Representação a Estácio de Sá (Atas da Câmara de São Paulo (1914-I: 42)
12 de maio de 1564, terça-feira Atualizado em 26/06/2025 07:19:22
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Aos doze dias do mes de Maio da era de mill e qui-nhentos e secenta e quatro anos, nesta Vila de São Paulo, nas pouzadas de Antonio de Maris, juiz hordinario, forão juntos hos hofisiais da Quamara, a saber, Diogo Vaz Risquado e Lopo Dias *, vereadores, e Balltezar Rodrigues, precurador do conselho, e ho dito juiz; e, sendo juntos, hacordarão todos juntamente de fazerem hum requeri-mento, ho seginte.*Lopo Dias. Para vereador tinha sido eleito, este ano de 1564, João Ramalho. Mas, passando "de setenta anos", e vivendo entre os contrários da Paraíba, escusou-se ; em seu lugar ficou a servir Lopo Dias (Actas 1 34-35). Lopo Dias, português, ainda vivia em 1609 (Moura> Os Povoadores 60).Eu João Fernandes que ho escrivi. Ho requerimento, que nós os oíisiais da Quamara e 10 povo desta Vila de São Paulo de Piratinim fazemos ha vós Senhor Estasio de Sá, Quapitão-mor da armada d‘Ell-Rei noso Senhor : /
2. Primeiramente lembramos a Vossa Mersê em como esta Vila de São Paulo, sendo á tantos anos edifiquada doze léguas pela tera dentro, e se fazer com muito traba- 15 lho longe do mar e das Vilas de Santos e São Visente, por-quanto se não podião sostentar asim ao prezente como pelo tempo hadiante, porquanto ao longo do mar se não podião dar hos mãotimentos para sostentamento das ditas Vilas e Engenhos, nem haverem pastos em que podesem paser ho 20 muito gado vacum que há na dita Vila e Quapitania, pela quall rezão, e, com proveito ao serviso de Deos e Ell-Rei noso Senhor, esta Vila se sostentar e defender, asim pelas rezõis asima ditas e por as rendas que os ofisiais da dita Vila resebem. 25
3. Pois que agora fez quatro anos, que a esta Quapita-nia veo ho Governador Mem de Sá, por lhe ser requirido por o povo de São Visente, Sãotos e Padres da Companhia, de que as provese, e fortalezase esta Vila, pelas rezões asima ditas, has quais vistas por ele o fez com despovoa- 3° mento da Vila de Sãoto André, e hos moradores dela reco-lher e fazer viver nesta dita Vila 2. / 4. E esta Quapitania de São Visente está entre duas gerações de gente de varias quolidade[s] e forsas, que há em toda ha costa do Brasill como são os Tamoios e Topi- 35 naquis.
5. Hos 3 Topinaquis 4, há quinze anos a esta parte que sempre matâo no sertão omens brâoquos, como matarão a Geraldo e a Francisco de Serzedo e a João Fernandes 5 e a outros muitos, e não satisfeitos com isto, não lhes fazendo 4° a gente desta Quapitania mall nenhum, quebrarão as pazes que conosquo tinhâo e se ergerâo e vierão sobre esta Vila e a tiverão em serquo sertos dias 6, e assim de então até agora, haverá dous anos, com saltos por muitas vezes, destroindo hos mãotimentos e matãodo e levãodo allguns homes, brãoquos e escravos, e asim muito do guado vaqum, no que em tudo temos resebido muitas perdas e resebido quada dia, sem haver sostento nem acharem rezes que se reparta[m] para lhe poderem registir; ho que até agora sos-5o tentarão com esperarem por esta armada d‘Ell-Rei noso Senhor, da quall tinham novas que havia de vir, e com ela ameasavão o dito gentio contendo digo contrairo ; e eles reseozos da vinda dela não fizerão tãoto dano quanto dan-tes custumavão e podião fazer; e despois dela estar surta 55 no porto desta Quapitania tiverão por novas que pedindo-lhe socoro e ajuda para nos defendermos, do que muito bem ser[á] Vossa Mercê sabedor. Do quall habalo e detrimina-são ho dito gentio desistio, o que parese foi por saberem da vinda da dita armada./
6. O houtro genoro de gentio Tamoio 7 que posue a banda do Rio de Janeiro, tem dado muita hapresão às Vilas de São Visente e Sâotos com virem muitas vezes por mar em grandes armadas de quanoas e nas quanoas vêm fran-sezes, e fazião grãodes susesos de gente branqua e escra-65 vos, ho que V. Mercê bem sabe, hasim por ho que vio e soube no Rio de Janeiro como pelas mais enformasões que nesta Quapitania lhe derão. Pelo que tâobem soube [que] nelas sempre há 8 tanta vigia e trabalho, que muitas vezes lhes não podem já hacodir quando de socoro tem nesesi-70 dade. E o dito gentio Tamoio é tão contino em vir às ditas vilas e fazer os ditos salltos que não tem medo nem hare-seo nenhum a o virem fazer; e não tão somente ho fazem por mar mas tãobem por tera em as fazendas e rosas dos ditos moradores, e lhe levão toda a escravaria que nas ditas 75 fazendas trazem e lhe fazem seus mãotimentos e canaveais, ho que tudo isto é mui notório e ã 9 nisto que quãodo dela vem hos10 tais Tamoios não se vem com fun- damento dos escravos que podem levar mas a busquar molheres brãoquas11, como elle tem allgumas que tomarão, do que tudo, e no Rio de Janeiro, já será sabedor. 