incipiente chega a ultrapassar os métodos mais empíricos. Na Europa é principalmente entre alemães e, muito menos, entre italianos, que, devido a condições locais favoráveis, chegara a desenvolver-se de modo conside- rável a mineração de metais preciosos, se bem que a metalurgia propria- mente dita tenha alcançado apreciável grau de desenvolvimento em outras terras, inclusive nos Países Baixos espanhóis. As jazidas de Joachimsthal, na Boêmia, e as de Chemnitz, na Saxônia, chegaram a tamanha importân- cia e celebridade que o nome das primeiras serviria para a designação de espécies monetárias bem conhecidas - o thaler, por exemplo, ou dollar - e que a palavra “saxão” se transformara quase em sinônimo de mineiro. Essas regiões, devido às exigências de uma exploração contínua, tornaram-se, além disso, verdadeiras escolas de formação e aperfeiçoa- mento de mineradores, ensaiadores, engenheiros e metalurgistas de toda a Europa. São as técnicas desenvolvidas particularmente na Saxônia que vão disseminar-se no mundo inteiro, inclusive na Espanha e nas índias, depois de publicado o tratado De re metallica, de Georgius Agrícola (Georg Bauer) que, impresso primeiramente em 1556, se tornará mais ainda do que a obra anterior de Biringuccio, onde vêm descritos os méto- dos alemães e italianos de extração de metais, uma espécie de catecismo dos especialistas em mineração. Sabe-se que já em 1557 o próprio Filipe II encomendou um exemplar da obra de Agrícola e logo depois estabeleceu, para os mineiros da Espanha e das índias, dispositivos práticos acerca da extração de metais largamente calcados em técnicas empregadas na Saxônia. 7 Durante dois séculos e mais, foi nas lições de Agrícola que se inspiraram, diretamente ou através de adaptações e glosas, os mineiros da Nova Espanha, Nova Granada e Peru. E é mais do que provável que, imbuídos de tais lições, os especialistas trazidos ao Brasil, a partir de 1590 e 91, ajudaram a expandi-las, com o que abriram caminho para o melhor conhecimento e exploração de nossas riquezas.
