Angústia do Visconde de Barbacena (ano não confirmado)
1673 Atualizado em 04/06/2025 01:55:18
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Certa vez, estando na Bahia, veio a cidade um morador do sertão, cujas experiencias e procedimentos poderam abonar as suas atestações. Informou ao governador ter descoberto grandiosas minas de prata em parte muito diversa.
Quem era esse morador do sertão que assim carreava notícia tão ridente? Um mensageiro de certo Antônio Lemos Conde. E quem era Antônio Lemos Conde? Era, "lá do sul", provedor-mor dos Reais Quintos de ouro.
Mensageiro, aparentemente pessoa qualificada e de alta responsabilidade. E a notícia, por isso mesmo, merecedora do mais alto crédito. Mas onde? Logo Barbacena perguntou "onde ficavam as tais minas?"
Numa região inteiramente inesperada: em Paranaguá. Sim, em Paranaguá, no atual Estado do Paraná É que está a Sabarabuçu! A Serra das Esmeraldas!"
Que angústia a de Afonso Furtado! As suas cartas, que jà eram tãoinsistentes, tornaram-se agora realmente desesperadas, verdadeiros làtegos,atiçando sem tréguas, de mil modos, todos os que podiam contribuir para o cabalaprofundamento e desvendamento das betas. A frei Granica, que jà là estava nasminas, partiu imediatamente uma carta açodada. "... recommendo-lhe, muyapertadamente, o desempenho deste negocio em que vae tão interessada a suareputação". E nem só a reputação do frade: ia interessada nele a reputação detodos! Por isso — "jà agora o que importa é que Vossa Paternidade desminta, comas infalibilidades dessa prata, os escrupulos de todos os que duvidam havel-a..." "...e que mande eu taes evidencias à Sua Alteza que se desenganem os ministros e seconfundam os emulos de Vossa paternidade". Com o mesmo afã, pela mesma nau,outra e longa carta a Correia Pinto para que deslindasse a todo o custo "este tãonotavel, como mal crido negocio". Que Correia Pinto "assistisse aos exames quemandei fazer das betas que se haviam de penetrar até os sete estados, pois asdesconfianças que a grandeza desta felicidade tem occasionado, ou nos animos, ounos conceitos da corte, são de qualidade que me fazem o maior cuidado". Nemsequer, na sua descompassada excitação, esperava que aportasse nova nau paramandar novas ordens ao engenheiro. "... me pareceu despachar logo este correiopor terra, e encarregar de novo a Vossa Mercê, assim como a Agostinho Figueiredo,que, sem se perder um ponto, se me enviem as amostras, e informações e tudo..." Ecomo se não bastasse isso tudo, là ia ainda, despachado às pressas, outro eansiadissimo correio a Agostinho de Figueiredo: "... encarrego a Vossa Mercê, e issocom todo o aperto que posso, huma e muytas vezes, que logo e logo me remetta,como acima digo, as amostras das pedras e da prata que tiver resultado dobeneficio..." Para tal, se fosse preciso fretar um navio — fretasse! Fretasse, masmandasse logo, logo! "Vossa Mercê, sem dilatar um ponto, embarque as amostrasna embarcação que tiver prompta; e em falta della, a frete"; "... pois, sendo tãoconsideravel a importancia de se mandar a Sua Alteza o ultimo engano dainfallibilidade da prata, e da conta que nella pode ter a Fazenda Real, que se nãodeve reparar na despeza de fretamento, quando seja necessario fazer-se".Despesa? Mas que se não olhasse para despesa! "... porque (dizia, justificando-se)sê as minas de Paranaguà e as da serra de Sabarabussú, de que por instantesestou esperando os avisos, tem o rendimento que se entende, todo o cabedal queSua Alteza tem posto no Brasil, hão de achar os Ministros por utilissimamentedispendido em conseguir o mais consideravel serviço que se possa fazer à suacorôa".Cartas e correios partiam assim todos os dias. Partiam sem cessar. E todagente, açulada por tão frenéticas missivas, se aprestou para atacar com ânimoaquela empreitada. Mas à obra!Neste em meio chegou de Portugal, inesperadamente, ainda nova ordem.Os ministros, ao que parece, não se fiavam muito em Lemos Conde, nem em FreiGranica, nem em Correia Pinto, nem em Agostinho Figueiredo. E pensaram, paradeslindar aquela meada, em D. Rodrigo de Castel Blanco. D. Rodrigo, malexaminara os cerros de Itabaiana, foi logo dizendo que por ali não havia mina —"apenas uns criadeiros que indicavam prata, mas de pouca consideração e semnenhuma esperança de romper mina". E assim dizia, clamavam acrimoniosamenteos fanàticos de Melchior Dias, porque o castelhano andava "ambissiozo das noticiasque antão corriam da prata da Sabarabussú". Mas se havia prata em Sabarabuçu,como pensava D. Rodrigo, e, ao mesmo tempo, se a havia em Paranaguà, comoafirmava o governador, el-Rei, por carta, mandou "... ordens ao administrador D.Rodrigo de Castel Blanco para passar à Repartição do Sul e fazer as deligencias dasminas de Parnaguà, e, depois dellas, as da serra do Sabarabussú".Là veio D. Rodrigo.Mas Paranaguà, apesar de tão risonhos boatos, estava para o espanhol emsegundo plano. A idéia que o aguilhoava, que o tentava, como ainda aguilhoava etentava a toda gente, era a Sabarabuçu. Aquela Sabarabuçu tão sonhada, tãosedutora, empós à qual là estava, hà anos, dentro dos Cataguazes desérticos,miseràvel e quebrantado, o velho Fernão Dias Paes Leme. Eis porque, ao passarpor S. Paulo, rumo a Paranaguà, mas tendo o pensamento pôsto na montanhagrande-que-resplende, D. Rodrigo ordenou que os sertanistas piratininganos lhefossem, de antemão, plantando roças ao longo do caminho que conduzia ao sertãoda serra mirífica: ele trazia bem assente a deliberação de ir em breve, por essecaminho, no rastro de Fernão Dias Paes Leme, em busca da misteriosa Sabarabuçu!".... mandou fazer plantas de milho e feijão no certam da Sabarabussú para passar aelle no tempo da colheita".Feito isso abalou. E là està ele agora em Paranaguà.
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