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Afonso d´Escragnolle Taunay: o “Na Era das Bandeiras”
      Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  
  
  


Cremos que de 1610 ou 1611 date o primeiro embate bellico entre paulistas e jesuítas hespanhóes. E deste anno o primeiro documento relativo a este assumpto, publicado pela grande autoridade de Pablo Pastells. Uma real cédula de Philippe III, datada de Madrid, de 25 de Fevereiro de 1614 e dirigida ao governador do Rio da Prata, assim se exprime:

"Ho sido informado que los pueblos de Guairá, y Villarrica dei spiritu santo á mas de cuatro anos estan sin sacerdote que administre los sacramentos y dotrine los naturales y los vecinos de ellos hacen muchos agravios y, maios tratamientos a los indios y que los dichos pueblos sirven de entrada a los portuguezes dei Brasil para el Peru y que assi mismo los portuguezes de las minas de San Pablo salen de su jurisdiccion y entran en esas províncias de onde sacan muchos indios de los pueblos y nuevas reducciones donde se estan doctrinando y los llevan a Io lavor de sus minas, en las quales mueren muchos y de temor los demas que quedan se huyen ia los montes y dexan de benir a convertir-se a nuestra santa feé". Assim tornava-se necessário quanto antes tomar severas medidas repressivas. [p. 90, 91]

Além dos rios citados, vira ainda don Luiz até ao Avanhadava as barras dos afluentes do Tietê á esquerda o Pirary ou rio dos peixes, Ubaeyry ou "rio capaz de alojamento", Camasibeca ("rio de las camasibas de quew hazen frechas"), e do Ycarepepi ("pestana de lagarto"). Á direita anotara um segundo Jacarehy e uma "Rivera grande" anônima. Perto da confluência do Sarapoy avistara uma fazenda de gente de São Paulo, subindo canoas por estes afluente que provavelmente é o Sorocaba. [Página 114]

Queremos crêr que o seu Sarapoy seja muito provavelmente o nosso Sorocaba, pelo fato de lembrar que por ele se navegava e ter este como afluente superior o atual Sarapuhy. O Capivary, provavelmente, é o mesmo assim chamado hoje. [Página 119]

O grande esclarecimento que ela nos traz é que a navegação do Sorocaba, do Tietê e do Paraná era coisa corrente em princípios do século XVIII. Dai a facilidade em admitir-se a possibilidade das primeiros expedições paulistas, exploradores do território mato-grossense, de que nos falam os velhos cronistas. [Página 120]

Mas para compreender totalmente a instauração do mito do bandeirante como herói paulista é preciso voltar a um intelectual da primeira metade do século 20: o historiador, biógrafo, romancista, tradutor e professor Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958).

"A construção desse imaginário histórico teve nele o seu principal formulador e divulgador, em várias obras históricas e no Museu Paulista [o Museu do Ipiranga]", ressalta Martinez.

"Taunay escreveu muito para jornais e depois refundia os textos em livros sem citar nenhuma fonte de documentação e das publicações anteriores", contextualiza o historiador. "Mas esse mito foi sendo construído ao longo de décadas e as caracterizações sofrem variações de autor para autor."

Entre 1924 e 1950, Taunay publicou "História Geral das Bandeiras Paulistas", obra em 11 tomos. Como diretor do Museu do Ipiranga — cargo ocupado de 1917 e 1953 —, o historiador também contribuiu para a consolidação desse imaginário. "Ele encomendou toda a representação iconográfica e a estatutária do bandeirismo que decora os salões do museu", diz Martinez.

"O ano chave aqui foi 1922, nos preparativos para as comemorações do centenário da Independência do Brasil." Taunay trabalhou, segundo o historiador, para "enaltecer o papel dos paulistas na conquista territorial do interior do continente".

Camargo vê Taunay como o primeiro a "tratar o bandeirante como herói".

"É preciso lembrar que sua tarefa foi facilitada pelo acesso que ele teve aos documentos do Arquivo Histórico Municipal. Autor positivista, que somente dá crédito a partir de provas documentais, ele teve nesses documentos a prova necessária para suas análises", afirma.

A própria imagem do bandeirante, com suas características físicas e vestuário, acabou sendo criada nesse momento.

"Não existem retratos de bandeirantes realizados no momento em que esses homens viveram. Por isso, nada sabemos sobre suas fisionomias e pouco sobre como andavam vestidos pelos sertões", pontua o historiador Marins.

