Não pretendemos justifidt-los,apenas constatamos um fato social. Ainda no século XIX aigreja e o convento do Carmo possuíam os seus escràvos, poisé de 1804 o registro de um requerimento, na Câmara, doprior do Convento de Nossa Senhora do Carmo, "senhor epossuidor de umas terras que ficam nos fundos do mesmo cbnveni:o, onde t~m as senzaias dos seus escravol. Davàmse bem a Câmara e os carmelitas, boas relações mantidasatravés do processo de empréstimos dos escravos para as obraspúblicas. Favores recíprocos, com certeza. Nada mais. Masa verdade é que quase à entrada do século XVIII ainda aOrdem do Carmo se mantinha numa situação folgada, emcujo convento e igreja viviam 14 religiosos e um leigo e onúmero de escravos elevava-se a 431211, com as fazendas deCapão Alto, Sorocamirim, Biacica, Caguaçu, e outras muitasextensões de terras por Santos, Moji das Cruzes e Itu
Essa parte inferior que era "coisa", porque escrava, ou que era tratada como bicho, como nós tratamos gente camponesa, a gente que está por baixo, a gente miserável, essa gente que estava por baixo, foi despossuída da capacidade de ver, de entender o mundo. Porque se criou uma cultura erudita dos sábios, e se passou a chamar cultura vulgar a cultura que há nessa massa de gente.
Data: 01/11/1977 Fonte: José Viana de Oliveira Paula entrevista Darcy Ribeiro (1922-1997)*