eraneto de Geraldo Betting e, portanto, descendente de holandeses. O sobrenome que indica o nomedessa família sofreu variações gráficas, decorrentes, principalmente, de um possível aportuguesamento,até chegar à sua forma atual.

Considerações finais

Este trabalho se soma aos inúmeros trabalhos já realizados que permitem atestar o método depesquisa da motivação e significação toponímica baseado na análise de informações históricas. Comoexemplificado pela Carta de Sesmaria (1711), o nome do atual município de Betim está relacionado aosobrenome daquele que poderia ser considerado seu primeiro fundador, o bandeirante JosephRodrigues Betim.O trabalho de Brandão (1975) visa a comprovar a nacionalidade de Geraldo Betting e comprova,também, a relação de parentesco entre este e o bandeirante. Baseando nesse mesmo autor, assumimosque o nome Betim é de origem neerlandesa (ou holandesa) e seu étimo estaria ligado ao supostosobrenome do pai de Geraldo, Thoenis (ou Thonis) Bettinck.As denominações oficiais anteriores do atual município encontram motivação no nome peloqual a capela da cidade se tornou conhecida e preservam também, em suas estruturas, o sobrenome dobandeirante, excetuando-se a que foi decretada em 1923. Esse fato abre hipóteses para investigar se onome do bandeirante não teria, ao longo da história, caído no esquecimento da coletividade,emergindo daí com mais força a imagem da capela. Além disso, estudos futuros poderiam investigar se não houve uma imposição do topônimo atual por meio do decreto de 1938, assinado peloGovernador Valadare. [p. 19, 20 do pdf] • 1° fonte: 01/01/2015
Imaginária Retabular Colonial em São Paulo. Estudos Iconográficos (2015) Maria José Spiteri Tavolaro Passos





29/05/1584 - Falecimento de Thoenis (ou Thonis) Bettinck, em Doesburg

01/06/1602 - D. Francisco voltou ao reino com dois mineiros espanhóis e um nativo, testemunhas do muito que fizera em São Paulo*

01/10/1611 - Inventário que, em outubro do ano de 1611, foi vendido por Peter van Belheeim, em nome do mencionado Gerrit Bettinck, por uma certa soma de moedas entregues nas mãos de Art Baerken e Evert van Middachten; depois de ter sido lida em voz alta a procuração mencionada como feita nesta secção, deram os procuradores acima mencionados toda herança paterna e materna de Gerrit Bettinck, acima mencionado, em favor de Johan van Ackeren, Udo Avincx, Frerick Besselinck e Hermen Bettinck e seus herdeiros, com a palavra, mão e pena, como acontece num tribunal*

14/12/1614 - Perante os vereadores Johan Stendering Henrice e Adriaen Buickenvoert comparaceram os excelentíssimos senhores Johan Stendering Lamberss, Johan Dunsberch e Wolter Schaep, como procuradores de Gerhart Bettinck, vivo nas Índias Ocidentais, perto de São Vicente, numa pequena cidade chamada São Paulo, em conseqüência de uma procuração de São Paulo, escrita em português, datada de 29/12/1613


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