Também a geographia de Ptolomeu, obra impressa em 1508 em Roma, mas composta como é fácil prever, nos qua- tro annos que se seguiram á volta da viagem vespuciana de 1503, foi produzida com relação ao Novo Mundo, com as revelações do famoso cosmógrapho, tendo por base Cantino, Canerio e os manuscriptos do florentino, contendo um map- pa-mundi de João Ruysch o célebre geographo allemão, emque figuram todos os últimos descobrimentos portuguezes acabados de revelar por Vespucio. Aqui damos a répro- ducção da famosa carta do Brasil extrahida da Geographia de Ptolomeu. No fim da referida óbra, e em forma de appendice, ajuntou-lhe o autôr um opúsculo com o titulo NOVA ORBIS DESCRIPTIO AC NOVA OCEANI NAVIGATIO, QUE LIS- BONA AD INDICUM PERVENITUR PELAGUS. MARCO BENEVENTANO MONACHO CELESTINO AEDITA, des- cripção cujo mérito só pode pertencer origináriamente a Vespucio, como reconhecem os melhores autores antigos na parte que diz respeito á nossa costa, visto ter sido elle o único cosmógrapho que por aquella época viajára até alli e em toda a sua extensão. Observando a reproducção aqui feita da carta geogra- phica de João Ruysch, copiada da geographia de Ptolomeu, (e que não é a mais perfeita, visto que omitte algumas de- nominações já dadas á costa do Brasil) poderão os leitores notar, que dos 19 nomes na mesma contidos, doze ou treze têm fórma flagrantemente italiana, principalmente: Mon- te Pasquale — Rio de Fragrãza — Mos. S. Vincenti — R. de Foco Secho — e R. de S. Lúcia; dois têm nómes alatinados (convém lembrar que as memórias de Vespucio foram es- criptas por elle em latim) e as restantes cinco ou seis — sob forma possivelmente portugueza, como R. de Cananor — R. de S. Vicente — R. de S. Antonio — Baia de Reis — e Serra de S. Antonio, sem fallar em Is. de C. Verde, que não podiam deixar de ser escriplas sob a forma com que sempre constaram anteriormente dos globos ou mappas existentes. Não podemos todavia, deixar de extranhar a denomi- nação de CAPUT S. CRUCIS, dada ao Cabo de Santo Agos- tinho, quando Vespucio declara que foi este o nome que lhe déra e não aquelle.
Nós temos a pretensão que temos artistas, porque temos Portinari, porque temos Vila- Lobos, ou temos Beethoven. Então isso nos da aparência, o orgulho de que nós temos arte. Nós não temos arte porra nenhuma. Porque tanto Picasso quanto Beethoven pertencem a grupos muito pequenos. Bom, até que agora 1977) os instrumentos de massa estão permitindo que mais outras pessoas se comuniquem com isso. Mas é tudo um código complicado para que um popular chegue a entender isso. Na maior parte das vezes não chega. Ninguém chega a entender.
Data: 01/11/1977 Fonte: José Viana de Oliveira Paula entrevista Darcy Ribeiro (1922-1997)*
