Manoel da Nóbrega escreve de São Vicente: “Ainda que com tanta contradição dos brancos não se pode fazer nada mais que desacreditar cada vez o nosso ministério” - 10/03/1553
Manoel da Nóbrega escreve de São Vicente: “Ainda que com tanta contradição dos brancos não se pode fazer nada mais que desacreditar cada vez o nosso ministério”
10 de março de 1553, terça-feira Atualizado em 25/02/2025 04:38:55
Ainda em vida do P. Leonardo Nunes se avançou na direção do sul. Iniciou ele próprio viagens, indo recolher umas senhoras naufragadas no Rio dos Patos. Fora a pedido de Tomé de Sousa, estava para lá no dia 10 de março de 1553, e já tinha voltado a 15 de junho. Neste dia, escreve Nóbrega que estão todos de saúde, "salvo Leonardo Nunes, que veio muito doente do Rio dos Patos, aonde foi buscar umas senhoras Castelhanas, a pedido do Governador".
Romper uma longa herança atávica de simbologia mística era, por si, só um desafio inquietante que somente a extraordinária paciência dos primeiros missionários podia facear. A isso se somavam outros inimigos ideológicos. Um deles, lembra Boxer(1977:89), era “o mau exemplo dado por muitos dos moradores ou colonos”.
Estes, acrescenta ele, “tentaram, deliberadamente, muitas vezes, sabotar o trabalho que estava a ser feito pelos jesuítas entre os ameríndios, a quem viam, antes de mais nada, como força de trabalho explorável e a aproveitar”. Nóbrega (2000:158), a esse respeito, escreve de São Vicente, a 10 de março de 1553:
“Ainda que com tanta contradição dos brancos não se pode fazer nada mais que desacreditar cada vez o nosso ministério”.
Anchieta em carta escrita de Piratininga em 1554 também registra esse reiterado propósito por parte dos ramalhenses de Santo André da Borda do Campo. Em Informação do Brasil... (1988:342) igualmente assinala:...
A consequência dessa limitação lingüística é que os índios jamais conseguiram penetrar na intimidade dos mistérios docristianismo católico, como Encarnação, Ressurreição, Salvação etc, embora lhe fossem introduzidas tais noções através de elementoslexicais do português, mas a verdade é que nunca lhes apreenderam o sentido.Por outro lado, a ressignificação de suas próprias crenças era motivada pela perspectiva de uma nova crença mais vantajosapara um povo guerreiro e nômade. Por isso Nóbrega reconhece, em carta escrita de São Vicente a 10 de março de 1553, que os índios“crêem-nos como crêem aos seus feiticeiros”, apud Serafim Leite (1953b:22-3). Em vários trechos dos escritos de Anchieta se vê como oimediatismo das novas concepções religiosas era automaticamente transplantado para as adversidades da labuta cotidiana – o que, decerta forma, ainda é muito usual hoje em dia: tendo caído na simpatia de Pindobuçu, um dos principais dos Tamoio em Iperoig, Anchietadeparou com as manobras pérfidas de alguns desses índios do Rio de Janeiro tentando abortar o plano de pacificação conhecido comoArmistício de Iperoig. Estava na iminência de sofrer um ataque deles, mas – registra (1988:233) – surgiu Pindobuçu, que os advertiu edesafiou, tendo depois se voltado ao jesuíta dizendo: “Bem vês como sempre te defendo e falo por ti, por isso olhe Deus por mim e dê-melonga vida”.
[25850] Historia da Companhia de Jesus no Brasil. Serafim Soares Leite (1890-1969) 01/01/1938 [25003] “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística 01/01/2005
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Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!