Pombal, os Jesuítas e o Brasil, 1961. Inácio José Veríssimo
Mas apoiando tais intenções havia duas razoes ponderáveis. A primeira e que os Portugueses acreditavam, sincera-mente, durante o seculo 16, que a Linha de Tordesilhas deixava a leste todo o rio Parana ate a foz do Iguaçu; ou seja, que Assunção ficava nas vizinhanças da fronteira dos domínios Portugueses.
Tal convicção levou Tome de Sousa, em carta ao rei datada de 1 de junho de 1553, a dizer que a povoação que se chama "Assunção esta muito perto de São Vicente, não passando de cem léguas". E Tome de Sousa acrescenta: "parece-nos a todos que essa povoação esta na demarcação (nos domínios) de V. A." Para justificar a proximidade que ele assinala, informa ao rei que "os de São Vicente se comunicam muito com os castelhanos" como lhes chama Jaime Cortesão, que foram inúmeros e que partiam de São Vicente em meados do século 16 na direção de Guaíra à procura de escravos. Éste historiador, argumentando a favor da precedência dos portuguêses na região de Guaíra, alude ao Mapa Mundi de Bartolomeu Velho, datado de 1562, onde já aparece a citada região de Guaíra (35), o que faz supor, admite ainda Jaime Cortesão, haver o mesmo sido desenhado com informações colhidas entre a gente de São Vicente.
Lembremo-nos, de que os caminhos indígenas (o Piabiru ou dos Pinheiros) que saíam de S. Vicente, de Cananéia ou de Santa Catarina conduziam todos à região de Guaíra, e eram seguidos pelos bandeirantes (36).
Mas os portuguêses precederam cs espanhóis nas penetrações para o Paraguai (37) não só em terra como por água — pois a pilotagem no Prata “desde o comêço da colonização do Prata pelos espanhóis até aos meados do século XVII” era feita por portuguêses (38). [26236]
4ª fonte
Data: 1989
Referências e teorias sobre o nome Itapocu. Correio do Povo, de Jaraguá do Sul. José Alberto Barbosa
(..) contexto que se situa o mito da Ilha Brasil, estudado em suas distintas vertentes por Jaime Cortesão e por Sérgio Buarque de Holanda, e que faz parte relevante da geografia imaginária dos sertões. Para Jaime Cortesão, esse conceito, pelo qual o Brasil formaria uma ilha, separada da América Hispânica pelos rios da Prata e Amazonas, unidos por um grande lago, de onde ambos nasciam, seria uma “razão geográfica” de Estado, oposto ao Tratado de Tordesilhas, e que presidiria a formação territorial do Brasil.
Ainda para Cortesão, o mito da Ilha Brasil seria a tradução da “consciência perfeita da unidade geográfica, econômica e humana” que caracterizaria o Brasil. Segundo ele, é “na cartografia antiga que deparamos os melhores documentos sobre a evolução e a importância daquele mito na história do Brasil”.
Essa concepção de uma Ilha Brasil rodeada pelo oceano e por dois grandes rios, unidos por um lago, apareceu em cartas como a de Bartolomeu Velho, de 1561, na qual o rio da Prata e o rio Pará, provavelmente o Tocantins de hoje, “ligam-se pela Lagoa Eupana, ao sul da qual se vê o Mar Grande ou Paraguai, que identificamos com o pantanal dos Xarais”. Dessa mesma lagoa partia o rio de São Francisco, “o qual se reúne por um lago menor ao Parnaíba e mais abaixo ao Paraná, que por sua vez se reúne à Lagoa Eupana”. [29322]
6ª fonte
Data: 2017
A “Ilha Brasil” de Jaime Cortesão: ideias geográficas e expressão cartográfica de um conceito geopolítico. Francisco Roque de Oliveira
No artigo “A Ilha-Brasil dos vicentistas” – alusão ao momento, no século XVI, em que São Vicente polarizava a instalação da colónia portuguesa nas áreas meridionais do Brasil –, o leitor passará directamente das referências colhidas nos escritos de João Afonso “a uma Ilha Brasil” circum-navegável entre a foz do Amazonas e a boca do Prata para uma selecção de mapas que reproduzem a mesma ideia da ligação entre estes dois grandes rios sul-americanos articulada por um grande lago interior, cuja designação se modifica de mapa para mapa.
Nessa lista expurgada das centenas de cartas que copiariam este modelo cartográfico até meados do século XVII – mais precisamente, até à carta da América meridional de Nicolas Sanson d´Abbeville de 1650 – Cortesão inclui o mapa do Novo Mundo do grupo de quatro cartas que formam o planisfério de Bartolomeu Velho de 1561 (figura 2), a carta atlântica de Luís Teixeira de c. 1600 (figura 3), a carta da América do Sul de Lucas de Quirós de 1618, destacando, ainda assim, o primeiro destes três espécimes cartográficos:
"De todas as cartas a mais notável e extraordinária é o mapa de Bartolomeu Velho, de 1561, onde o Brasil aparece claramente delimitado como uma ilha enorme, subdividida em ilhas mais pequenas. O Prata e o Pará, este último assim nomeado e na posição aproximada do Tocantins, ligam-se e comunicam-se pela vastíssima lagoa Eupana, ao sul da qual se vê o “Mar grande ou Paraguaia”, que identificamos com os pantanais dos Xarais. Da mesma lagoa nasce o S. Francisco, o qual se reúne por um lado menor ao Parnaíba e mais abaixo ao Paraná, que, por sua vez, se reúne à lagoa Eupana, encerrando esta ligações em seu conjunto de cinco ilhas".Este mapa de Bartolomeu Velho servirá de mote para o artigo sobre as "Origens indígenas da Ilha-Brasil" da mesma séria dedicada às bandeiras paulistas, ou não fosse esse "o primeiro mapa onde a Ilha-Brasil, delineada como um todo orgânico e em oposição ou como complemento à divisória de Tordesilhas, aparece pela primeira vez". [29325]
7ª fonte
Data: 2024
Principais mapas do Brasil dos séculos 16 e 17. Revista Ciência e Cultura, revistacienciaecultura.org.br
O mapa mundi do cartógrafo português Bartolomeu Velho (1561) preparado a pedido de D. Sebastião, do Museu Naval de La Spezia na Ligúria (entre Gênova e Pisa); [4253]
Mapa de Bartolomeu Velho Data: 01/01/1561 01/01/1561
ID: 5686
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