80 7. Pelas quais rezões, hasima decraradas, esta dita Vila não pode fiquar da maneira em que hora está, e asim por eles não serem posãotes a se1‘ poderem defender como tãobem por hos do mar lhe não poderem socorer, como até agora sostentarão e defenderão sempre, com a fama e vinda desta 85 armada. 8. Se V. Mersê desta terra se for sem a deixar em paz hou ho gentio conquistado por gera para que, com medo e com ho quastigo que lhe pode dar, fique com menos forsa para poderem cometer a dita Vila e Capitania como custu- 9° mão; e tãobem por termos por esperiensia do dito gentio vir milhor e mais sedo à paz e de milhor vontade à paz por meio de gera que por houtro meio que se aja com ele: 9. Pelo que pedimos e requeremos ha V. Mercê da parte de Deos e d‘Ell-Rei noso Senhor, vistas as quozas e nese- 95 sidades em que estamos e a perda que se pode recear asim da despovoasão da dita vila, como pelo Mosteiro de São Paulo dos Padres da Companhia de Jeshu, que nela está fazendo muito fruito às allmas com sua dotrina e con-vertendo muitos índios e fazendo-os cristãos como tem 100 feito, o que não poderá deixar de ser, se se V. Mercê for dela; e não vá sem nos deixar de maneira que posamos viver na tera. 10. E não no fazendo asim, protestamos por todas as perdas e danos que a esta vila vierem por rezâo do dito io5 Quapitão não fazer a dita gera, como lhe requeremos, e de lbe enquãopar esta dita vila e fazendas he nos irmos todos em sua companhia, quaminho das vilas do mar, e despo-voarmos esta vila e ele ser hobrigado a dar conta de tudo a Deos e a Ell-Rei noso Senhor, e de lhe ser tudo mui damento dos escravos que podem levar mas a busquar molheres brãoquas11, como elle tem allgumas que tomarão, do que tudo, e no Rio de Janeiro, já será sabedor. 80
7. Pelas quais rezões, hasima decraradas, esta dita Vila não pode fiquar da maneira em que hora está, e asim por eles não serem posãotes a se1‘ poderem defender como tãobem por hos do mar lhe não poderem socorer, como até agora sostentarão e defenderão sempre, com a fama e vinda desta 85 armada.
8. Se V. Mersê desta terra se for sem a deixar em paz hou ho gentio conquistado por gera para que, com medo e com ho quastigo que lhe pode dar, fique com menos forsa para poderem cometer a dita Vila e Capitania como custu- 9° mão; e tãobem por termos por esperiensia do dito gentio vir milhor e mais sedo à paz e de milhor vontade à paz por meio de gera que por houtro meio que se aja com ele:
9. Pelo que pedimos e requeremos ha V. Mercê da parte de Deos e d‘Ell-Rei noso Senhor, vistas as quozas e nese- 95 sidades em que estamos e a perda que se pode recear asim da despovoasão da dita vila, como pelo Mosteiro de São Paulo dos Padres da Companhia de Jeshu, que nela está fazendo muito fruito às allmas com sua dotrina e con-vertendo muitos índios e fazendo-os cristãos como tem 100 feito, o que não poderá deixar de ser, se se V. Mercê for dela; e não vá sem nos deixar de maneira que posamos viver na tera.
10. E não no fazendo asim, protestamos por todas as perdas e danos que a esta vila vierem por rezâo do dito io5 Quapitão não fazer a dita gera, como lhe requeremos, e de lbe enquãopar esta dita vila e fazendas he nos irmos todos em sua companhia, quaminho das vilas do mar, e despo-voarmos esta vila e ele ser hobrigado a dar conta de tudo a Deos e a Ell-Rei noso Senhor, e de lhe ser tudo mui "°[Monumenta Brasiliae]
Quanto aos Tupiniquim, os identifica com os Tupinaquim, sem qualquer ressalva. As Atas da Câmara de São Paulo (1914-I: 42), como se vê do assento do dia 12 de maio de 1564, se referem apenas a tupinaquins, com grafia desnasalizada:
Esta Capitania de São Vicente está entre duas gerações de gente de várias qualidades e força que há em toda a costa do Brasil como são os Tamoios e os Tupinaquis. Dos Tupinaquis há quinze anos a esta parte que sempre matam nos sertões homens brancos como mataram a Geraldo e a Francisco de Serzedo e a João Fernandes e a outros muitos. E não satisfeitos com isto não lhes fazendo a gente desta capitania mal nenhum quebraram as pazes que conosco tinham e vieram sobre esta Vila e a tiveram em cerco certos dias e assim de então até agora haverá dois anos com saltos por muitas vezes destruindo os mantimentos e matando e levando alguns homens brancos e escravos...
Em 12 de maio de 1564 é, como vereador, um dos signatários da representação a Estácio de Sá, para que permanecesse em São Vicente com a sua esquadra para defesa da capitania sempre ameaçada, principalmente a vila de São Paulo, "situada entre gente de várias qualidades e forças, que há em toda a costa do Brasil, como são os tamoios e os tupiniquins, que quebrando as pazes feitas sempre matam no sertão muitos homens brancos, entre os quais Geraldo, Francisco de Sarzeda e João Fernandes".
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