| b) A primeira Igreja Matriz (1661-1667)
Cem anos durou a primeira igreja de Sorocaba, começada cerca de 1661 pelos moradores chefiados pelos filhos, genros e parentes de Balthazar Fernandes. Estes fizeram as duas igrejas: a de Nossa Senhora da Ponte, que ficou pertencendo a São Bento em 21 de abril de 1660, e a matriz para a qual se mudou a mesma Senhora, e que, em 1667, segundo o documento da Câmara, de que tiramos estes informes, estava pronta, pelo menos coberta.
A paróquia só foi provida, efetivamente, em 1679, data onde principiam os livros de batizados e casamentos. Em 1747, o vigário encomendado Pedro Domingos Pais, distinto sorocabano, resumiu para o Exmo. e Revdmo. Sr. Dom Bernardo Nogueira, 1° Bispo de São Paulo, o estado da igreja e paróquia:
"A igreja matriz desta freguesia é da invocação de Nossa Senhora da Ponte, tem dois altares laterais e a capela-mór na qual se acha colocada a imagem de Nossa Senhora da Ponte em um nicho; nos colaterais se acha da parte do Evangelho colocada a imagem de Nossa Senhora do Rosário, e da parte da Epístola está colocada a imagem de São Miguel, cujos altares estão encostados ao frontispício do arco da capela-mór da banda de fora; tema capela-mór retábulo de talha dourada, com seu camarim e tribuna também dourada, e onde se expõe nas festas o S. S. Sacramento; tem sacrário também dourado e a capela-mór é forrada pelo teto somente. A igreja é feita de taipa de pilão sem naves, cujo corpo não está forrado nem estradado e somente ladrilhado de tijolos. Os altares colaterais tem seus retábulos pequenos, com seus nichos dourados. Tem sacristia por detrás da capela-mór, assoalhada por cima. A igreja tem uma lâmpada de latão grande e bem feita, na qual sempre se conserva lume, porque se conserva todo o ano o Santíssimo Sacramento. Tem três sinos, um de seis arrobas, outro de três e outro de arroba e meia pouco mais ou menos... Tem pia batismal de pedra..." [Página 142]
Os povoadores, estes, dividiram-se: a maior parte deve ter voltado para São Paulo; poucos se deixaram ficar junto ao engenho de ferro, nas Furnas, e outros se aglomeraram no Itapebuçú (pedra chata grande), que se corrompeu em Itavovú, arraial, ainda hoje existente à beira do Sorocaba.
b) Itavovú
Um dos dois povoados, o de Ipanema e o de Itavovú, ou então ambos, se chamaram São Filipe. Sempre lemos nos historiadores, aliás sem documento escrito, mas baseado na tradição, que o Itavovú atual é o São Filipe, fundado de 1600 a 1611. A conclusão muito simples é que o próprio governador mudou o local de sua gente e o chamou de São Filipe em honra do seu real senhor. Esta mudança, em vida do nosso fundador, ou mesmo depois, só tem uma explicação: ele ou os seus companheiros, ou todos eles, desistiram de uma riqueza imediata das minas, para cuidarem da agricultura, porquanto é impossível, ainda hoje, morar no Itavovú e ir a pé trabalhar no Ipanema, mais de uma légua. E, todavia, não será mais razoável pensar que a mudança foi, depois de 1611, sponte sua dos povoadores? Quanto ao nome, poderiam levá-lo consigo, pois nada impede que na 2a. viagem, entusiasmados com os favores de Felipe II, trouxessem a ideia de mudar o nome do povoado das Furnas. Nós, porém, para libertar-nos de tantas hipóteses, conservaremos uma, que é verdadeira em grande parte, chamando de Nossa Senhora do Monte Serrate à povoação logo extinta do Ipanema, e de São Filipe, à do Itavovú.
João de Laet esteve no Brasil em 1596, segundo Varnhagen, e certamente antes de 1625, quando imprimiu O Novo Mundo ou Descrição das Indias Ocidentais, do qual dois livros pertencem 2 coisas do Brasil, e, nestes, dois capítulos à capitania de São Vicente.
Diz ele que havia ferro e também ouro, em Biraçoiaba montanha onde "os portugueses construíram presentemente uma vila denominada São Felipe, mas que não tem muita importância", a sudoeste de São Paulo. A 30 léguas da capital e quase às margens do rio Tietê, põe o autor esta vila, e chama Nossa Senhora de Monte Serrate outras minas, a 12 léguas da capital! A cinco léguas, no caminho desta a Bessucaba, havia uma fazenda de açúcar e marmelos: com ambos se faziam marmeladas...
Em conclusão: no Ipanema ou no Itavovú existiu deveras a vila de São Filipe, e já havia estrada de Piratininga para Sorocaba. O resto é embrulho de leituras apressadas; o homem não chegou até aqui. [Página 136. Luiz Castanho de Ameida]
NOSSA SENHORA DA CONCEIÇKO, PADROEIRA -DE BANrnIRANTES
Braz Esteves Leme é um patriarca em Sorocaba, tal como João Ramalho em São Paulo, ou mesmo o primeiro Braz Esteves Leme, que se não casou, mas de quem foi ele um dos catorze filhos ilegítimos havidos com mulheres indígenas. São também catorze dos filhos que lhe deram as pobres carijós de sua casa e seis os que houve em legítimo matrimonio com dona Antonia Das.
Chamá-lo-emos Braiz Teves, como aparece no documentode 21 de abril de 1660, onde Baltasar Fernandes faz a doação,aos beneditinos da Parnaiba, da igreja de Nossa´ Senhora daPonte de Sorocaba e de um patrimonio cujas terras se limitavamcom "o campo onde está Braz Teves". E´, pois, um dos primeiros povoadores de Sorocaba, já então sogro de Pascoal Moreira Cabral, o 1.O, e avô do pequeno Pascoal Moreira, o 2.O fundador de Cuiabá.Grande escravagista conjecturamos que foiO sitio Braz Teves, pelo número de filhos naturais e no SarapuT por ter sido em carijós a sua fortuna, que emparte permitiu afazendar-se o primeiro Pascoale, acaso, começar suas correrias o 2.O. Confirmamos a nossa opinião com encontrar o nome dele nas listas de brindeirantes quefizeram a caça aos indios do sul e do Guairá, e publicados pelohistoriador das Bandeiras, dr. Afonso d´E. Taunay.Os escravos, primeiro capturados numa longa . . . e os seus região que se estendia de Itanhaem aos Patas,carijós tomaram, em São Paulo, o nome da tribuprincipal : carijós, e conservaram esse apelidoaté à extinção da escravidão vermelha por Pombal, inclusive nosarquivos paroquiais, posto que, ao depois, pertencessem a outras tribus e raças, até.Escrevendo, em 1747, no Livro do Tombo, o vigario deSorocaba, Padre Pedro Domingues Pais, por informações dosantigos, diz que Braz Teves "era homem rico do gentio da terra, que era o cabedal daquelle tempo", e tinha a sede da sua fazenda a 7 leguas "desta villa", junto ao rio Sorocaba e próxima´a barra do ribeirão Sarapuí. [p. 172] |