Como exemplo, ele cita o retrato de Domingos Jorge Velho (1641-1705), obra executada em 1903 por Benedito Calixto (1853-1927). "Foi a primeira representação visual de um bandeirante a entrar na coleção do Museu Paulista. Nessa tela, já aparecem muitas das características que acabaram por se tornar uma convenção de como representá-los: traços europeus e pele branca, chapéus de aba larga, botas de cano alto, bacamarte e a pose altiva inspirada diretamente nos retratos de reis, a partir do modelo de Hyacinthe Rigaud para o célebre retrato de Luís 14, hoje no Louvre", contextualiza ele.

Segundo o historiador, as obras encomendadas por Taunay acabaram "reforçando as características visuais [dos bandeirantes] e trazendo outras, como o uso do gibão acolchoado em losangos, cobrindo o tronco"."Essas características iconográficas estabelecidas no Museu Paulista foram muito utilizadas em dois momentos chave da história paulista: a Revolução de 1932 e o Quarto Centenário de São Paulo", prossegue Marins. "Foi assim que apareceram em cartazes, cédulas, selos, porcelanas, anúncios comerciais, murais e em monumentos públicos, como o Monumento às Bandeiras, inaugurado em 1953, e no Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, inaugurado em 1955, ambos no Ibirapuera (principal parque da cidade de São Paulo)."Aos poucos, o paulista passa a se identificar — e a ser identificado — como bandeirante, como o sucessor do bandeirante.Em sua tese, a antropóloga Waldman se debruçou sobre a transformação da acepção da palavra. A resposta estava em jornais antigos. "Notei que na década de 1920 o termo paulista já era amplamente evocado como bandeirante nas mais diferentes colunas jornalísticas, seja em discussões sobre ´a moda bandeirante´, ´o esporte bandeirante´, ´a lavoura bandeirante´, ´a jurisprudência bandeirante´, ´o meio social bandeirante´, ´a terra bandeirante´, entre tantas outras referências que remetem a São Paulo de então e aos seus habitantes", escreve ela.

"Mas afinal, quem é esse personagem que se insere em frentes, espaços e ramos tão diversos? Desbravador do Brasil, assassino, herói, genocida e mártir?", afirma a antropóloga. "(Des)portador do sertão, caçador de índios, destruidor de quilombos e soldado pacificador do gentil inimigo? Ou capitão do mato, sertanista e pioneiro no garimpo do ouro e das pedras preciosas? Inimigo dos espanhóis e dos jesuítas, defensor dos interesses da Coroa portuguesa e ao mesmo tempo insubmisso vassalo do rei de Portugal? E ainda aristocrata, bruto, milionário, despojado e self-made man? Mameluco, português, indígena? Caipira, monçoneiro, tropeiro, cafeicultor? Quatrocentão, modernista, imigrante, migrante, negro e mulher paulista?"No artigo "Bandeirantismo e Identidade Nacional", publicado em Terra Brasilis, revista da Rede Brasileira de História da Geografia e de Geografia Histórica, a geógrafa Silvia Lopes Raimundo afirma que o "discurso regionalista, centrado na figura do bandeirante", se tornou ponte entre o local e o nacional em São Paulo."Na historiografia paulista produzida nesse período as ideias de conquista e civilização aparecem relacionadas com qualidades que as elites desejavam ver no Brasil da época, tais como progresso, modernidade, riqueza e integração territorial", escreve ela. "Nesse momento o estudo do movimento das bandeiras também foi utilizado para destacar a singularidade do habitante de São Paulo e seu papel na conquista e, posteriormente, na ocupação do território."Taunay não foi o único a definir o bandeirante. Outra obra de referência nesse quesito é "Vida e Morte do Bandeirante", publicada em 1929 pelo jurista e escritor José de Alcântara Machado de Oliveira (1875-1941). Outro autor que também contribui para esse imaginário foi o caricaturista, pintor, cronista, escritor e ilustrador Belmonte, como era conhecido Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896-1947) — é dele o livro "No Tempo dos Bandeirantes". "Suas representações dos bandeirantes serviram como inspiração para outros artistas também representarem essa figura do herói", comenta Camargo. "Acredito até que Júlio Guerra, autor do monumento ´Borba Gato´, se inspirou em Belmonte para fazer sua estátua.""A construção de uma mitologia implica na invenção de tradições, e a mitologia bandeirante foi utilizada neste sentido pelas elites paulistas; para enobrecer suas origens", escreve Souza.


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