31 de outubro de 2016, segunda-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Wasaburo Otake nem imaginava que se tornaria um carioca da gema quando foi designado intérprete de 8 oficiais da Marinha brasileira em visita ao Japão. Ele nem sequer falava nosso idioma – o inglês era a língua usada nas conversas com os militares. Mas o aristocrata japonês, então com 17 anos, ganhou a simpatia de Augusto Leopoldo, neto do imperador dom Pedro 2º, que o convidou a acompanhá-lo em sua viagem de volta para conhecer o Brasil. O navio nem deixou a Ásia e a aventura já começou a esquentar. No Ceilão (atual Sri Lanka), o príncipe teve de descer: era 1889, e a República, proclamada, obrigava a família real a se afastar das instituições brasileiras. Chegando ao Rio, Otake não tinha mais a proteção real. Precisou se virar. Aprendeu português, ingressou na Escola Naval e entrou para a história. É o primeiro japonês de que se tem registros concretos de ter morado no Brasil.O diploma de maquinista de Otake levou a assinatura do comandante do navio que o trouxe, o contra-almirante Custódio de Mello. E a vida do japonês carioca parecia caminhar para a tranqüilidade zen, não fosse o fato de Mello ser um dos líderes da Revolta da Armada contra o presidente da República, Floriano Peixoto. No meio da agitação política da Marinha contra o Exército, Otake se ofereceu para lutar com seus companheiros. Mas os colegas o desencorajaram, por ser estrangeiro. Desligou-se da Escola Naval e, logo, seu país o chamaria de volta para lutar na Guerra Sino-Japonesa. A distância, porém, não o deixou chegar a tempo.Assim que a legação (futura embaixada) brasileira foi inaugurada no Japão, Wasaburo tornou-se seu funcionário. Como dominava o português, ele ajudou na tradução da papelada dos imigrantes nipônicos que, em 1908, saíram no navio Kasato-Maru em direção ao Porto de Santos.Os trabalhos que o tornariam mais conhecido foram os primeiros dicionários português-japonês e japonês-português. Foram mais de 30 anos de pesquisa. Lançado em 1918, virou item obrigatório da mala dos que enfrentavam as lavouras de café – e hábitos alimentares esquisitos, como comer feijão salgado – do outro lado do mundo.Na início da década de 1930, o mundo já dava sinais de que um grande conflito armado estava por explodir. Os nacionalismos estavam exaltados às vésperas da 2ª Guerra. Getúlio Vargas demitiu todos os estrangeiros do governo em 1932. Quando a guerra finalmente eclodiu, Brasil e Japão cortaram relações – e Otake perdeu o contato com os amigos que havia feito por aqui. Ele morreu, no dia 23 de fevereiro de 1944, quando os dois países ainda se chamavam de inimigos.Grandes momentos
O amor de Wasaburo Otake pelo nosso país não foi abalado pela guerra. “Casualmente, no dia anterior à sua morte, jurou lealdade ao Brasil”, escreveu seu filho em uma edição do Dicionário Português-Japonês.
Wasaburo foi o primeiro japonês a viver no Brasil, mas há registro de outros que chegaram aqui antes dele, como 4 pescadores que naufragaram em Santa Catarina, em 1803.
Antes de seu dicionário, a única tradução do japonês para o português havia sido escrita por padres jesuítas por volta de 1600. Mas a obra se limitava a termos usados na pregação católica.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!