Carta de Manoel da Nóbrega á Luís Gonçalves da Câmara: “Vou em frente procurar alguns escolhidos que Nosso Senhor terá entre esses gentios” - 31/08/1553
Carta de Manoel da Nóbrega á Luís Gonçalves da Câmara: “Vou em frente procurar alguns escolhidos que Nosso Senhor terá entre esses gentios”
31 de agosto de 1553, segunda-feira Atualizado em 25/02/2025 04:38:53
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O rio terá sido, no entender de pesquisadores, a justificativa para a fundação do colégio jesuíta embrião da cidade anchietana. Ou seja, o começo docomeço do desbravamento. Está lá, na carta dirigida por Nóbrega ao Provincial da Ordem, o conselho para que insista junto a Martim Afonso quantoa transferência dos colonos deperecendo na Borda do Campo "aonde não havia peixe nem farinha" para que "se achegassem ao rio, (onde) teriam tudoe sossegariam". Julgam alguns que tal rio fosse o Anhangabaú mas como pensar que um riacho na verdade fornecesse alimento para toda a população aser transferida e mais a já existente? Antes de existir a vila paulistana, o Tietêlevava e trazia os devassadores do sertão. É de 1551 a carta do irmão PeroCorreia, descrevendo a viagem rio abaixo, com outros cinco irmãos a procura de um cristão asselvajado, indianizado.
E é de 31.08.1553 a carta de Nóbrega salientando a descida até Maniçoba, comboiado por um filho de João Ramalho. Abalou-se até para além de Araritaguaba. Depois dessas, sabemos da ida do padre Anchieta em 1568 em missão muito simpática. Foi levar, em mãos, como exigia o favorecido, o perdão da justiça ao régulo Domingos Luiz Grou que a vila de São Paulo desejava ter dentro de seus muros para ajudar na sua defesa. Somente voltaria se o padre Anchieta fosse buscá-lo. Como se vê, já naquele tempo, poderosos usufruindo de prestígio gozavam de fortes regalias! Mas impõe-se-nos uma pergunta: se Grou fora homiziar-se naquelas paragens o fizera porque já, por ali, se navegava e morava. Mas, viagem mesmo, fazendo do leito do rio uma estrada, a primeira parece ser [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII, 1992. Página 29]
Nóbrega, entretanto, com seu ideal catequético-cristão, apesar da rudeza de João Ramalho, via nele um meio de conversão dos gentios, para o que deve ter pesado a relação de parentesco existente entre o chefe tribal e o Padre Manuel de Paiva, informa Serafim Leite (2004-I: 93), e como deixa entrever o próprio Nóbrega em carta escrita do sertão de São Vicente, em 31 de agosto de 1553 (2000:183-4):
Neste campo está um João Ramalho, o mais antigo homem que está nesta terra. Tem muitos filhos e mui aparentados em todo este sertão. E o mais velho deles levo agora comigo ao sertão por mais autorizar nosso ministério. Porque é muito conhecido e venerado entre os gentios e tem filhas casadas com os principais homens desta Capitania e todos estes filhos e filhas são de uma índia, filha de um dos principais desta terra. De maneira que, nele e nela em seus filhos, esperamos ter grande meio para a conversão destes gentios. (....) Este homem, para mais ajuda, é parente do Pe. Paiva e cá se conheceram.
Foi para lá que Nóbrega se dirigiu (Maniçoba), ao passar por Piratininga, em agosto de 1553, quando deixou as bases para a fundação da Casa de São Paulo:
“Yo voi me adelante a buscar algunos escogidos que N. Señor tendrá entre estos gentiles” (Carta ao Pe. Luís Gonçalves da Câmara, 31.08.1553, CPJ, v. 1, p. 523).["A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos" 2005]
João Ramalho não deu informações precisas sobre a terra de seu berço. Dela veio estando casado com mulher, que lá deixou e da qual nunca mais teve notícia, supondo-a morta, quarenta anos depois.
O Padre Manuel da Nóbrega, na carta de 31 de agosto de 1553 ao Padre Luís Gonçalves da Câmara, diz que João Ramalho era parente do Padre Manuel de Paiva, o celebrante da missa no planalto, a 25 de janeiro de 1554. (Páginas de História do Brasil, pelo Padre Serafim Leite, págs. 92 a94).
O rio terá sido, no entender de pesquisadores, a justificativa para a fundação do colégio jesuíta embrião da cidade anchietana. Ou seja, o começo do desbravamento. Está lá, na carta dirigida por Nóbrega ao Provincial da Ordem, o conselho para que insista junto a Martim Afonso quanto a transferência dos colonos deperecendo na Borda do Campo "aonde não havia peixe nem farinha" para que "se achegassem ao rio, (onde) teriam tudo a sossegariam".
Julgam alguns que tal rio fosse o Anhangabaú mas como pensar que um riacho na verdade fornecesse alimento para toda a população a ser transferida e mais a já existente? Antes de existir a vila paulistana, o Tietê levava e trazia os devassadores do sertão. É de 1551 a carta do irmão Pero Correia, descrevendo a viagem rio abaixo, com outros cinco irmãos a procura de um cristão asselvajado, indianizado.
E é de 31 de agosto de 1553 a carta de Nóbrega salientando a descida até Maniçoba, comboiado por um filho de João Ramalho. Abalou-se até para além de Araritaguaba.
Depois dessas, sabemos da ida do padre Anchieta em 1568 em missão muito simpática. Foi levar, em mãos, como exigia o favorecido, o perdão da justiça ao régulo Domingos Luiz Grou que a vila de São Paulo desejava ter dentro de seus muros para ajudar na sua defesa. Somente voltaria se o padre Anchieta fosse buscá-lo. Como se vê, já naquele tempo, poderosos usufruindo de prestígio gozavam de fortes regalias! Mas impõe-se-nos uma pergunta: se Grou fora homiziar-se naquelas paragens o fizera porque já, por ali, se navegava e morava. Mas, viagem mesmo, fazendo do leito do rio uma estrada, a primeira parece ser. [Página 29]
Nóbrega, entretanto, com seu ideal catequético-cristão, apesar da rudeza de João Ramalho, via nele um meio de conversão dos gentios, para o que deve ter pesado a relação de parentesco existente entre o chefe tribal e o Padre Manuel de Paiva, informa Serafim Leite (2004-I: 93), e como deixa entrever o próprio Nóbrega em carta escrita do sertão de São Vicente, em 31 de agosto de 1553 (2000:183-4):
Neste campo está um João Ramalho, o mais antigo homem que está nesta terra. Tem muitos filhos e mui aparentados em todo este sertão. E o mais velho deles levo agora comigo ao sertão por mais autorizar nosso ministério. Porque é muito conhecido e venerado entre os gentios e tem filhas casadas com os principais homens desta Capitania e todos estes filhos e filhas são de uma índia, filha de um dos principais desta terra. De maneira que, nele e nela em seus filhos, esperamos ter grande meio para a conversão destes gentios. (....) Este homem, para mais ajuda, é parente do Pe. Paiva e cá se conheceram.
Foi para lá que Nóbrega se dirigiu (Maniçoba), ao passar por Piratininga, em agosto de 1553, quando deixou as bases para a fundação da Casa de São Paulo:
“Yo voi me adelante a buscar algunos escogidos que N. Señor tendrá entre estos gentiles” (Carta ao Pe. Luís Gonçalves da Câmara, 31.08.1553, CPJ, v. 1, p. 523).
[24528] “Na capitania de São Vicente”. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil 01/01/1957 [24465] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII 01/01/1992 [25003] “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística 01/01/2005
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
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Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
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Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!