Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX
De seu lado, a família dos
tupis, considerando-se a nação
privilegiada, disputava a todas as outras e hegemonia; e, pois, eil-a dividida em
tupi-nà-abá e em
tupi-nà-ki, procurando expansões, desde a foz do rio Xingú, no Amazonas, até a serra Ibiapaba, depois de terem atravessado os rios Araguaya e Tocantins, a serra dos Crixás e as chapadas das Mangabeiras. Da serra ibiapaba expulsaram os
taba-jaras; e, após anos, dai espalharam-se em tribos para a conquista da costa meridional, até Cananéa, fazendo estações mais ou menos demoradas em lugares abundantes de peixe e de caça.
Foi por isso, que no tempo da descoberta, impelidos para o sertão os
taba-jaras e os
teremembés, os
tupis foram encontrados senhores do litoral, desde Ibiapaba até a foz do rio de São Francisco; e, daí, os
tupi-nà-kì haviam continuado a migração até Cananéa. Os
carib-óca, seus inimigos, que bem os conheciam, nomeavam por
tupi-nà-kì também os
goiá-nà (*); sem embargo de alguns cronistas considerarem
tapuya os mesmos
goiá-nà, alegando para isso falsas razões tiradas da desinência comum á denominação de outras tribos da mesma nação. E
tupi-nà-kì foram os que receberam em 1500 o descobridor Pedro Alvares Cabral, segundo o afirma os cronistas em geral.
O padre Fernão Guerreiro, na sua obra supra-citada, correspondente aos anos de 1606 e 1607, edição de Lisboa - 1609, referindo-se a uma carta do padre missionário Jeronymo Rodrigues, menciona a denominação
tupinachins como dada pelos
carijós aos
goiá-nà. Essa denominação é a mesma
tupi-n-ikis, que, segundo alguns, significa
"tupi vizinho"; e em tal sentido teria sido empregada. Mas, não é aquele significado; sim, o de
"tupi parente ruim", porque
goiá-nà é produto cruzado com
tupi, assim como
tupi-nà-kì,
"espinho".
De fato,depois de chegarem ao Cabo-Frio, esses
tupis, acompanhando o litoral, são encontrados entre Itanhaen e Cananéa, e em Pirá-tininga, como escreveu frei Gaspar da Madre de Deus,
Memórias para a história da capitania de S. Vicenete, I, 136.
Alguns cronistas só iam confundir essas denominações e até as tribos indígenas, como vê-se na mesma obra de frei Gaspar da Madre de Deus, I, 137 e 138; mas, neste ponto, coincidem todas as narrações para afirmarem a existência de
tupis, no litoral, desde o rio
Iriri-piranga até a lagoa dos Patos. A
carta-memória de Diogo Garcia, 1527, referindo o encontro de um
Bachiller (bacharel) em um lugar aos 24 graus sul, acrescentava: ...
"y esta una gente ali con el Bachiller que comen carne umana y es mui buena gente, amigos mucho de los cristianos, que se llman Topies." E com referência aos
carib-óca, escreveu adiante:
"... un rio que se llama el rio de los Patos que está a 27 grados, que ay una buena generacion que hacen mui buena obra á los cristianos, e llamanse los Carrioces..." [Páginas 298 e 299]